Capítulo 68 ; p.o.v Jão

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Pedro me abraça assim que abro a porta, é um abraço diferente, como se ele precisasse apenas ficar ali, em silêncio. Eu o abraço de volta com força, sentindo nossos corpos pesados um contra o outro, sinto um dos gatos se esfregar em nossas pernas, aposto que é Chicória, ela sempre foi apegada ao Pedro.


É Pedro quem me solta primeiro, seu olhar é vago.


— Eu preciso tomar um banho — ele diz um pouco sem jeito, quase como se não soubesse se deveria.


— Você sabe onde fica tudo aqui em casa — digo sorrindo de canto — vou guardar as coisas da cozinha e já subo para o quarto.


— Ok — ele responde sorrindo.


— Você jantou? Quer comer alguma coisa? — pergunto olhando nos olhos, procurando algo que ainda não sei o que é — pedi comida suficiente para nós dois.


— Obrigado João — ele responde respirando fundo — mas não estou com fome.


Assenti e dou um selinho nele, o vendo subir escada acima.


Depois de guardar as coisas, apago as luzes e subo. Pedro ainda está no chuveiro, eu fico alguns segundos o observando, ele sorri enquanto eu escovo os dentes. Arrumo a cama e os gatos se aninham pelo quarto, logo eles estarão na cama com a gente. Pedro sai do banho e sem dizer nada, deita com a cabeça em meu colo.


Ficamos assim por quase dez minutos em completo silêncio, é o máximo que consigo antes de falar algo.


— Pedro, você quer conversar? — pergunto enquanto faço carinho em seu cabelo, ele mantém os olhos no teto, é nítido que ele se esforça para não chorar, já que seus olhos brilham pelas lágrimas que insistem em se formar.


— Não, porque não quero ver ainda mais sua cara de decepção para mim — ele diz fechando os olhos com força e sinto meu coração doer.


— Não estou decepcionado — digo sincero, decepção não é exatamente o meu sentimento agora — estou frustrado, mas não acho que essa é a hora de falar disso.


— E você quer que eu fale o que exatamente?


— Você está sentindo muitas coisas, Pepê — digo respirando fundo — se eu estou, imagino você. E eu estou aqui por você, às vezes falar faz bem...


— Eu não queria ser Pai, João — ele diz mantendo os olhos fechados e a forma como ele diz é dolorida — óbvio que estou feliz, mas no momento não consigo apenas sentir felicidade, é estranho, é ruim. Me sinto uma péssima pessoa por não conseguir ficar genuinamente feliz.


— Se você não queria ser Pai, era só não ter esquecido a porra da camisinha — digo em um tom ameno, tentando não soar bravo ou acusatório, sei que esse não é o momento — Mas não acho que você seja uma pessoa ruim, você só está assustado.


— Eu achei que nós seriamos felizes juntos, João — ele diz enfim abrindo os olhos, às lágrimas escorrendo por sua bochecha — eu estava animado e feliz por fazer nós dois darmos certo. Mas parece que não é para ser...


— Pedro — chamo um pouco confuso — você pensa em voltar com a Laura por causa da gravidez?


— Não, é claro que não — ele diz rapidamente — cresci na casa da Lissa, sei o quanto pais que não se amam e ficam juntos por aparências fode a cabeça de um filho.


— Então porque exatamente não podemos ser felizes juntos?


— Tudo vai mudar, eu vou mudar — ele diz — não quero jogar essa responsabilidade em cima de você, em cima do nosso relacionamento.


— Pedro cala a boca — eu digo levemente irritado — se você não quiser ficar comigo, é um direito seu. Mas o que eu sinto por você e o fato de querer uma vida ao seu lado, não muda porque você será pai.


— Mas...


— Me deixa terminar — digo rapidamente, me sentindo ainda mais irritado — sim, sua vida vai mudar completamente e consequentemente a minha também, seja no fator nosso relacionamento, seja no fator nosso trabalho. Estou frustrado sim e vamos conversar sobre isso amanhã, depois que você tiver uma boa noite de sono e descansar. Mas o ponto é, pra mim isso não é motivo para te mandar embora da minha vida, a minha vida é mais feliz e leve ao seu lado, se eu puder tornar a sua mais feliz e leve também...


— E se em algum momento for demais para aguentarmos?


— Então vamos sentar e conversar, como dois adultos — digo sorrindo de canto — não vamos mais fugir de conversas Pedro, por mais duras que elas precisem ser. Só vamos conseguir ficar juntos e passar por qualquer coisa, se não tivermos medo de sermos vulneráveis ao lado do outro.


— Vulnerável — ele repete — é exatamente isso, como eu posso ser capaz de cuidar de uma criança, se nesse momento me sinto tão pequeno?


Ele e me olha e então eu finalmente vejo. Pedro não está assustado por ser pai, ele está com medo de não conseguir ser um bom pai.


— Pedro — digo coçando a nuca e rindo — você vai ser um pai excelente. Acho que tudo bem se sentir vulnerável, assustado e pequeno, talvez sentir medo de errar é o que te faça ser realmente bom nesse papel, igual você é em tudo que se propõe a fazer. E esse bebê não poderia ter um pai melhor, você é amoroso, cuidadoso, se esforça ao máximo em tudo e nunca desiste de quem  ama. Como você pode duvidar da sua capacidade de ser bom para o seu filho?


E então Pedro desaba, chorando tudo o que sei que ele estava segurando dentro de si. Ele não me responde, não precisa. Eu apenas deito na cama e o abraço forte até ele dormir em meio às lágrimas. 




Oi oi, como vocês estão?


Ai gente, eu sei que tem algumas pessoas com raiva do Pedro... mas fazer o que né? Aquariano nato é foda... insira aqui o Eu tentei não ser moleque com você....... que todo mundo acha que é letra de aquariano nato mas não é kkkkk


Enfim, é foda né! Tô ansiosa pro próximo capítulo, pois o João é fofinho, acolhe, mas ele ta puto né e o Pedro ta precisando ouvir umas verdades na cara e tals... é isso.


Agora: VÃO LER MERAKI! Quem ler Meraki e comentar aqui que ta lendo ganha spoiler de um capítulo de íris hein. 


é isso, vejo vocês em algum momento, até lá ☆

íris • pejaoOnde histórias criam vida. Descubra agora