Capítulo 80 ; p.o.v João

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— Eu tenho muitas opções de como vamos levar essa conversa até um ponto final — digo rindo, mas ainda sentindo meu peito doer — mas se existe qualquer chance disso ser resolvido, eu preciso que você se sente nesse sofá e converse comigo.

— A Laura disse que não se sente confortável em deixar o nosso filho conviver com você, porque você não gosta dela — ele diz com voz baixa, se sentando ao meu lado, com os pés no sofá.

Não fico surpreso, porque sempre esperei que em algum momento ela viria com uma conversa assim, aprendi a esperar o pior da Laura... sempre. Mas ainda assim, ouvir Pedro dizer em voz alta faz com que eu realmente me sinta de fora de sua vida, porque Matteo sempre será a primeira escolha dele e a verdade é que eu nem amaria a pessoa que o Pedro é, se fosse diferente disso.

— Pedro, se você quer terminar... não prolonga — digo sincero — você poderia ter feito isso a mais de um mês atrás.

— Não João, não quero terminar — ele diz também sincero — meu distanciamento não foi por isso, eu sinto que vou desmoronar a qualquer momento e focar toda a minha energia no trabalho é o que tem me mantido em pé...

— Eu não entendo...

— A Laura também disse que meu trabalho, meu estilo de vida, não condiz com o de uma criança e que pensando no melhor para o filho dela, ela vai entrar com o pedido de guarda total — ele diz esfregando os olhos, desviando o olhar de mim — eu só estou tentando arrumar um jeito de conciliar meu trabalho e meu filho, sem ter que brigar na justiça com ela.

— Caralho Pedro... que merda — é tudo que consigo dizer de início — porque você não me disse nada?

— Porque eu sei como você se sentiria culpado, João e eu não aguento mais te arrastar pra esse sentimento ruim que eu ando sentindo constantemente, eu quero ver você feliz e não você triste — ele disse de forma quase desesperada.

— Eu fico me sentindo pior se você não fala comigo — digo respirando fundo — o que você vai fazer referente a isso?

— O pai da Lissa me cedeu os advogados dele, são os mesmos que conseguiram a guarda do Lucas.... quando a mãe dele fez a mesma coisa.

— Então isso é algo bom, não? — pergunto um pouco confuso.

— Mais ou menos, eu era muito pequeno quando tudo aconteceu, porque somos um ano de diferença só, mas lembro que até ele conseguir de fato a guarda do Lucas, foram uns três anos — ele diz mordendo o lábio — a mãe do Lucas era complicada, tinha problema com álcool, foi mais fácil, entende? E ainda foi bem difícil, a Lissa e o Lucas sempre foram muito amado pelo pai e a mãe da Lissa tem o Lucas como filho, nunca fez diferença entre ele os outros filhos dela, mas ainda assim, crescer em meio a uma briga judicial não foi legal.

— Mas se for o caminho necessário...

— Se for o caminho necessário é o que vou seguir — Pedro responde rapidamente — conversei muito com o Lucas sobre isso, sobre como ele se sentiu e com os pais da Lissa, porque também queria entender o lado dela, meio que pra entender o seu.

— E?

— Ela disse que só entendeu o quanto precisava do Lucas na vida dela, quando segurou ele nos braços a primeira vez — ele diz respirando fundo — mas que demorou muito para que permitissem que isso acontecesse. João... eu não quero... eu...

Pedro respira fundo e se perdendo em pensamentos.

— Você não quer o que, Pedro? — pergunto sentindo um nó se formar na minha garganta.

— Eu não quero que nós, eu e você, não possamos ser uma família — ele diz negando com a cabeça — mas eu tenho muito medo de como as coisas vão ser e de como você vai se sentir e de como... de como tudo vai ser.

— Pedro, eu te falei lá atrás, que não faria mais por nós dois — digo sincero, mordendo o lábio com força — e eu cheguei mesmo no meu limite, se você escolher o seu filho, só o seu filho... eu vou entender. Só que temos a porra de uma turnê pra terminar e ai no fim dela, você faz o que quiser, só que tem algumas coisas que você precisa entender...

— Quais? — ele pergunta com a voz um pouco trêmula.

— Cada vez que você se afasta de mim por não querer conversar, você acaba sendo um otário comigo e eu já disse que não gosto de pessoas otárias — digo de uma vez por todas — se por algum segundo passou pela sua cabeça sair da UFO, saiba que dessa vez vai ser definitivo, eu não vou mais atrás, mesmo que a gente continue juntos. Então pensa bem, porque vai ser algo que vai impactar todo mundo e não quero mais foder a vida das pessoas, por capricho de querer você de volta.

— João...

— Me deixa terminar — digo de forma dura — e se por um acaso, você tenha pensado que talvez seja a hora de pôr um fim em nós dois, também saiba que é algo definitivo. Porque mesmo que eu tenha que mudar de país pra nunca mais olhar pra sua cara, eu vou te esquecer.

— João, eu não quero sair da UFO e nem quero terminar com você, não é nada disso — ele diz em meio a um suspiro — eu só não consigo organizar meus pensamentos e sentimentos.

— Minha mãe me disse que a única pessoa capaz de entender nossos sentimentos e saber o que fazer com eles, somos nós mesmos — eu digo abrindo um sorriso — eu entendi os meus e não quero mais levar isso adiante, não da forma que está.

— Você está terminando comigo? — Pedro pergunta com um tom baixo.

Não, porque essa decisão precisa partir de você — eu digo me levantando e dando um beijo em seu rosto — e eu espero mesmo que você tenha coragem de fazer a coisa certa.

— João...

— Eu vou dormir no quarto de hóspedes, pode ficar com a minha cama — digo abrindo um sorriso para ele — eu não dormir sentindo seu cheiro. 


Oi Oi, como vocês estão?

Sei lá, eu tô muito bem viu kkkkkkk

Beijinhos, amo vocês risos

íris • pejaoOnde histórias criam vida. Descubra agora