íris • pejao

Capítulo 72 ; p.o.v João

Lissa chegou praticamente junto com a pizza, trazendo duas garrafas de vinho caro e um olhar questionador para Pedro, estava engraçado. Jantamos sem maiores emoções, falando sobre coisas da vida e sem se aprofundar muito no assunto. Alice se ofereceu para lavar a louça, mas sinceramente? Eu só precisava conversar um pouco com a minha amiga e sei que mesmo que Pedro diga que tudo bem conversar com a Lissa na nossa frente, ele também precisa de espaço.

— Lindo — chamo me aproximando dele e me ajoelhando na sua frente — eu vou sumir com a Alice, vamos estar lá no escritório conversando, por favor... por favor Pedro, se abra com a Lissa, sei que você precisa de alguém que veja de fora e sei que eu nem sempre sou a pessoa certa para você conversar. Eu te amo, te amo muito e quero que esse olhar preocupado suma dos seus olhos e esse sorriso cansado também.

— Você também precisa tirar um pouquinho do que está dentro de você, lindo — ele diz segurando meu rosto e me dando um selinho.

— Preciso e irei — digo sincero — me chama quando acabarem ou se precisar de mim, combinado?

— Combinado!

— Estou começando a ficar preocupada — Lissa diz um pouco confusa e eu apenas sorrio para ela, antes de subir às escadas com Alice.

Alice se joga no sofá do escritório e começa a rir.

— Que porra João — ela diz de forma divertida — como pode a gente viver às mesmas coisas? Bom, a sua situação é melhor que a minha, a Laura não é sua irmã, o Pedro não é um cuzão... mas um bebê?

— Um bebê — eu repito respirando fundo, deitando no chão com os pés para cima do sofá, olhando para ela sem saber muito bem o que dizer.

— Como vocês estão? Digo, vocês estão mesmo juntos né? E vão continuar juntos apesar disso...

— Vamos, pelo menos é a ideia inicial né — digo rindo sem muito humor — eu amo o Pedro e vou estar do lado dele, se ele me quiser do seu lado entende? Ele parece querer agora.

— Então vocês não estão tão bem...

— Estamos sim, só é estranho — admito.

— João Vitor, desde quando você mede as palavras para falar comigo sobre seus sentimentos referentes ao Pedro? — pergunta rindo — não importa o que esteja passando por essa cabecinha, eu não vou te julgar gatinho, você sabe disso. — Alice para e pensa um pouco — o Pedro se importa que eu te chame de gatinho?

— Não, eu acho que não — digo rindo — posso perguntar pra ele depois.... mas só é estranho — digo fechando os olhos — eu estava pronto para me doar por completo de novo para ele e sentia que ele também estava, então chegamos em casa e de uma hora pra outra eu senti uma parte da minha vida sendo arrancada de mim, não é comigo que ele vai construir uma família entende?

— João, família vai muito além disso — ela diz saindo do sofá e se deitando ao meu lado no chão — você vai ser uma parte da família do Pedro e o bebê também pode ser parte da família de vocês e não só da dele.