Capítulo 60 ; p.o.v Jão

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Paris, França

Acordar ao lado de Pedro ainda é como uma poesia, ainda é como estar dentro de um sonho. Alguns raios de sol invadem o quarto, apenas o suficiente para não ficar completamente escuro, os braços de Pedro estão abraçando minha cintura, sinto a respiração dele em minha nuca e me esforço para não me mexer, não quero que esse momento termine. Não sei em que momento a conchinha se formou, lembro que pegamos no sono de mãos dadas, o quarto tomado pelo silêncio e nossas respirações, de qualquer forma, é bom sentir o corpo dele abraçando o meu.

— Bom dia — ouço ele dizer baixinho, com a voz rouca ainda tomada pela preguiça de quem acabou de acordar.

— Bom dia — respondo ainda sem me mexer — te acordei?

— Não, acordei faz um tempo e você não disfarça tão bem quanto acha — ele diz rindo fracamente, o ar em meu pescoço faz todo meu corpo se arrepiar.

Finalmente tomo coragem para me virar, nossos rostos tão próximos um do outro, nossos olhos se encarando, luto contra a vontade de não encarar seus lábios, seu braço ainda se mantém em meu corpo.

— Nós precisamos conversar — sussurro.

— Precisamos — ele retribui em outro sussurro, quase como se esse momento fosse um segredo nosso.

— Você se importa se pedirmos café da manhã e ficarmos por aqui hoje? — pergunto levando minha mão em seu cabelo, sentindo os fios macios na ponta dos meus dedos — não acho que irei conseguir esperar para ter essa conversa.

— Claro que podemos — ele responde fechando os olhos quando a ponta de meus dedos tocam seu rosto — eu só preciso de um banho.

— Tem toalha limpa no banheiro, uma escova de dente nova na necessaire e bem, você sabe onde ficam minhas roupas na mala — digo sorrindo, dividir roupas não é novidade para nós e não quero correr o risco dele sair do quarto e ambos perdemos a coragem — enquanto você toma banho eu vou pedir comida e avisar o pessoal que eles podem ir sem nós, depois eu tomo banho.

— Ok — ele responde inclinando o corpo um pouco em cima de mim e dando um beijo em meu rosto. Gosto da sensação.

— Antes de qualquer coisa eu quero te pedir desculpas — Pedro começa dizendo — preciso me desculpar por muitas coisas e farei durante a conversa, mas me desculpa por ter demorado a contar o começo da nossa história, você merecia que tivesse sido antes.

— Eu fiquei bem irritado de você só ter jogado a informação — digo sincero — conversei com a Lissa e é bom você saber que ela já me contou muitas coisas pela visão dela.

— Imaginei que sim — Pedro respondeu sorrindo, mas era um sorriso um pouco envergonhado.

— Mas ela me disse que falou sobre os acontecimentos e que precisava deixar que você me falasse sobre sentimentos — digo o olhando nos olhos — então por favor, você passou tempo demais escondendo coisas de mim, eu preciso que você seja sincero Pedro.

Ele ri, uma risada fraca e um pouco sem graça. Ele é lindo de qualquer forma, mas hoje tem algo a mais, como se ele estivesse ansioso e tímido.

— Serei, eu só não sei muito bem por onde começar — ele diz sincero, mordendo o lábio, enquanto sirvo mimosa para nós dois — Não sei como é para outras pessoas, mas aos onze anos eu nunca tinha pensado se gostava de meninos ou meninas, eu só era um garoto feliz vivendo sua vida, mas quando você me deu um beijo no rosto, eu não me questionei, eu apenas soube.

íris • pejaoOnde histórias criam vida. Descubra agora