Capítulo 56 ; p.o.v Jão

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As duas últimas músicas que faltavam foram gravadas no decorrer das semanas que passaram, nesse meio tempo demos início a materiais promocionais e finalizamos todo o escopo da turnê. Pedro vem em minha direção com o iPad na mão.


Tinha um espaço grande no outro sofá, mas Pedro se sentou ao meu lado, em um sofá minúsculo para nós dois. Não me importei nem um pouco.


Ele se mantinha um pouco alheio a tudo a sua volta, consigo ver que ele faz algo sobre o palco, mas tento esperar ele me mostrar para de fato olhar. Não gosto que fiquem espiando por cima do meu ombro e tento não fazer isso com os outros.


— Sobre a viagem, vou confirmar as reservas dos quartos e preciso do nome de todos em meia hora no meu e-mail. — Malu diz atraindo nossa atenção.


— A Laura não vai — Pedro diz sem tirar os olhos do ipad.


— Queria dizer que pena e perguntar porque, mas sinceramente não me importo — Malu diz me fazendo rir.


Acho engraçado que Pedro nunca demonstra o mínimo de desconforto quando alguém deixa claro que a presença de Laura não é muito bem vinda. Tento sempre ser alheio a isso também, ela me incomoda por diversas razões, mas tento ao máximo não demonstrar.


Laura inclusive não aparece desde aquele dia na casa da Malu, quase 1 mês atrás. Às vezes tenho a sensação que Pedro nunca quis ela perto de nós, que nunca se sentiu verdadeiramente confortável com os momentos que dividimos com ela.


— Eu e a Alice não vamos dividir o quarto — digo pegando o iPad quando Pedro me passa, é o mesmo o rascunho do palco de Pirata e está ficando incrível,


— Ok, agora eu to curiosa — Malu diz chamando minha atenção — porque?


— Cidade romântica demais para brincar de casal — respondo tirando o olho do desenho rapidamente e olhando para Malu — palavras dela e eu concordo.


Volto meu olhar para o desenho, Malu entende que é o fim do assunto e não insiste.


— O que você achou? — Pedro perguntou baixinho, me transportando novamente para um mundo só nosso.


— Gostei, o barco vai mesmo ser possível?


— Vai, nem que eu mesmo tenha que construir ele — ele diz rindo.


— Pê — chamo ainda mais baixo — nós viajamos no domingo à noite, sexta você está livre?


— Sim, porque?


— Quero te mostrar Olhos Vermelhos, ela finalmente está pronta — digo empurrando o ombro dele levemente com o meu — tudo bem se você for em casa? Eu só queria fazer isso em um lugar confortável e seguro.


— Pode ser — ele responde me olhando, é estranho como a percepção ao lado de Pedro muda completamente, sinto como se estivéssemos de fato sozinhos em um mundo próprio.


— Eu peço comida para nós...


— Eu posso cozinhar, se você não se importar — ele me diz me pegando um pouco de surpresa.


— Bom, não vou negar viver essa experiência — digo sincero, umedecendo os meus lábios e vejo seu olhar acompanhando o movimento.


É engraçado, porque se nesse exato momento alguém me dissesse: pensa em algo que te faz feliz. Eu pensaria em Pedro sorrindo especificamente para mim.


Eu e Alice terminamos, ela tem uma teoria doida que já não é mais possível controlar o que eu e Pedro sentimos, que uma hora ou outra, nossas vidas vão se esbarrar de novo. Não gosto de pensar sobre isso, me deixa ansioso. Tenho medo de pensar demais que ela está certa e eu e Pedro nunca mais sermos nós de novo.


Sei que as coisas começaram a mudar entre nós, estamos mais próximos desde o casamento dos pais dele. Já faz quase 2 meses do quase beijo, que achei que iria deixar tudo estranho entre nós, mas no fim nos aproximou.


— No que você está pensando? — Pedro perguntou chamando minha atenção, empurrando minha perna — sua cara está estranha de uma forma divertida.


— Eu achei que as coisas ficariam estranhas entre nós depois do casamento — digo sincero, sorrindo de canto.


— Eu também — ele diz rindo — mas prefiro como estamos.


E é isso que é estranho, talvez eu esteja interpretando sinais errado, mas toques sutis começaram a ser mais frequentes, risadas de coisas que apenas nós entendemos, Malu sempre disse que parece que temos um mundo próprio e isso também tem sido mais frequente, quase diário.


— O álbum fluiu tão bem — Pedro diz me olhando com o sorriso no rosto e os olhos brilhando — não vejo a hora de ver pronto, porque sinto que fizemos um ótimo trabalho, as músicas estão perfeitas.


— Meio que você me faz um poeta — digo ainda mais baixo, como se fosse um segredo que eu guardo.


E então Pedro sorri. O maior sorriso desde que ele voltou, um sorriso que é capaz de quebrar a barreira do nosso próprio mundo, já que tanto Malu, quanto Renan e Gio olham rapidamente em nossa direção.


E é vendo Pedro sorrir por algo que eu disse que eu sei. Ele é exatamente o poema que eu queria escrever.



Oi oi, como vocês estão?


Eu tô me sentindo tão bem e feliz escrevendo essas interações deles, a cada vez que algo fofo acontece eu tenho que parar de digitar e suspirar.


O próximo capítulo é Olhos Vermelhos (o único capítulo em toda fanfic que terá um nome), ele é dividido em duas partes e vocês vão entender o porquê. Além de ser um dos capítulos que mais gostei de escrever, é o que eu julgo o mais importante para a história de Íris.


É isso, vejo vocês amanhã... em Olhos Vermelhos. Até lá ☆

íris • pejaoOnde histórias criam vida. Descubra agora