Capítulo 79 ; p.o.v João

461 46 25
                                    


Um mês e vinte dias... esse é o tempo exato que tudo voltou a ficar estranho entre eu e o Pedro. Mais uma vez. Lembro que foi depois que ele esteve na casa da Laura, aquela também foi a última vez que ele me disse que veria ela e sempre que alguém perguntava nesse tempo como e o Matteo estavam, ele se limitava a responder um: estão bem.


Desde o começo sempre tive muito medo de como isso afetaria minha relação com o Pedro, mas sempre tive muito medo de que afetasse nosso trabalho também, o irônico é que conforme os dias foram passando nesse um mês e vinte dias, Pedro parecia mais imerso no trabalho, mais disposto que tudo fosse milimetricamente perfeito, enquanto nós dois nos afastamos mais e mais.


Algo aconteceu e sei que foi algo ruim e pesado, mas todas as vezes que tentei conversar com ele sobre isso, só senti que ele me afastou ainda mais. Não lembro quando foi a última vez que nos senti como um casal, a última vez que senti que estava de fato em um relacionamento.


Antes de descer até a sala, olhei para ele deitado na minha cama, dormindo. A Chicória aninhada em cima de seu travesseiro sem nem ao menos se mexer quando eu saí da cama, diferente de Vicente e Santiago que me seguiram escada abaixo. Não consigo dormir a dias, sem o Pedro na cama é estranho e solitário, com o Pedro na cama é estranho e frio, não sei qual das duas situações eu prefiro.


Malu fez um compilado de imagens nossas no show, às vezes que eu olhei na direção dele do palco, ele sorrindo me vendo cantar, nossos abraços no camarim depois do show, não tive a coragem de ver, não até agora. O som da risada dele ecoando pela sala escura, me sinto completamente vazio, é um sentimento muito estranho de não pertencimento.


Não sei qual foi a real intenção da Malu com esse vídeo, mas são muitos sentimentos conflitantes, principalmente porque são imagens das turnês anteriores. Em Lobos eu me lembro que estava feliz com Pedro, era um sentimento muito gostoso trabalhar com o cara que você estava apaixonado e ver ele caminhando ao lado, construindo cada coisa, realizando sonhos de mãos dadas com você. A turnê Anti-heroi foi de longe triste e deprimente viver os bastidores dela, a voz de Pedro no meu ponto doía de uma forma que nunca vou conseguir explicar e quando era o silêncio que ouvia, doía muitas vezes, os vídeos dessa era em específico da minha carreira não são gentis, mas estranhamente, prefiro eles ao de Pirata,


Porque pelo menos eu sabia o que sentia vivendo os bastidores do Anti-heroi. Enquanto agora, eu nem ao menos consigo sentir alguma coisa de fato. É apenas um grande vazio.


Tenho conversado muito com a minha mãe sobre isso, sobre Pedro, sobre o filho dele, sobre a importância dele na minha carreira e sobre nosso amor. Não me ajuda muito que por mais que os conselhos dela sejam bonitos, acolhedores e às vezes até mesmo duros, ela sempre enfatiza que apenas eu sou capaz de tomar qualquer decisão, mas que pra isso eu preciso querer olhar para dentro de mim e saber o que de fato quero para minha vida.


Mas a verdade é que acho muito injusto que eu precise entender e lidar com sentimentos que outra pessoa causou em mim, porque sinto que não posso tomar nenhuma decisão por mim mesmo. Acho injusto pra caralho que às decisões fodidas que Pedro tenha tomado lá atrás, geram consequencias na porra da minha vida. Ok, eu escolhi estar com ele, mas todos os dias eu sinto que ele não tem escolhido estar comigo.


Assusto quando Chicória pula no sofá ao meu lado, pedindo por carinho e atenção, porque isso significa que Pedro também está aqui, no mesmo ambiente que eu, me vendo chorar. Fiquei tão imerso em meus pensamentos e nas imagens a minha frente, que nem ao menos ouvir ele descer, enxugo as lagrimas de forma desajeitada com a manga da blusa de frio e o busco com meus olhos. Pedro está parado encostado no sofá ao meu lado, mas ele não olha em minha direção e sim para a televisão.


— É o video que a Malu fez... — ele diz com a voz baixa e um pouco triste.


— Sim, você já viu? — pergunto realmente curioso, porque ele não me falou nada sobre, mesmo quando eu disse que tinha recebido também.


— Sim, vi no mesmo dia que ela me entregou — ele responde finalmente me olhando e é quando eu sei, que eu entendo todos os conselhos da minha mãe.


— Pedro, nós precisamos conversar — digo sorrindo, deixando as lágrimas caírem sem qualquer medo ou receio por estar na frente dele — e precisa ser uma conversa sincera e com um ponto final....




Oi e tchau kkkk beijos

íris • pejaoOnde histórias criam vida. Descubra agora