Hoje é um dia especialmente ansioso pra mim. Meus pais vão embora, eles precisam voltar para a vida deles, a rotina deles. É óbvio que é maravilhoso ter meus pais aqui me ajudando, minha mãe foi essencial para me ensinar como cuidar do Matteo, mas também estou ansioso para criar minha própria rotina com o meu filho.
Hoje também é o dia que João volta, estou morrendo de saudades dele, ao mesmo tempo que me sinto ansioso demais para sentir como ele está. Entendo todos os motivos que o fizeram ir para Américo e passar longas semanas por lá, a turnê sempre é exaustiva e a carga emocional que veio junto com o seu fim torna tudo mais intenso e complicado.
João foi a última pessoa a conversar com a Laura, a única pessoa a conversar com ela na verdade e por mais que eu esteja curiosa para saber o que foi falado, respeito a promessa que ele fez a ela, mesmo sem saber de fato que promessa foi.
Pensei em diversos cenários, até mesmo nela pedindo para se manter afastado do Matteo e esse pensamento ronda minha cabeça muito mais do que eu gostaria.
— Vamos esperar o João chegar porque quero dar um abraço nele — minha mãe diz terminando de colocar às coisas na sala — você tem certeza que não quer que eu fique mais? Seu pai pode voltar sem mim…
— Mãe é óbvio que ter você aqui é maravilhoso, você literalmente me ensinou tudo — digo abrindo um sorriso sincero para ela — mas eu sei que você precisa voltar para a sua rotina e eu acho que também preciso criar a minha.
— Mas promete que se precisar de ajuda… se tudo começar a ficar pesado demais — ela começa dizendo.
— Eu te ligo imediatamente, prometo — digo a abraçando assim que ela senta ao meu lado — vou ir atrás de babá depois para me ajudar e a Lissa ficou andando atrás de você todos os momentos que ela pode, ela anotava cada mínima coisa que você explicava pra ela, você acha mesmo que ficarei sozinho nessa?
— Sei que não, todos os seus amigos me deixaram tranquilos em voltar para casa — ela diz fazendo carinho em meu rosto — mas é meu papel de mãe me preocupar.
Os pais de Laura, assim como sua irmã, estão resistentes em vir até em casa visitar o Matteo, acredito que apenas por capricho, eles querem que eu leve meu filho até eles, mas não farei isso. Não enquanto ele for tão pequeno, e já deixei claro que eles são bem-vindos em casa sempre que quiserem. Eles não querem.
Ouço a chave virar na porta e abro um sorriso sabendo que é o João, sentindo todo meu corpo ansioso pelo abraço dele.
— Lembra de tudo que conversamos — minha mãe diz com a voz baixinha antes de eu me levantar e eu concordo com a cabeça.
João está lindo demais, ele deixa sua mala em um canto e vem até mim, de braços abertos e um sorriso no rosto. E tudo que consigo fazer é me sentir em casa em seus braços. Ficamos ali, no meio da sala sentindo o calor de nossos corpos e a saudade batendo no peito por alguns minutos e quando me afasto é apenas para segurar seu rosto com às duas mãos e o beijar de forma calma e paciente.
— Senti falta disso — ele murmura ao fim do beijo, deixando nossas testas coladas por mais alguns segundos antes de se afastar e ir cumprimentar meus pais.
Minha mãe explica para João que deixou comida pronta e congelada, me pergunta mais algumas vezes se eu tenho certeza que não quero que ela fique. E porra é claro que eu quero, mas não quero ao mesmo tempo, é um sentimento conflitante.
Quando finalmente ficamos sozinhos, João me beija mais um pouco, aquele gostinho de amor em seus lábios, é bom demais. Ele me pergunta como estão às coisas por aqui e me ouve falar sem parar, depois me conta sobre os últimos dias em Américo.
— Amor, eu posso ficar por aqui hoje? — ele pergunta brincando com os meus dedos.
— Claro que pode, você sempre pode — digo respirando fundo — mas o Matteo chora no meio da noite… algumas vezes.
— Tudo bem, eu sei disso — ele diz rindo fraquinho e pegando o celular — a Alice disse que fica em casa mais uns dias, mas eu preciso muito ir lá ver meus gatos, tô morrendo de saudades deles.
— Será que eles vão gostar do Matteo? — pergunto um pouco preocupado.
— É óbvio que vão — João diz rindo e apoiando a cabeça no meu ombro — e quando eu vou conhecer ele?
— Agora? — pergunto um pouco na dúvida, mas me levantando e o segurando pela mão, andando até o meu quarto.
João se aproxima do berço, ficando alguns minutos ali, parado o observando e ele olha para o meu filho com tanto carinho e ternura.
Pego Matteo com cuidado, tentando não acordar ele e o balanço de forma suave em meus braços, tomando a coragem que me falta.
— Você quer segurar seu afilhado? — pergunto com a voz falha, sinto medo dele recusar o convite por inúmeros motivos e eu entenderia todos eles.
— Como é que é? — João pergunta em um tom que não reconheço, ele não está surpreso de fato, mas ainda assim parece não ter entendido de fato.
— Eu pensei muito sobre isso e na escolha dos padrinhos, minha mãe disse que sempre devemos pensar em quem cuidaria melhor dos nossos filhos se um dia acontecesse algo com nós — digo respirando fundo — sei que pode soar um pouco estranho você ser padrinho do filho do seu namorado, mas não tem ninguém nessa vida, que eu confie mais do que em você.
— Eu aceito Pedro — ele diz baixinho, passando os braços em minha cintura e apoiando o queixo em meu ombro — suponho que a Lissa seja a madrinha…
— Ela é sim — respondo sorrindo.
— E eu quero segurar ele sim, mas tenho muito medo de pegar, é tão pequenininho — ele diz respirando fundo.
— Senta na cama, é mais fácil se acostumar com ele no colo se você tem certeza que não vai derrubar — eu digo rindo.
João deixa um beijo em meu ombro, se livrando do tênis e em seguida sentando no meio da cama, parecendo verdadeiramente ansioso.
Acomodo Matteo em seus braços e ele parece esquecer que existe qualquer coisa no mundo além da pessoinha minúscula em seus braços.
— Hei carinha — ele diz com a voz baixinha e suave — eu sou o seu dindo, sabia?
E é assim que eu sei que sou a porra do cara mais sortudo do mundo.
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Oi Oi, como vocês estão?
Não dá gente….. eu amo muito a parte 5 😔 é de longe a minha preferida 🥹
Nos vemos logo logo ☆
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íris • pejao
FanfictionPedro vai trabalhar com o Jão. Os dois se apaixonam, de vez em quando escrevem músicas um sobre o outro, sentem ciúmes, sentem saudades, mas não estão juntos... Íris é para todos aqueles que já se perguntaram, o que o amor vira quando chega ao fim.