Capítulo 76 ; p.o.v João

571 45 51
                                    


Sempre que termino um show me sinto elétrico, completamente exausto, mas transbordando felicidade e orgulho do nosso trabalho. Às coisas têm corrido muito bem na turnê, cada cidade que passamos me sinto abraçado e acolhido, nunca vou conseguir transmitir em palavras o sentimento de gratidão que sinto por cada um que canta junto comigo, mas é o que me motiva a todos sair da cama e dar o melhor de mim.


As coisas estão muito bem entre eu e Pedro, sinto que depois da discussão semanas atrás, as coisas realmente mudaram, não o sinto distante e é fácil me animar sempre que ele sente a necessidade de me incluir em algo sobre o filho. O Pedro, e a Laura, acham que é um menino, então todos meio que assumimos que será um garotinho lindo, ainda não sei muito bem como me sinto em relação ao meu lugar na vida deles, mas tento não pensar muito. Pensar demais nunca termina muito bem para mim.


Sempre que Pedro vem em minha direção depois de um show, com um sorriso largo e os braços abertos, eu penso que sei lá, podemos não ser as pessoas certas um do outro pelo resto de nossas vidas, mas por essa noite, faremos o que tiver ao nosso alcance para ser a pessoa certa.


— Quer fazer alguma coisa? Só nós dois? — Pedro pergunta com a voz calma e baixa enquanto me abraça, sinto cada parte de mim se arrepiar pela forma que sua respiração toca em minha pele.


— Na verdade eu quero sim — digo um pouco animado demais — lembra quando estávamos escrevendo o anti-heroi, quando ainda éramos algo bom apesar do término e quando nenhuma letra saia, nós pegavamos o carro de madrugada, abríamos às janelas e ficavamos rodando por aí, sem rumo, apenas rindo e cantando qualquer coisa que tocava no rádio?


— Lembro, eram dias muitos felizes, mesmo com o coração partido — Pedro diz abrindo um sorriso.


— Eram sim... nós podemos fazer isso hoje? — Pedro assente, me dando um selinho longo, é sempre bom estar em um lugar seguro e poder sentir ele sendo meu, mesmo que por breves segundos.


— Eu vou ligar no hotel e pedir para eles alugarem um carro para nós — Pedro diz piscando para mim e é em momento assim que eu sei, que não importa o que aconteça, ele sempre será parte de mim.



Pedro nunca gostou das câmeras piscando toda vez que saímos, mas aprendeu a lidar com isso e até mesmo a fugir delas, ele é bom nisso. Mas a única coisa que me importa, é ele saber desde o começo, que eu seria a pessoa que escreveria canções sobre coração partido e fim do nosso relacionamento. Ele sempre soube, desde a primeira música sobre ele, que eu sempre escreveria sobre nós, sobre ele, juntos ou não.


Nós aprendemos a gostar de causar problemas em quartos de hotel e ter encontros secretos, mesmo que às vezes seja exaustivo me segurar para não agarrar ele a cada mínima oportunidade, gosto de como as coisas são fáceis quando estamos juntos.


— Eu me sinto tão feliz na turnê Pirata — digo apoiando os pés no painel do carro enquanto ouvimos música — eu sinto nós tão leve, sua voz não é mais triste no meu ponto igual era na turnê passada.


— Isso é porque eu finalmente estou com o amor da minha vida, é fácil ser feliz assim, João — Pedro diz olhando para mim e sorrindo.


A forma como o vento bate no cabelo de Pedro me faz sorrir e a forma que ele me olha me lembra quando eu o vi pela primeira vez, do outro lado da sala da casa da Ana e seu olhar era curioso, assim como o meu.


— E eu tenho muito orgulho de você e de tudo que estamos construindo juntos, João — ele continua, escorregando a mão pela minha perna — eu fico feliz de ter voltado para casa.


— Eu espero que nunca mais precise embora dela — digo sincero.


Pedro me olha e sorri, nos entendemos no silêncio gostoso que se faz presente. Ele sabe meu medo e eu sei o dele, não precisamos falar em voz alta, mas ele está ali presente e eu tenho me esforçado para viver feliz com Pedro, apesar desse medo.


— E o barco é tão lindo no palco, eu amo sua mente genial — digo abrindo um sorriso para ele.


— Gosto de te ver orgulhoso de mim e do meu trabalho — ele diz gargalhando e é a porra do som mais gostoso da minha vida.


Pensei por alguns dias se Pedro era de fato a pessoa que eu poderia entregar meu coração, se ele seria a pessoa a me abraçar a hora que eu quisesse, ele tem sido. Acho que desde que voltamos da França, tenho escolhido fazer dele a pessoa certa no momento, aceitar o amor dele por enquanto e ir deixando a vida cuidar do resto. Tenho sofrido menos assim, tenho me sentido mais feliz assim.


Pedro para o carro em um lugar afastado da cidade, não se vê nada além da imensidão escura, pulamos para o banco traseiro e em questão de segundos nossas bocas se chocam, com urgência, com amor. Gosto de sentir cada parte dele estremecendo em minhas mãos e gosto de sentir meu corpo se arrepiando ao seu toque. Sei também que não vamos terminar o que estamos prestes a começar, hoje em dia é arriscado demais, mas ainda assim, o pouco de toque e beijos mais íntimos e intensos são capazes de liberar a adrenalina em meu corpo.


A boca de Pedro alcança meu pescoço, em beijos nada gentis e ele ri ao se lembrar que não posso aparecer com chupões em público.


— Eu amo todos os momentos com você, João — ele diz com a voz abafada pela minha pele, o que me faz rir com a sensação.


— Promete, que esses momentos bons que estamos vivendo, que eles sempre serão assim? — Digo jogando a cabeça para trás e rindo. Rindo de uma forma genuína e feliz, eu me sinto feliz.


— Eu prometo!


Pedro sempre foi bom em fazer promessas...



Oi oi, como vocês estão?


Vou contar um segredo pra vocês: daqui 2 capítulos teremos caos


beijinhos hihi

íris • pejaoOnde histórias criam vida. Descubra agora