Ethan narrando:
Apesar de toda a irritabilidade compreensiva, minhas palavras e minha proximidade parecem ter despertado uma nova reação emocional em Aurora.
Seu rosto cora, mesmo que tente desviar o olhar, suas pupilas estão dilatadas e os lábios nitidamente entreabertos, utilizados como passagem para uma respiração acelerada e irregular.
Pode não admitir, mas tanto ela quanto eu desejamos nos tocar, compensar o dia de ontem que pareceu uma tortura interminável, e retirar as farpas que, infelizmente, eu disseminara.
Com uma rápida passada de olhos, examino a cama, por cima da pequena estatura dela.
Planejo levá-la até lá, mas o peso de remorso paira em meus ombros, além disso se eu tocá-la ficará enfurecida.
Vamos arrumar isso, Aurora. Por favor. Imploro mentalmente- Não é verdade. - Responde angustiada, mesmo que eu possa sentir o desejo queimando por trás de suas palavras. Ela aperta os lábios e se afasta. Você está errada, Aurora.
- Por favor, só saia. - Insiste em seguida. É o que mereço, afinal de contas.
Reconhecendo meu terrível dom de destruir tudo o que me ama, assinto com pesar. Minha permanência só prolongará um conflito que não será resolvido tão cedo.
Preciso deixá-la, dar espaço para respirar, e talvez, apenas talvez, encontrar uma maneira de corrigir os erros que cometi. Com um último olhar carregado de arrependimento, viro-me e saio do quarto.
Me coloco em minha poltrona, observando de forma pensativa a lareira embutida na cabeceira da nossa cama, o fato dela estar desligada parece se encaixar com o momento.
Recordo não apenas dos momentos íntimos que compartilhamos aqui, mas também os momentos em que, pela primeira vez, permiti-me ser carinhoso e abrir meu coração para uma mulher.
Suas gargalhadas ao receber cócegas ecoam pelas quatro paredes, infiltrando-se em minha mente. Levo meus olhos ao seu quadro, de anos atrás, onde ela está retratada grávida. O temor de que ela não desconsidere a possibilidade de ir embora com a Mavie, soma-se ao meu desespero interno. Eu não posso dar esse espaço.
Bastou uma ligação impulsiva ao Rolf para que uma ideia começasse a se formar em minha mente. Antes de agir, pensei em convidá-la para sair, talvez para um jantar no navio, mas já conheço a resposta. Ela não virá comigo, independentemente do local. Então, considero outra ideia, talvez excessiva, mas eu não sei no que pensar. Então faço o pedido ao Rolf, sem dar-lhe a chance de opinar.
- Senhor, tem certeza? Não são muitas? - Pergunta Rolf, surpreso com minha decisão.
- Eu tenho total certeza, pode trazer. - Afirmo esperançoso.
Aurora narrando:
Restando apenas duas horas para buscar Mavie na escola, minha fome me impulsiona a sair do quarto, apesar do risco de encontrar Ethan pelo caminho.
Desço no elevador, e conforme me aproximo da sala de jantar, ouço murmúrios animados. Ao adentrar o cômodo, deparo-me com as governantas, Rolf e o mordomo cuidadosamente arrumando não apenas um, mas cinco deslumbrantes arranjos florais sobre a mesa. Rosas laranjas, girassóis, tulipas, lírios e rosas vermelhas, uma profusão de cores e aromas.
- O que é tudo isso? - Pergunto, tentando mascarar meu espanto com uma pitada de humor ácido.
- Vamos almoçar flores hoje? - Brinco.Seus olhos me encaram surpresos, como se eu tivesse aparecido mais cedo do que o esperado. Trocam olhares nervosos, mas Caleb, reunindo coragem, aproxima de mim com o arranjo de rosas laranjas.
- Srta. Francine, são para você. Um presente do Sr. Siren. - Diz ele, estendendo-me o buquê.
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Um Descaso
Любовные романы(História se passa nos dias atuais) Ambientado em Berlim, aos 18 anos, Aurora descobre estar grávida de Ethan Jones Siren, um multimilionário descendente da Monarquia com uma personalidade fria, que a manipulou com falsas promessas de amor. Diante d...