Capítulo 67 - As Tentativas.

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Ethan narrando:

Apesar de toda a irritabilidade compreensiva, minhas palavras e minha proximidade parecem ter despertado uma nova reação emocional em Aurora.

Seu rosto cora, mesmo que tente desviar o olhar, suas pupilas estão dilatadas e os lábios nitidamente entreabertos, utilizados como passagem para uma respiração acelerada e irregular.

Pode não admitir, mas tanto ela quanto eu desejamos nos tocar, compensar o dia de ontem que pareceu uma tortura interminável, e retirar as farpas que, infelizmente, eu disseminara.

Com uma rápida passada de olhos, examino a cama, por cima da pequena estatura dela.
Planejo levá-la até lá, mas o peso de remorso paira em meus ombros, além disso se eu tocá-la ficará enfurecida.
Vamos arrumar isso, Aurora. Por favor. Imploro mentalmente

- Não é verdade. - Responde angustiada, mesmo que eu possa sentir o desejo queimando por trás de suas palavras. Ela aperta os lábios e se afasta. Você está errada, Aurora.

- Por favor, só saia. - Insiste em seguida. É o que mereço, afinal de contas.

Reconhecendo meu terrível dom de destruir tudo o que me ama, assinto com pesar. Minha permanência só prolongará um conflito que não será resolvido tão cedo.

Preciso deixá-la, dar espaço para respirar, e talvez, apenas talvez, encontrar uma maneira de corrigir os erros que cometi. Com um último olhar carregado de arrependimento, viro-me e saio do quarto.

Me coloco em minha poltrona, observando de forma pensativa a lareira embutida na cabeceira da nossa cama, o fato dela estar desligada parece se encaixar com o momento.

Recordo não apenas dos momentos íntimos que compartilhamos aqui, mas também os momentos em que, pela primeira vez, permiti-me ser carinhoso e abrir meu coração para uma mulher.

Suas gargalhadas ao receber cócegas ecoam pelas quatro paredes, infiltrando-se em minha mente. Levo meus olhos ao seu quadro, de anos atrás, onde ela está retratada grávida. O temor de que ela não desconsidere a possibilidade de ir embora com a Mavie, soma-se ao meu desespero interno. Eu não posso dar esse espaço.

Bastou uma ligação impulsiva ao Rolf para que uma ideia começasse a se formar em minha mente. Antes de agir, pensei em convidá-la para sair, talvez para um jantar no navio, mas já conheço a resposta. Ela não virá comigo, independentemente do local. Então, considero outra ideia, talvez excessiva, mas eu não sei no que pensar. Então faço o pedido ao Rolf, sem dar-lhe a chance de opinar.

- Senhor, tem certeza? Não são muitas? - Pergunta Rolf, surpreso com minha decisão.

- Eu tenho total certeza, pode trazer. - Afirmo esperançoso.

Aurora narrando:

Restando apenas duas horas para buscar Mavie na escola, minha fome me impulsiona a sair do quarto, apesar do risco de encontrar Ethan pelo caminho.

Desço no elevador, e conforme me aproximo da sala de jantar, ouço murmúrios animados. Ao adentrar o cômodo, deparo-me com as governantas, Rolf e o mordomo cuidadosamente arrumando não apenas um, mas cinco deslumbrantes arranjos florais sobre a mesa. Rosas laranjas, girassóis, tulipas, lírios e rosas vermelhas, uma profusão de cores e aromas.

- O que é tudo isso? - Pergunto, tentando mascarar meu espanto com uma pitada de humor ácido.
- Vamos almoçar flores hoje? - Brinco.

Seus olhos me encaram surpresos, como se eu tivesse aparecido mais cedo do que o esperado. Trocam olhares nervosos, mas Caleb, reunindo coragem, aproxima de mim com o arranjo de rosas laranjas.
- Srta. Francine, são para você. Um presente do Sr. Siren. - Diz ele, estendendo-me o buquê.

Um DescasoOnde histórias criam vida. Descubra agora