Capítulo 69 - Phoenix Siren.

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Aurora narrando:

- Não, não! - Minha voz interrompe pouco antes dos guardas atirarem.
O casal se arriscou de vir aqui, em frente à mansão do Ethan, mas eles estão aqui por algo importante, vejo em seus semblantes.

Os guardas, surpresos pela minha intervenção, abaixam lentamente suas armas, permitindo que a tensão no ar se dissipe gradualmente. O casal de visitantes que antes se abraçaram no momento de susto, se afastam aliviados.

- O que fazem aqui? - Os guardas perguntam, com as vozes carregadas de autoridade.

- Queríamos falar com a Aurora, precisamos dela. - Um dos visitantes declara com urgência.

Os guardas, agora mais alertas, olham para mim em busca de orientação. Eu me coloco diante do casal, tentando transmitir calma com minha presença.
- Está tudo bem. - Eu tranquilizo os guardas que ficam hesitantes. Volto meu foco ao casal e pergunto:
- Sim?
- Eu os conheço de algum lugar? Aconteceu alguma coisa? - Acrescento demonstrando preocupação e curiosidade.

A mulher se aproxima, receosa, analisando os guardas atrás de mim.
- O meu nome é Anneliese e esse é o meu marido, Stefan. - Se apresenta para mim.
- Você é ainda mais linda de perto. - Acrescenta, fazendo meu rosto arder de timidez, e eu sorrio.

- São os seus olhos. - Respondo.

- A Srta. não nos conhece, ninguém da sua classe nos conhece, somos só cidadãos cujo o sobrenome não importa muito. - Diz, apagando aos poucos o meu sorriso.
- Mas... A Srta. teve uma realidade como a nossa, a vida toda. Eu vim aqui com pressentimento de que te encontraria. Você é a única que poderia nos ajudar. - Acrescenta.

- Eu? - Pergunto, os olhos se arregalando enquanto sinto o peso da responsabilidade se instalando em meus ombros.
- Eu não sou ninguém nesse país. A razão pela qual não os conheço é simplesmente porque mal saio por aí, e isso não tem nada a ver com o meu noivado. - Explico, embora saiba no fundo que eles provavelmente não me enxergam dessa maneira.

- Os muros dos Sirens, são altos demais, Srta. Francine. Eles de fato contribuem muito com o país, com o continente, mas são tão protegidos que é necessário uma grande movimentação para chegar até eles. Uma porcentagem, números, não conseguem escutar a minoria. - Ela diz frustrada, mas ainda sim com determinação.
- Mas você parou os seus guardas para me ouvir. Você escuta a minoria. - Acrescenta, com um brilho de esperança em seus olhos.

- Não são os meus guardas. - Retruco calmamente, olhando cada um dos mesmos. Eles me seguem e provavelmente ficarão na casa nova, protegendo minha filha. Talvez agora eles sejam meus também, uma realidade que só percebi agora.

- Como posso ajudá-los? - Pergunto, finalmente.
- Eu não tenho o sobrenome Siren, mas posso tentar. - Acrescento, confiante.

Conquisto um sorriso de Anneliese, que olha para trás em direção a Stefan.
- Nós moramos em um bairro, Neukölln, que tem sofrido com falta de energia há quase duas semanas. E sim, todos lá pagam a conta de luz. Tentamos entrar em contato com a Vattenfall Europe mais vezes do que pode imaginar, mas devido à localização, eles nunca aparecem para resolver. - Explicam.

Ok, se a Vattenfall Europe é fornecedora de energia pela maioria das áreas da cidade de Berlim, e não dão retorno, talvez haja outras formas de resolver o problema de falta de energia.

- Ótimo... - Gaguejo.
- É uma falta de energia. - Repito, refletindo sobre como posso ajudar.
- Posso tentar resolver. - Falo, mesmo sem muita confiança dessa vez.
- Podem nos receber em sua casa? - Pergunto, mostrando meu genuíno interesse em ajudar.

- Será uma honra, mais do que uma honra. - Responde Anneliese com entusiasmo.

- Não. - Um dos guardas interrompe, firme.

Um DescasoOnde histórias criam vida. Descubra agora