Aurora narrando:
- Não, não! - Minha voz interrompe pouco antes dos guardas atirarem.
O casal se arriscou de vir aqui, em frente à mansão do Ethan, mas eles estão aqui por algo importante, vejo em seus semblantes.Os guardas, surpresos pela minha intervenção, abaixam lentamente suas armas, permitindo que a tensão no ar se dissipe gradualmente. O casal de visitantes que antes se abraçaram no momento de susto, se afastam aliviados.
- O que fazem aqui? - Os guardas perguntam, com as vozes carregadas de autoridade.
- Queríamos falar com a Aurora, precisamos dela. - Um dos visitantes declara com urgência.
Os guardas, agora mais alertas, olham para mim em busca de orientação. Eu me coloco diante do casal, tentando transmitir calma com minha presença.
- Está tudo bem. - Eu tranquilizo os guardas que ficam hesitantes. Volto meu foco ao casal e pergunto:
- Sim?
- Eu os conheço de algum lugar? Aconteceu alguma coisa? - Acrescento demonstrando preocupação e curiosidade.A mulher se aproxima, receosa, analisando os guardas atrás de mim.
- O meu nome é Anneliese e esse é o meu marido, Stefan. - Se apresenta para mim.
- Você é ainda mais linda de perto. - Acrescenta, fazendo meu rosto arder de timidez, e eu sorrio.- São os seus olhos. - Respondo.
- A Srta. não nos conhece, ninguém da sua classe nos conhece, somos só cidadãos cujo o sobrenome não importa muito. - Diz, apagando aos poucos o meu sorriso.
- Mas... A Srta. teve uma realidade como a nossa, a vida toda. Eu vim aqui com pressentimento de que te encontraria. Você é a única que poderia nos ajudar. - Acrescenta.- Eu? - Pergunto, os olhos se arregalando enquanto sinto o peso da responsabilidade se instalando em meus ombros.
- Eu não sou ninguém nesse país. A razão pela qual não os conheço é simplesmente porque mal saio por aí, e isso não tem nada a ver com o meu noivado. - Explico, embora saiba no fundo que eles provavelmente não me enxergam dessa maneira.- Os muros dos Sirens, são altos demais, Srta. Francine. Eles de fato contribuem muito com o país, com o continente, mas são tão protegidos que é necessário uma grande movimentação para chegar até eles. Uma porcentagem, números, não conseguem escutar a minoria. - Ela diz frustrada, mas ainda sim com determinação.
- Mas você parou os seus guardas para me ouvir. Você escuta a minoria. - Acrescenta, com um brilho de esperança em seus olhos.- Não são os meus guardas. - Retruco calmamente, olhando cada um dos mesmos. Eles me seguem e provavelmente ficarão na casa nova, protegendo minha filha. Talvez agora eles sejam meus também, uma realidade que só percebi agora.
- Como posso ajudá-los? - Pergunto, finalmente.
- Eu não tenho o sobrenome Siren, mas posso tentar. - Acrescento, confiante.Conquisto um sorriso de Anneliese, que olha para trás em direção a Stefan.
- Nós moramos em um bairro, Neukölln, que tem sofrido com falta de energia há quase duas semanas. E sim, todos lá pagam a conta de luz. Tentamos entrar em contato com a Vattenfall Europe mais vezes do que pode imaginar, mas devido à localização, eles nunca aparecem para resolver. - Explicam.Ok, se a Vattenfall Europe é fornecedora de energia pela maioria das áreas da cidade de Berlim, e não dão retorno, talvez haja outras formas de resolver o problema de falta de energia.
- Ótimo... - Gaguejo.
- É uma falta de energia. - Repito, refletindo sobre como posso ajudar.
- Posso tentar resolver. - Falo, mesmo sem muita confiança dessa vez.
- Podem nos receber em sua casa? - Pergunto, mostrando meu genuíno interesse em ajudar.- Será uma honra, mais do que uma honra. - Responde Anneliese com entusiasmo.
- Não. - Um dos guardas interrompe, firme.
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Um Descaso
Romance(História se passa nos dias atuais) Ambientado em Berlim, aos 18 anos, Aurora descobre estar grávida de Ethan Jones Siren, um multimilionário descendente da Monarquia com uma personalidade fria, que a manipulou com falsas promessas de amor. Diante d...