o outro lado dessa vida

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J U N G K O O K

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J U N G K O O K

Jungkook abriu os olhos. O celular estava encaixado entre sua bochecha e o colchão. Ele pegou o aparelho e estudou a tela rachada e inerte. Ao erguer o corpo, sua cabeça pesada, que parecia cheia de areia, tombou para frente. O quarto girou. Ele estreitou os olhos para a notificação que surgiu na parte superior da tela.

Jimin Woo Woo: Vamos à praia. O dia está lindo.

Ao verificar a hora, seu corpo e sua alma desejaram voltar para a cama. Ainda eram nove da manhã e Jimin já estava enérgico para mais uma aula de surfe.

— Por quê? — perguntou para o quarto vazio.

Ele desejou que alguém apagasse a luz do sol para que parasse de lhe incomodar os olhos. E talvez, conseguisse reunir um pouco mais de ânimo para começar o dia.

Seu celular estava aos pedaços. Assim como ele, após uma noite de sono extremamente perturbada; sonhara com seu pai, com o último encontro que tiveram — e atitudes que, na realidade, Jungkook seria incapaz de tomar —, e por mais derrotado que estivesse, ao menos livrara-se daquele pesadelo. Ele desabou contra o travesseiro outra vez e rolou de barriga para cima e fechou os olhos enquanto o quarto girava ao redor. Parecia de ressaca. Boca seca e dor nas laterais da cabeça.

Tirou a camisa e chutou a calça justa para longe do corpo.

Precisava de um banho, mas se levantasse, cairia de cara no chão.

Com muito esforço, Jungkook se levantou e se apoiou contra a parede. Aproveitou para espiar pela ventarola o dia lá fora e grunhiu ao ver o sol brilhar forte no céu azul acima do trailer. Quando o sangue fluiu o suficiente pelo corpo, se afastou da parede e cambaleou até o banheiro completamente desajeitado. Foram necessárias algumas tentativas antes de finalmente conseguir se equilibrar embaixo do chuveiro.

O toque da água fria em seu corpo o fez arfar, um arrepio feroz em sua espinha quando fechou os olhos e imagens do sonho que tivera rodopiou em sua mente. Seu pai era uma parte de sua vida que desejava manter afastada, em sigilo, na região mais profunda de sua alma. Se possível, esquecê-lo completamente, mas ficava cada vez mais dificil.

Jungkook baixou a cabeça e encarou os pés exarcados, para o redemoinho de água no ralo e se apoiou na parede fria. Ele se perguntou se havia formas piores de acordar, sem motivo aparente, sem álcool no sangue, ele apenas se sentia prestes a desmoronar. Seria bem-feito para ele por ser um mau filho e abominar a ideia de ter um pai.

Então era isso. Estava sozinho no mundo, afinal?

Ele levou quase trinta minutos no banho. Aquilo mostrava o quanto precisava de um tempo para reunir coragem e sair de casa. Por um brevíssimo momento, Jungkook sentiu estar a beira de um surto de pânico novamente. Sentiu-se tenso, preocupado, com o coração acelerado e um sentimento obscuro numa espécie de luto.

Venus Is A Boy | pjm + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora