Capítulo 21

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GIZELLY

O relógio apontava para às dez da manhã quando cheguei em casa. Quase não dormi, pois tive que sair às seis para encontrar meu cliente.

Não costumo trabalhar aos fins de semana, mas foi um caso de extrema urgência. Ele estava foragido e me ligou para que eu pudesse encontra-lo nesse esconderijo. Conversamos, o aconselhei e lhe passei algumas instruções antes de eu voltar para o meu apartamento. Rafaella havia ficado dormindo quando saí.

Suspirei cansada, subindo a escada em direção ao meu quarto. Reparei que a mesa do café estava pronta. Segui corredor a dentro e quando entrei vi Rafaella no banheiro. Ela estava de frente para o espelho, se maquiando. Usava uma calça jeans, sutiã e um chinelo meu.

- Bom dia!- Chamei sua atenção, depositando minha pasta sobre a cama.

- Estava preocupada, achei que não fosse me despedir antes de ir.-

- Quase não venho a tempo.- Suspirei pesado enquanto retirava meu blazer.

Logo segui até a porta do banheiro e me encostei no batente, cruzando os braços.

- O que houve?- Ela perguntou ainda concentrada no que fazia.

- Um cliente meu caiu numa armadilha preparada pela polícia. Ele estava cometendo o delito quando foi surpreendido, e agora tá escondido. Conseguiu escapar.-

- Ele foi bem hábil.-

- Sim! Conversei com ele, mas você sabe, eu sou advogada.-

- Sei muito bem o que quer dizer... O aconselhou a se manter escondido, pra dar tempo de relaxar o flagrante e ele responder o processo em liberdade.- Não respondi, apenas concordei com um meio aceno. - Bom, eu não vou me meter no seu trabalho.- Logo guardou os produtos na nécessaire. - Vamos tomar café? Estava só te esperando.-

- Vamos!-

A observei fechar a bolsinha para logo se aproximar, mas eu não saí do lugar. Queria abraça-la. Ela é promotora de justiça, faz justiça, e sei que a minha atitude como advogada de defesa a aborreceu. O que é completamente normal para mim, é desumano para ela.

Levei minhas mãos até seu rosto e selei nossos lábios em um selinho breve, suave. Ela levou as mãos em minha cintura e me abraçou, porém me encarou quando sentiu algo a mais ali, no fim de minha coluna, preso no cós de minha calça. Eu havia esquecido de me desarmar e deixar o objeto na maleta.

- É só precaução. Eu fiz curso e tenho porte.-

- Sem problemas, eu só não esperava. Eu também não sou boba.-

Eu ri com sua fala.

- Sei que você também anda armada por aí... Mas agora vamos lá tomar café, e a Nena tá preparando uma muqueca capixaba pra gente almoçar.-

Selamos os lábios uma última vez e fomos em direção ao andar de baixo. Mas não sem antes eu guardar o revólver e trocar meus sapatos por um par de chinelo confortável.

Depois do café da manhã, a qual Madalena se sentou e compartilhou do mesmo conosco, Rafaella e eu nos sentamos no sofá da sala de estar. A mais velha havia pedido licença e foi em direção a cozinha para preparar o almoço, nos deixando a sós. Eu estava preocupada demais com o inquérito a qual eu enfrentaria amanhã com meu cliente. Ele certamente estará muito encrencado.

Rafaella estava ao meu lado, toda a vontade. Meu braço estava sob o apoio do estofado, dando volta em seus ombros, e sua cabeça pendia para trás, encostada nele. A lateral do seu corpo estava colado ao meu, e sua atenção em seu telefone celular.

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