Capítulo 18

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GIZELLY

Estacionei o carro na garagem e pegamos o elevador. Freitas estava encantada com o edifício onde moro. Ele é todo de vidro, e o meu andar era o último. Subimos com ela atenta ao que o elevador servia como cenário. Os prédios iluminados e as ruas de São Paulo. A porta se abriu em um hall só meu, logo abri a porta da sala. Ouvi quando saiu bem baixinho de sua boca, a palavra uau.

Sorri com aquilo. Ela parecia uma criança no mundo dos sonhos.

- Posso ir lá?-

- Claro que pode! Fiquei a vontade.-

Enquanto ela ia até a vidraça, encarar o mundo lá fora, tratei de fechar a porta, e em seguida fui até a cozinha. Peguei duas taças, a bandeja de petiscos a qual Madalena havia deixado preparado, e voltei para a sala.

Coloquei tudo sobre a mesinha de centro, abri a garrafa e comecei a servir as taças. Rafaella ainda observava a rua, com a mente longe. Peguei as taças e me aproximei.

- O que tá passando nessa cabecinha?- Perguntei entregando uma das taças.

- Voltei no tempo. Lembrei de quando meu pai levava meu irmão e eu pra Nova Iorque, era exatamente assim.-

- A cidade que nunca dorme.-

- Sim!- Ela sorriu, levando a taça à boca.

Fiz o mesmo.

- Vamos sentar? Pedi a Nena pra preparar algumas coisinhas pra gente ir beliscando.-

Ela olhou para trás e viu a bandeja. Logo me encarou com o cenho franzido.

- Você é muito ousada.- Seu comentário me fez rir.

- Por que?-

- Ainda pergunta? Fechou uma reserva sem antes saber se eu viria jantar com você, comprou um vinho sem saber se eu aceitaria o convite de estar aqui, e agora me vem com uma bandeja pronta, cheia de petiscos, como se já soubesse a minha resposta. E se eu não viesse?-

- Aí eu tomaria o vinho e comeria tudo isso sozinha. E ainda te mandaria foto...- Ela riu revirando os olhos com a minha resposta divertida. - Estou acostumada a viver sozinha, isso pra mim é rotina aos fins de semana...- Virei a taça na boca mais uma vez.

- Ousada.-

- Eu chamo de otimismo!-

- Tá longe de ser otimismo. Vem, vamos sentar pois daqui a pouco tenho que ir.-

- Vamos ali pra cima? Tem um espaço feito pra isso.-

Ela assentiu e eu entreguei minha taça para ela. Peguei a bandeja e a garrafa, e subimos. Na parte de cima, realmente tem um espaço planejado para esse tipo de evento. Um homer bar. Composto por quatro poltronas e uma mesa no meio delas. Duas delas viradas para toda a vista da cidade. Coloquei a bandeja e a garrafa sobre a mesinha e segui até o som, colocando uma música ambiente bem baixinha. Ali também havia um buffet com várias outras bebidas, uma mesa de bilhar e uma de totó. Ambas pretas, lindas.

Rafaella permaneceu de pé desde que subimos. Ela ainda segurava as taças, esperando eu voltar para me entregar.

- Fique à vontade, podemos sentar nessas.- Apontei para as poltronas que estavam de frente para o vidro.

Nos sentamos.

- Você não é Paulista, né?!- Sua pergunta chamou minha atenção.

- Não, sou capixaba. Mas moro aqui desde o tempo da faculdade.-

- Hum, não tem sotaque paulista.-

- E nem você tem sotaque carioca.-

- Sou mineira.-

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