Capítulo 26

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RAFAELLA

Há tempos eu vinha estranhando o comportamento de Gizelly. Nosso envolvimento começou intenso demais, e se estendeu por vários dias, semanas, até que completou um mês desde quando resolvemos levantar a bandeira da paz. E talvez seja por essa intensidade toda, que eu senti a diferença quando deu uma esfriada.

No início eu pensei que fosse por conta das nossas rotinas; uma vez que nos falávamos por chamada de voz sempre que podíamos, e as mensagens diariamente. Entretanto, até nisso a frequência diminuiu gradativamente. Tudo isso se deu pela nossa última conversa, há duas semanas atrás. Fui franca em pontuar algumas coisas entre nós, e ela parecia ter entendido. No entanto, se afastou.

Até pensei em deixar pra lá e seguir a vida, como ando fazendo desde o fim do meu relacionamento com Giovanna. Porém as trocas de mensagens continuaram, poucas mas ainda ativas. As ligações, vez ou outra. E pensando em não perder totalmente o contato, decidi ir atrás de explicações. Ou em outro caso, pôr um ponto final de uma vez por todas e não deixar nada mal acabado. E eu esperava sinceramente que fosse a primeira opção: conversar e se entender, pois gosto do que temos. É cruelmente difícil admitir, mas Gizelly Bicalho Abreu me faz tamanha falta quando se ausenta por muito tempo.

Minhas saídas com o promotor redeu em uma grande amizade. Allan até tentou flertar comigo de alguma forma, mas todas as vezes eu desconversei. Não que eu não quisesse, mas não sentia vontade de ir mais fundo. De pular para uma próxima etapa da nossa amizade. Na verdade, eu sentia sim vontade de trocar beijos. Inocentes e quentes. Mas não com ele ou com qualquer outra pessoa, e sim com Gizelly.

Quando cheguei em seu escritório, a vi com uma expressão atordoada. Parecia não acreditar que eu estava ali de repente, e ao mesmo tempo preocupada. Conversamos e por hora ficou tudo bem. Depois ela me fez uma proposta e eu aceitei sem hesitar, animada com o convite. Fomos até o hotel buscar minha mala, logo em seguida passamos em seu apartamento. Fiquei deveras ansiosa de passar o final de semana em uma pousada, no lugar a qual sempre tive curiosidade de conhecer. Durante o trajeto paramos em um restaurante e jantamos, mas logo pegamos a estrada novamente. O destino final era o litoral Norte de São Paulo, o município de Ilhabela.

A viagem durou cerca de três horas e alguns minutos, contando com o tempo na estrada e a travessia na balsa. Agora estou eu aqui, dentro do carro esperando por Gizelly, que desceu e foi até a recepção fazer o check in. Ela voltou minutos depois com a chave da suíte e me entregou.

- Escolhi um dos quartos no segundo andar, todos em cima tem vista para o mar na sacada de trás.-

- Sem problemas...- Falei em um suspiro cansado. Eu só queria chegar, tomar um bom banho e deitar.

Meu corpo já começara a reclamar. Hoje eu trabalhei e quando encerrei meu expediente, arrumei algumas roupas na mala e peguei o primeiro voo disponível. Agora passei mais três horas de estrada, estou realmente exausta.

A pousada é linda! Gizelly estacionou o carro em uma das vagas no pátio e pegamos minha mala e sua mochila. Essa que ela pôs na costa, enquanto puxava a outra pela alça.

Subi na frente para abrir a porta, e quando chegamos na numeração riscada na chave, introduzi a mesma na fechadura e girei junto com a maçaneta.

O cômodo não era tão grande quanto a minha suite e a dela, mas era fofo e absolutamente confortável. Espaçoso o suficiente para nós duas. A decoração rústica me encantou, havia uma hack com tv e home theater, lugar para organizar nossas roupas, a sacada com a vista para a natureza, porém no fundo daquele cenário, a praia. Não se podia ver perfeitamente a beleza do lugar à noite, mas creio que pela luz do dia deve ser a coisa mais linda. Havia também uma hidro ali. E por último e não menos importante, o banheiro.

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