Minha Promotora

Capítulo 55

RAFAELLA

O avião aterrissou às seis e dez da noite em solo caribence. Consegui pegar três dias de folga, hoje (quinta-feira), sexta e segunda. São pelas horas extras que fiz ao longo dos meses. Eu estava tão ansiosa e empolgada, que não deixei Gizelly dormir essa madrugada. Pois quando chegamos em casa na noite de ontem, a fiz trocar o horário do voo. E o que era pra ser às seis da manhã, se tornou às quatro.

Foram treze horas e alguns minutos, até que finalmente chegamos. Gizelly e Lucca dormiram feito rainha e príncipe. E eu simplesmente não consegui pregar os olhos.

Ela empurrava o carrinho de bagagem com as malas, enquanto eu a seguia com o bebê em meu colo. Nosso filho estava enjoadinho, a viagem foi extremamente cansativa.

Chegamos ao balcão de atendimento e Gizelly se apressou em falar com o balconista. Nosso intuito era alugar um carro.

- Buenas noches!- Ela o cumprimentou e ele devolveu o cumprimento. - Quisiera alquilar un auto.-

- Documentos, por favor!-

Enquanto os dois conversavam na língua espanhola, prestei atenção em cada detalhe daquele lugar. O aeroporto era todo temático, com um ar tropical do Caribe. E de todas as línguas faladas ali, entre as pessoas que circulavam pelo local, o inglês e o espanhol eram as mais pronunciadas.

- Vamos, vida!- Seu chamado tirou-me de meus devaneios. Começamos a caminhar.

- Conseguiu?-

- Sim! São os mesmos trâmites do Brasil. Vamos pegar com o tanque cheio e devolver cheio. E se passarmos do horário estabelecido no contrato, eu pago uma multa. Porém a multa aqui é bem mais cara.-

- Imagino.-

- Peguei um grande e bem espaçoso, pra caber as malas e depois usarmos com conforto. Ah, eu pedi para incluir uma cadeirinha. Acredita que aumentou três por cento do valor?-

- Não estamos no Brasil, meu amor. As coisas fora do nosso país são bem mais rígidas.-

- Constatei isso em todas as viagens que fiz, tanto a passeio, quanto a trabalho.-

- À trabalho, com certeza você já esperava. A justiça nacional é falha.-

Ela soltou uma risada e eu revirei os olhos. Lógico, tá acostumada a soltar bandidos.

Chegamos no estacionamento e Gizelly acionou o alarme. O carro era, sim enorme, e muito bonito. Coloquei Lucca na cadeirinha, que não ficou muito satisfeito, enquanto ela distribuía as malas no porta-malas.

Pegamos a estrada e eu percebi que não só o aeroporto, mas toda a Cidade da República Dominicana era temática. O lugar é realmente incrível, e mais ainda pessoalmente. Íamos em direção ao município de Punta Cana, e eu estava deveras encantada, com os olhos brilhando, através do vidro da janela. Até que num dado momento adentramos uma estrada de chão, onde só se via árvores e matos. No fim dessa estrada, uma espécie de Ilha.

Chegamos no hotel reservado por Gizelly alguns minutos depois. Ela deu nossos documentos na recepção e deixou um cartão com eles para as despesas. Essa era uma das regras. Eu ofereci também o meu para ajudar nos custos, mas ela não aceitou e só faltou me engolir viva só pelo olhar atravessado. Quando finalmente nossos dados foram anexados às fichas de hóspedes, pegando o cartão chave do quarto e antes de subirmos, Gizelly trocou os reais por pesos.

A suíte era enorme, parecia mais um apartamento. Logo na entrada havia uma anti-sala, era uma espécie de ambiente para as refeições, composta por uma mesa com cadeiras e um buffet com máquina de fazer café, cápsulas de todos os sabores, xícaras e alguns potes de biscoito. Ao lado direito, há um pequeno hall com três portas. Uma delas, do banheiro e as outras duas, os quartos. Já ao lado esquerdo, num nível mais baixo por conta da escada de poucos degraus, uma sala com tv. Neste mesmo ambiente havia um sofá, uma hack com tv e uma sacada grande com vista para o mar. Como estava a noite, era difícil distinguir a grandeza e a beleza da praia. Porém as luzes coloridas das piscinas no meio do hotel que tinha um formato da letra W, e os quiosques no fundo do cenário, já dava para imaginar o quão lindo seria aquilo pela manhã.