RAFAELLA
No dia anterior, cheguei ao Ministério Público atrasada. Não que eu estivesse perdido o horário, ou algo do tipo. Eu simplesmente senti um mal-estar e voltei para casa quando estava prestes a sair da garagem em direção as ruas do condomínio.
Bianca ainda estava na mesa do café, fazendo seu desjejum. Era sua folga e se assustou ao me ver voltando, pois segundo ela, eu estava pálida. Nem preciso dizer que ela ficou durante meia hora seguidas enchendo os meus ouvidos com seus sermões. Falava que eu precisava me alimentar melhor e dormir bem. E eu não discuti, apenas comi uma fruta e ingeri um remédio para o estômago. Eu realmente estava sem me alimentar corretamente, só comia algo bom e saudável quando era seu dia na cozinha. Todavia, ela mais jantava na casa de Mari do que na nossa própria casa quando os dias eram meus. Eu não tinha tempo para cozinhar, pedia lanches na rua, mas dizia à ela que comia em algum restaurante antes de chegar em casa do trabalho. E ela acreditava.
Esse caso está me deixando totalmente fora da casinha. Era nossa chance de colocar um dos traficantes procurados pela justiça, atrás das grades. Estávamos trabalhando nisso há um ano. E depois dele, seguiríamos para os outros três. Um de cada vez.
Sentei em minha poltrona, no meu gabinete e trabalhei em alguns casos. Às manhãs eu dedicava meu trabalho nos processos diários, já pela tarde, no julgamento que estava por vir. O julgamento de Alexandre Santana, o Babu da Rocinha.
Perto do meu horário de almoço, resolvi aceitar o convite de Allan para comer no restaurante. Desde quando peguei o caso, não tenho quase visto o promotor. Ele sempre me convida, mas eu sempre recuso. Eu estava definitivamente empenhada no processo.
Conversamos durante a refeição e eu desabafei sobre os acontecimentos. Ele se ofereceu novamente para ser assistente de acusação e eu aceitei. Até então a promotoria ainda não havia escolhido meu assistente. Na verdade eu chamaria a promotora Manoela, mas aceitei que Allan me ajudasse, já que ela também estava no meio de um processo árduo. Não queria atrapalha-la, mas queria que fosse alguém com experiência no caso. Porém Allan é muito dedicado, e eu tenho a certeza de que a partir de hoje até o dia do julgamento, ele terá as estratégias perfeitas.
Comentei que isso tudo tem me estressado, afinal, os bandidos estão nos fazendo de bobos. Eles debocham da justiça o tempo todo e estamos agindo tudo por debaixo do pano. Pegaremos o primeiro de surpresa.
Quando voltamos para o edifício do MP, Allan passou em meu gabinete e eu fiz cópias de todos os documentos do processo, deixando apenas os novos altos para serem entregues depois. Ele seguiu para o seu gabinete, prometendo estudar o caso e me ajudar na acusação. Quando estava saindo da sala, esbarrou com Daniela na porta.
- Doutora Freitas? Eu trouxe aqui esses papéis que a senhora pediu para o Igor ir buscar na Vara.-
- Ah sim, são os altos corrigidos. Pode fazer uma cópia desses e mandar para o promotor Allan Souza? Só faltam esses, eu só estava esperando chegar.-
Ela assentiu e se retirou, carregando o envelope nas mãos.
Comecei a focar minha atenção nos papéis em minha mesa, até que Daniela voltou. Agradeci e peguei os novos documentos. Ali constavam algumas mudanças. Os nomes dos representantes da promotoria e advogados de defesa do réu. Advogados esses, que não foram parios para o caso. Todos correndo da justiça, pois sabem bem o que está acontecendo.
Vi que o nome da promotoria Manoela Gavassi foi substituído por Rafaella Freitas de Castro. E os dois advogados anteriores por...
- Gizelly Bicalho Abreu???- Li o nome em voz alta, sem acreditar no que meus olhos viam.
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Minha Promotora
FanfictionGizelly Bicalho Abreu, Advogada criminalista. Rafaella Freitas de Castro, Promotora de Justiça. Apesar de se conhecerem pela fama de uma das melhores advogadas do país e uma das melhores promotoras, as duas se enfrentarão pela primeira vez no Tribun...