Capítulo 30

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RAFAELLA

O relógio apontava para às dez e quinze da manhã quando deixei o gabinete da corregedoria. Estávamos em reunião desde às sete, quando o edifício começou o funcionamento do dia.

Entrei em minha sala e pus a bolsa sobre a mesa, em seguida busquei por uma água no frigobar. Abri a garrafa e despejei no copo com os meus pensamentos longe. Pensava no conteúdo daquela reunião tão ordinária. Bebi tudo em um só gole e quando estava prestes a voltar para a mesa, o promotor Allan Souza apareceu.

- Posso entrar?-

- Entre! Aconteceu alguma coisa?-

Ele soltou uma risada pequena enquanto se aproximava. Me encostei na mesa e ele parou em minha frente.

- Tá tensa?-

- Um pouco, essa reunião foi de arrancar os fios de cabelo.-

- Sim, os meus estão até bagunçados.- O comentário descontraído me fez rir.

- Mas diga! Acabei de te ver na reunião, o que veio fazer aqui? Saudades?-

Ele riu dessa vez.

- Vim te chamar pra almoçar. Há tempos não aproveitamos a folguinha.-

- Você desapareceu por esses dias.-

- E você sabe o motivo... Estive preso em uma denúncia terrível.-

- Te entendo! Vamos então?-

Ele assentiu e eu peguei minha bolsa.

Assim que deixamos o Ministério Público, seguimos caminhando pelo estacionamento até seu carro. Entramos, nos acomodamos e ele deu partida para o restaurante.

Estávamos já na metade do caminho quando meu telefone celular vibrou e tocou em minha mão. Eu já esperava, era a ligação de Gizelly.

Ligação on: Gizelly advogada

- Oi, Gi!

- Oi, linda! Boa tarde!

- Boa... Estava esperando.

- E eu ansiosa, consegui largar aqui pra almoçar. Como vão as coisas por aí?

- Calmas, por enquanto. Tive uma reunião ordinária pela manhã e só terminou agora. Estou indo almoçar com o promotor.

- Ordinária, é?! Alguma coisa grave?

- Sim, mas depois conversamos sobre isso... Está sozinha?

- A Deo está comigo... Bom, então ótimo almoço pra você, e a gente se fala mais tarde.

- Ok, pra você também.

- Beijos, minha promotora!

- Beijos, doutora advogada! Foi bom ter ligado.

Gizelly riu antes de desligar, e eu guardei o aparelho na bolsa com um sorriso involuntário no rosto.

- Tá ficando mesmo sério.- Allan comentou como quem não quer nada.

- O que?-

- Esse envolvimento de vocês.- Sorri amarelo, no entanto, concordando. - Tá gostando da advogada? Quem diria...-

- Não acompanhei.-

- Vocês não se davam bem, ou pelo menos eu via como se tratavam quando se esbarravam por aí... Agora você está com um sorriso bobo apaixonado no rosto, só porque acabou de falar com ela.-

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