Capítulo 13

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GIZELLY

Terminei de vestir minha beca e olhei as horas na parede daquela sala. Faltava menos de meia hora para a sessão começar e Deolane ainda não havia dado as caras.

Ela foi até o Rio logo após a prorrogação da audiência, e eu não fazia ideia do que ela foi fazer. Flayslane, vulgo Duda, ou Maria Eduarda, estava na sala comigo.

- Estou indo! Um oficial vem te buscar já já...- Avisei e ela assentiu. Essa que também estava curiosa e apreensiva com o resultado.

Quando cheguei no salão do tribunal, vi a plateia cheia. E Ivy estava ali, com o seu ficante. Dessa vez ele veio acompanha-la.

No dia anterior, logo depois do recesso de vinte minutos a qual o juiz decretou, ela ligou para o meu telefone celular e pediu para falar com a amiga. Foi firme em dizer que daria uma última chance, afim dela falar toda a verdade na frente do juiz e para todos. Caso contrário ela o faria, dizendo estar presente no local do crime. Aquilo assustou a ré, e parece ter funcionado, pois ela pediu a palavra e finalmente foi sincera.

Faltando dez minutos para a sessão começar, Deolane entra no plenário. Suspirei aliviada ao vê-la se aproximar, já vestida em sua beca.

- Onde é que você estava, doutora? Estive preocupada.-

- Desculpa, fui em busca de um elemento chave pra nossa defesa.-

- E quem é? Ou o que é?-

- Surpresa.- Ela piscou um dos olhos e eu assenti. Ainda assim desconfiada.

Logo vi a promotora chegar e sentar em seu lugar. Hoje ela usava os cabelos soltos, estava mais séria do que no dia anterior, e tão bonita.

A campainha soou, tirando-me de meus pensamentos. Levantamos em reverência ao juiz, e assim que ele entrou e se sentou, nos sentamos também.

Dessa vez o julgamento não se estenderia muito. Enquanto Deolane foi ao Rio, estive em Resende conversando com o legista a qual examinou o corpo do rapaz, Felipe Antoniazzi Prior. Um outro crime havia acontecido na Cidade e esse mesmo legista examinou o corpo da moça que foi encontrada em óbito. Ele aceitou dar seu depoimento novamente, relatando esse fato. Foi o primeiro a ser chamado. Freitas fez perguntas e ele respondeu, logo depois eu também fiz. O júri prestava atenção em cada detalhe, principalmente quando o homem comentou sobre a possibilidade dos dois crimes terem sido cometidos pela mesma pessoa. E essa pessoa não poderia ser minha cliente; uma vez que ela estava detida.

Logo após ele, o delegado da Cidade, confirmando a versão.

- Com a palavra, a defesa, com o seu arrazoado.- O juiz nos deu a palavra.

Me levantei, seguindo até o júri e parei bem a frente da arquibancada.

- Senhores Jurados, o crime está esclarecido. Todas as provas contra a ré eram apenas circunstanciais, ninguém a viu matar. Ela é inocente! O segundo crime assemelha-se demais ao primeiro, e ela não pode ter cometido o segundo. Ou seja, ela disse a verdade. Ela não matou! Eu peço a liberdade dessa mulher.-

Voltei para o meu lugar, tendo a certeza de que a promotora me devorava com os olhos.

O juiz mais uma vez se pronunciou, passando a palavra para a mesma. Ela levantou e seguiu para onde eu estava.

- Meritíssimo, o objeto do primeiro julgamento, à morte de Felipe Antoniazzi Prior, não foi resolvido. O fato de um crime semelhante ter ocorrido, não prova que foi cometido pela mesma pessoa. Mas essa mulher confessou um crime anterior... A morte de um amante. Quem é essa mulher?!- Eu poderia ver as veias saltarem de seu pescoço. Freitas estava a ponto de explodir. - Invoco a própria ré, pois há um crime pendente.-

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