Capítulo 46

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GIZELLY

Seis meses depois...

Daniel Caon havia me ligado pedindo, encarecidamente, a minha ajuda. Sua empresa estava passando por desfalques e ele desconfiava quem seria o autor desses desfalques. Pyong Lee, seu sócio.

Cheguei na Coreia do Sul à tempo de acompanhar o desfecho do inquérito. Estava por encerrar, restavam apenas alguns dias para a conclusão.

Meu primo tem uma produtora audiovisual e há anos atua no mercado com seu então sócio. Esse que é o principal suspeito. Ele me deu livre acesso na empresa, e por mais que a polícia estivesse fazendo o seu papel, fiz questão de fazer minha própria investigação como advogada. Reuni o departamento financeiro e pedi cópias de todos os arquivos atualizados e registrados nos últimos meses. E junto desses documentos, pedi também as notas fiscais, fluxogramas de caixa, registro de compras de instrumentos e vendas das produções. Faria uma vistoria rigorosa, até chegar onde de fato o rombo começou.

Foram semanas de investigação, até que o inquérito fosse fechado. Enquanto a ANPC (Agência Nacional de Polícia da Coreia) fazia a denúncia ao Ministério da Justiça do país, eu mantinha minhas investigações internas. Conversei com todos os funcionários e com a ajuda de um técnico profissional, vasculhamos todos os sistemas operacionais da empresa. Eu só não sabia que daria tanto trabalho.

Quando Pyong Lee passou a ser investigado, fiz questão de acompanhar minuciosamente todos os passos dessa investigação. Fui até sua casa com os agentes, apreendemos alguns computadores, e o que mais o irritou foi a notícia de que seus bens haviam sido bloqueados. Foi a primeira coisa que eu fiz assim que cheguei ao país. Expedi uma liminar para que tudo fosse congelado.

Após desse dia, o processo finalmente foi aberto. Depois de tudo devidamente encaminhado, não tínhamos muito o que fazer, a não ser esperar. Só não sabíamos quando a Justiça determinaria a data da audiência.

As coisas foram tão intensas por aqui, que o tempo passou rápido demais. E quando me dei conta, já estava na hora de voltar para o Brasil.

Durante esses meses em que estive aqui, senti falta do meu País. Da minha casa, dos meus amigos e da minha família. Conversei todos os dias com minha mãe e Madalena, essa que tirou férias durante a metade do tempo em que estive aqui. Não havia necessidade dela estar em nosso apartamento sozinha, então liberei para que ela fizesse essa viagem de três meses para o Espírito Santo. Agora ela já estava de volta, dizia preparar algo muito bom para quando eu voltasse. Eu sentia falta de suas receitas.

Com minha mãe, falei um pouco sobre meu envolvimento curto com Rafaella. Contei da gravidez inesperada e ela se mostrou bastante feliz. Apesar de ter sido pega de surpresa, ela amou a notícia de ter um netinho.

Também falei bastante com Jaqueline, ela ficou responsável pela GB Criminal e me passava com detalhes sobre tudo que acontecia em minha ausência. Falávamos por chamada de voz duas ou três vezes na semana, e fazíamos a nossa conferência mensal por vídeo chamada, junto com os outros advogados. Em relação à isso eu estive despreocupada. Jaqueline é muito bem preparada para esses tipos de eventos, pois não é a primeira e nem vai ser a última vez em que eu precisei me ausentar.

Em um dos finais de semana, fui ao encontro de Fernanda no Japão. Enfrentei cerca de uma hora e cinquenta minutos de voo para curtir o sábado e o domingo com ela, e tirar a prova do que eu tanto queria tirar. Pude provar para mim mesma, que meus sentimentos para com minha ex, agora não passavam de carinho. Meu coração não palpitou como da última vez em que nos encontramos há um tempo atrás. Não vou negar que ele ficou feliz com a companhia dela, mas não bateu forte, amorosamente falando.

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