Epílogo 2

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GIZELLY

Eu havia afastado a mesinha de centro para o canto da sala e espalhado os materiais escolares, junto com as coisas que separei para a maquete. A placa de isopor estava sobre o tapete e Lucca me ajudava em tudo que eu precisava.

Não fazia cinco minutos que Rafaella foi ao encontro de nossa filha, e voltou com ela nos braços, me fuzilando com o olhar. Franzi o cenho ao ver que ela ainda segurava meu telefone celular que eu pedi para pôr no carregador.

- Levanta! Preciso falar com você!-

Estranhei seu tom de voz rígido, vendo-a colocar Alícia dentro do cercado. Logo em seguida, caminhou em direção a cozinha sem dizer mais nada.

- A mamãe tá brava com você?- Lucca perguntou preocupado.

- Eu acho que sim...- Levantei do carpete e me pus de pé. - Já volto, continue separando por cores tá ok?-

Passei pelo cercado e a pequena, assim que me viu, estendeu os bracinhos. Então segui para a cozinha, encontrando Rafaella em pé, encostada na ilha, se braços cruzados.

- O que houve?-

Me aproximei e ela bateu a mão com o aparelho em meu peito, me fazendo segura-lo a tempo de não cair, assim que ela afastou a mão. A tela estava desbloqueada, com a conversa aberta. Arregalei os olhos vendo a foto seminua da minha advogada.

- Ficou? Ela quer saber.- Rafaella perguntou deveras nervosa, se referindo a pergunta de Fernanda.

- O que é isso aqui?-

- Não se faça de sonsa. Você está vendo muito bem o que é isso aí.-

- Sim, a doutora Keulla de lingerie. Só não estou entenden...-

- Não está entendendo? Quantas vezes essa mulher já mandou fotos da bunda pra você?- Finalmente a encarei. Eu estava sem reação àquilo. - Não vai falar nada?-

- Eu não tenho o que falar, Rafa. É o que você está vendo. Ela mandou essa foto pra mim, mas eu estou tão confusa quanto você.-

- Não minta pra mim!- Disse, empurrando meus ombros.

- Não estou mentindo. Veja a conversa... Ver se rolou alguma tipo de diálogo entre ela e eu, pra ela ter mandado isso. Pode ter sido algum engano.-

- Gizelly, cala essa boca! Quanto mais você se faz de cínica, mas irritada eu fico.-

Dito isso, ela saiu às pressas da cozinha me deixando sozinha. No mesmo instante liguei para Fernanda, mas ela não atendeu. Suspirei exasperada e segui os passos da mãe dos meus filhos. Não a vi pela sala, apenas as crianças estavam no mesmo lugar. Lucca no tapete e Alícia distraída com os brinquedos de borracha no cercado.

Passei entre eles, indo em direção ao quarto.

- Mamãe!-

- Meu filho, eu já venho!-

Entrei na suíte e Rafaella não estava ali. Porém ouvi barulho de água caindo na pia do banheiro e logo a torneira se fechando. Decidi ir até lá. Ela secava o rosto com uma toalha pequena.

- Pode por favor parar com isso?-

- Parar com o que, Gizelly? Eu pego a foto de uma mulher quase nua no seu celular, que inclusive já deu em cima de você, e...-

- Não está no meu celular.-

- Que seja!!! Por que você ainda tem o contato dela salvo?-

- Se você reparar bem, esse é meu número comercial. Ela faz parte da empresa e é normal eu ter o contato dos meus funcionários. Eu não troco mensagens com ela e você sabe disso. Aliás, eu não fico de conversinha com mais ninguém que não seja a Jaqueline por conta da administração do escritório.-

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