GIZELLY
Cheguei na casa de Ivy soltando fogo pelos poros. Deolane e ela ainda não haviam chegado da delegacia. Aproveitei esse tempo para tomar um banho gelado e bem demorado.
Foi tempo suficiente para esfriar a cabeça e me acalmar. Apesar de eu manter minha sanidade, calma e postura sempre, eu nunca deixo de me sentir extremamente irritada quando as coisas não saem conforme o planejado. E essa promotora em específico, sempre tirou a minha paz. Desde a primeira vez que nos esbarramos em uma conferência, há dois anos atrás. Logo após a sua nomeação.
Terminei meu banho e pus uma roupa confortável. Me sentia relaxada depois de quase uma hora no chuveiro. Fui até a cozinha e pus o café para passar na cafeteira, eu só precisava disso por agora. Quando ficou pronto, me sentei na mesa da varanda do apartamento com meu notebook e alguns altos que eu trouxe de São Paulo. São casos do escritório as quais estavam sob minha responsabilidade, e esses estavam em andamento. Porém, nada muito urgente quanto esse aqui do Rio.
Passei exatos uma hora entretida em meus afazeres, e só saí do meu mundo da advocacia quando vi a porta da sala ser aberta. Por ela passaram Ivy e Deolane, conversando animadas.
- Ué, já chegou? Achei que fosse demorar mais.- Ivy foi a primeira a me reparar.
- Foi rápido! E aí, o que conseguiram?- Perguntei esperançosa e as duas se aproximaram.
- Ivy convenceu a Duda, ela vai falar com a delegada.- Deolane disse.
- Dar o depoimento dela, você quis dizer...-
- Ela disse que aceitaria conversar.- Ivy pontuou. - Mas fique tranquila, ela vai acabar dando esse depoimento mais cedo ou mais tarde.-
- Cedo é impossível, está tarde demais até.- Suspirei me levantando. Adentrei a sala, indo em direção ao sofá.
- Ai Gi, já é meio caminhando andado... Pensa pelo lado bom, ela vai conversar com a delegada.-
- E quando é essa conversa? Só temos até amanhã pra ela falar alguma coisa.-
- Amanhã!-
As duas se sentaram. Deolane começou a dizer:
- Ela nos contou o que aconteceu entre ela e o homem assassinado antes do crime.-
- E aí?-
- E aí que eles eram amigos. Felipe Prior descobriu algumas coisas da vida pessoal dela e estava chantageando em troca de receber parte dos lucros do bordel.-
- Disso eu já desconfiava.- Falei um tanto pensativa... - Esses casos são muito recorrentes.-
- Mas ela garantiu que não foi a autora do crime.-
- Não mesmo, Gi!- Ivy nos interrompeu. - Duda é uma pessoa muito íntegra, eu não acredito que ela tenha cometido uma atrocidade dessa.-
- Isso é o que estamos tentando provar, mas não depende só de nós.- Respondi e encarei Deolane, para que ela continuasse.
- Ela disse que recebia ameaças dele, mas que ele tinha outras prioridades antes dela. E que se conseguisse o que queria com outra pessoa, deixaria ela em paz.-
- E ele chegou a contar pra ela quem era essa outra pessoa?-
- Um cliente do bordel, caminhoneiro.-
- Então ele chantageava não só ela.-
- Exatamente!-
Passamos mais um tempo conversando sobre o diálogo entre as três, até que Ivy resolveu ir para a cozinha fazer nosso jantar e Deolane para o hotel. Eu, porém, me mantive na sala pensando em tudo que foi dito. As minhas desconfianças e hipóteses estão sendo concretizadas. E eu estava cada vez mais perto de montar esse quebra-cabeça.
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Minha Promotora
FanficGizelly Bicalho Abreu, Advogada criminalista. Rafaella Freitas de Castro, Promotora de Justiça. Apesar de se conhecerem pela fama de uma das melhores advogadas do país e uma das melhores promotoras, as duas se enfrentarão pela primeira vez no Tribun...