Capítulo 7

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GIZELLY

Cheguei na casa de Ivy soltando fogo pelos poros. Deolane e ela ainda não haviam chegado da delegacia. Aproveitei esse tempo para tomar um banho gelado e bem demorado.

Foi tempo suficiente para esfriar a cabeça e me acalmar. Apesar de eu manter minha sanidade, calma e postura sempre, eu nunca deixo de me sentir extremamente irritada quando as coisas não saem conforme o planejado. E essa promotora em específico, sempre tirou a minha paz. Desde a primeira vez que nos esbarramos em uma conferência, há dois anos atrás. Logo após a sua nomeação.

Terminei meu banho e pus uma roupa confortável. Me sentia relaxada depois de quase uma hora no chuveiro. Fui até a cozinha e pus o café para passar na cafeteira, eu só precisava disso por agora. Quando ficou pronto, me sentei na mesa da varanda do apartamento com meu notebook e alguns altos que eu trouxe de São Paulo. São casos do escritório as quais estavam sob minha responsabilidade, e esses estavam em andamento. Porém, nada muito urgente quanto esse aqui do Rio.

Passei exatos uma hora entretida em meus afazeres, e só saí do meu mundo da advocacia quando vi a porta da sala ser aberta. Por ela passaram Ivy e Deolane, conversando animadas.

- Ué, já chegou? Achei que fosse demorar mais.- Ivy foi a primeira a me reparar.

- Foi rápido! E aí, o que conseguiram?- Perguntei esperançosa e as duas se aproximaram.

- Ivy convenceu a Duda, ela vai falar com a delegada.- Deolane disse.

- Dar o depoimento dela, você quis dizer...-

- Ela disse que aceitaria conversar.- Ivy pontuou. - Mas fique tranquila, ela vai acabar dando esse depoimento mais cedo ou mais tarde.-

- Cedo é impossível, está tarde demais até.- Suspirei me levantando. Adentrei a sala, indo em direção ao sofá.

- Ai Gi, já é meio caminhando andado... Pensa pelo lado bom, ela vai conversar com a delegada.-

- E quando é essa conversa? Só temos até amanhã pra ela falar alguma coisa.-

- Amanhã!-

As duas se sentaram. Deolane começou a dizer:

- Ela nos contou o que aconteceu entre ela e o homem assassinado antes do crime.-

- E aí?-

- E aí que eles eram amigos. Felipe Prior descobriu algumas coisas da vida pessoal dela e estava chantageando em troca de receber parte dos lucros do bordel.-

- Disso eu já desconfiava.- Falei um tanto pensativa... - Esses casos são muito recorrentes.-

- Mas ela garantiu que não foi a autora do crime.-

- Não mesmo, Gi!- Ivy nos interrompeu. - Duda é uma pessoa muito íntegra, eu não acredito que ela tenha cometido uma atrocidade dessa.-

- Isso é o que estamos tentando provar, mas não depende só de nós.- Respondi e encarei Deolane, para que ela continuasse.

- Ela disse que recebia ameaças dele, mas que ele tinha outras prioridades antes dela. E que se conseguisse o que queria com outra pessoa, deixaria ela em paz.-

- E ele chegou a contar pra ela quem era essa outra pessoa?-

- Um cliente do bordel, caminhoneiro.-

- Então ele chantageava não só ela.-

- Exatamente!-

Passamos mais um tempo conversando sobre o diálogo entre as três, até que Ivy resolveu ir para a cozinha fazer nosso jantar e Deolane para o hotel. Eu, porém, me mantive na sala pensando em tudo que foi dito. As minhas desconfianças e hipóteses estão sendo concretizadas. E eu estava cada vez mais perto de montar esse quebra-cabeça.

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