Tudo muda

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Rodolffo ouviu atentamente o relato dela e sentiu que devia fazer mais do que oferecer-lhe uma simples refeição.

Fez sinal ao gerente para que se aproximasse e este veio de cara fechada.

- O seu nome por favor?

- Renato, senhor.

- Senhor Renato, por acaso aqui não estão precisando de pessoal?

- Não,  senhor.  Temos o nosso quadro completo.

- A pessoa que está abaixo de si, por acaso encontra-se aqui?  Pode chamá-la?

Renato pediu ao garçon para chamar o chefe de sala.

- Pois não!  Eu sou o Luis, em que posso ajudar?

- Senhor Renato, conhece o dono do restaurante?

- O Senhor Rodolffo Lafonte?  Pessoalmente não conheço.  Qualquer assunto nós reportamos sempre à Sede.

Rodolffo retirou a sua identificação,  mostrou a Renato e disse:

- Tem 5 minutos para abandonar o meu restaurante.  Luís assuma interinamente a gerência até que haja uma solução.   Reorganize o pessoal e contacte-me directamente sobre o que for preciso.
Ah!  Aqui a menina Juliette é funcionária deste restaurante à partir de hoje se ela estiver de acordo.

Rodolffo olhou para Juliette que não entendia o que se estava a passar.

- Queres trabalhar aqui?

- Eu quero.  Preciso muito.

- Luís, veja qual o lugar que ela pode ocupar.  Ela começará daqui a três dias.

Renato ouvia tudo sem opinar até que resolveu falar.

- Eu vou ser despedido por causa de uma vagabunda?

- Cuidado com as palavras.  Não chamei a polícia mas ainda estou a tempo.  Nos meus restaurantes eu não aceito que ninguém seja barrado.  Quem se sentir mal que peça a sala privada ou nem venha.
Como vê, hoje eles amanhã nós.  Hoje você estava empregado, agora é ela.  Aprenda com esta lição.

- Eu só zelei pelo bom nome do restaurante.

- Se me provar que foi uma directriz da presidência,  eu volto atrás,  caso contrário estamos conversados.  Terá os seus direitos salvaguardados, então procure o RH da empresa.
Luís, estamos entendidos?  Alguma dúvida?

- Sem dúvidas dr. Lafonte.

- Vamos embora, Juliette?  Boa tarde senhores.

O restaurante estava situado numa região nobre.  No outro lado da rua um pouco mais acima havia um hotel.  Rodolffo atravessou a rua com Juliette e caminharam até ao hotel.

- Boa tarde.  Preciso de um quarto para 3 meses.

- 3 meses ou 3 dias?

- 3 meses.  Pode emitir a nota que eu pago já.

- Sim.  A sua identificação, senhor.

- A  tua identificação Juliette,  tens?

- Tenho.

- E para a senhorita.  Ela é que vai ocupar o quarto neste período.

Tudo tratado, subiram para ver o quarto.

- Está bom para ti?

- Rodolffo,  porquê?

- Porque hoje acordei para fazer o bem.  Vem cá,  senta aqui.  Vais ter onde morar três meses, vais ter emprego, salário.   Se não conseguires arranjar uma casa entretanto depois falamos.  Eu quero ajudar-te.
Agora vamos fazer compras.  Precisas de roupas novas para trabalhar, nem precisas voltar para buscar os teus pertences. 
A não ser que tenhas lá alguma coisa de que não te queiras desapegar.

- Não tenho nada.  Só roupas velhas e uma manta.

- Vamos lá então.  Vou dizer-te aqui para não ficares constrangida lá.
Compras o que achares necessário em todas as lojas que entrarmos.  Não te preocupes que dinheiro não é o meu problema.

- Também posso comprar um bâton e blush?  Gosto de trabalhar bonita.

- Podes, mas não precisas de maquilhagem para seres bonita.- respondeu Rodolffo sorrindo.

Saíram do hotel, entraram no carro dele e passaram a tarde nas compras.  Quando regressaram ao hotel vinham carregados de sacolas e sacolas.  Roupas, sapatos, maquilhagem, bijuteria e outras coisas normais para o dia a dia.

Com ajuda dos funcionários do hotel tudo foi colocado no quarto.  Juliette era a felicidade em pessoa, mas assim que ficaram a sós desatou a chorar.

- Que foi, Juliette?

- Obrigada.   Como posso agradecer?

- Sendo feliz a partir de agora.  Vou-te deixar o meu cartão e algum dinheiro.  Sempre que precisares liga-me, combinado?

- Sim.

Rodolffo dirigiu-se até à porta e ela seguiu-o.  Ele deu-lhe um abraço e ela um beijo no rosto e ficou a vê-lo entrar no elevador e partir.
Fechou a porta e deitou-se na cama.  Há quanto tempo não experimentava a maciez de um colchão.

CalmaOnde histórias criam vida. Descubra agora