Idiota

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Além de umas visitas pelos arredores e pela cidade, Juliette preferiu aproveitar a praia.

A vista a partir do chalé era deslumbrante e ela adorava tomar café na varanda onde aproveitava para uns momentos de contemplação.

- Sempre moraste aqui com teus pais?

Enquanto foram vivos sim.  Depois morei um tempo em Milão até decidir ir para o Brasil.

- Vou ter pena de ir embora.  Aqui é tão bonito.

- Quando pudermos, vamos voltar.  A nossa vida agora é lá.  Amanhã partimos para Florença.

Os dias em Florença foram dedicados a museus e muitos monumentos.  Juliette gostou, mas não era tudo aquilo que ela imaginava.

No último dia saíram para umas visitas, mas depressa regressaram ao hotel.  Juliette estava febril e sentia-se cansada.

- Vamos ao hospital, amor?  Amanhã regressamos ao Brasil e não quero que vás doente.

- Isto não deve ser nada.  Só cansaço mesmo.

- Cansaço não dá febre.

Foram às urgências e foi-lhe diagnosticada uma virose.  Deve passar rápido disse o médico prescrevendo-lhe uns comprimidos.

Voltaram ao hotel.  Juliette tomou a medicação e deitou-se.  Rodolffo pediu o almoço,  mas ela não comeu quase nada.
Nessa noite suou bastante.  Rodolffo ajudou-a com um banho e a febre começou a descer.  Acordou de manhã já sem qualquer sintoma, apenas cansada.

- Descansa a manhã.   Só temos voo à tarde.

Juliette tomou café e sentou-se na varanda do quarto.  Rodolffo logo veio ter com ela e abraçou-a.

- Deve ser a doença da saudade.

- Como assim, Ju?

- Saudades de Itália.   Logo vamos embora e eu gostei muito de estar aqui.

- Agora já podes ficar no Rio comigo, Ju.

- Para sempre?

- Claro.  O que te prende a São Paulo?  Quando eu for lá vais comigo, matar saudades dos amigos.

- Só tenho a dona Catarina e o pessoal do restaurante.

- E o meu rival.

- Quem é o teu rival que não estou sabendo?

- O Pedro.

- Ah sim!  O Pedro.
Idiota.

Rodolffo olhou com cara de poucos amigos para ela.

- Desamarra o burro que tu és idiota mesmo.  Ainda essa de ciúmes?  Pensei que já tinhas superado essa fase.  O Pedro não é teu amigo?

- É, mas nada impede de dar em cima de ti.

- Respeita-me, está bem?  Sai daqui.

- Não fiques brava.  É zoeira.

- Não fico.  Estou brava.  Sempre essas conversas estúpidas.  Pareces um adolescente.

Juliette estava furiosa.  O que deveria ser um último dia tranquilo foi estragado por uma conversa sem nexo.  Eu sei que ele só quer aperriar-me, mas fico magoada como se ele não confiasse em mim.

Fechou os olhos e recostou-se no sofá.   Rodolffo a seu lado deitou-se com a cabeça no seu colo.

- Desculpa.  Sou parvo mesmo.

- Ainda bem que reconheces.  Brincadeiras mais estúpidas.

- Acabou.  Não penses mais nisso.

- Tu confias em mim, Rodolffo?

- De olhos fechados.

- Não parece.

- Esquece.  Não vamos prosseguir com este assunto.  Não quero sair daqui zangado contigo.

- Então fica calado.

Rodolffo levantou a cabeça e deu-lhe um beijo.  Juliette aproveitou e deu-lhe uma mordidela no lábio.  Foi o início de uma batalha de beijos e chupões entre os dois.

Finalmente o ar ficou mais leve e eles resolveram ir até o restaurante.
Depois de almoço seguiriam directamente para o aeroporto.

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