- Vamos conversar. O intuito deste encontro não era só para sair contigo, mas também porque tenho um assunto que queria falar contigo.
- Lá vem coisa séria. Hoje eu só queria divertir-me.
- E podes, mas escuta.
- Vou comprar um novo restaurante aqui em S. Paulo e queria saber se queres ser a minha gerente.
- Tu és doido? Colocar um cargo de responsabilidade em quem não percebe nada do negócio? Faz 3 meses que eu trabalho no restaurante. Antes nunca tinha feito semelhante trabalho.
Desculpa Rodolffo. Eu sei que queres ajudar-me, mas já fizeste o bastante.- Não estejas tão brava comigo.
- Estou, porque estás a ser pouco profissional. Até posso ir para o novo restaurante, mas como gerente nunca. No máximo, chefe de sala como o Luís.
- Está bom. Falamos nisso noutra altura. Agora outro assunto. Quando voltas a estudar?
- De momento não tenho horário. Para isso teria que abdicar de um período laboral e isso implica perda de salário que me faz falta para pagar a faculdade.
- Mas eu posso ajudar. Posso pagar a faculdade.
- Pára, Rodolffo. Eu não quero que me sustentes. Já é bom o que fizeste por mim. Agora eu quero fazer o resto. Não quero ser uma que vive à tua custa.
Rodolffo encostou a cabeça no banco do carro e fechou os olhos. Permaneceu assim e em silêncio um bom tempo.
Foi Juliette quem quebrou o silêncio.
- Não é para ficares assim, aborrecido comigo.
Rodolffo abriu os olhos, segurou nas mãos dela e falou:
- Ainda não entendeste como eu gosto de ti?
- Eu sei que gostas. Mas por sermos amigos não tens obrigação de me sustentar. Não quero.
- Eu não quero ser só teu amigo. Eu quero muito mais.
Rodolffo segurou no rosto dela e beijou-a. Juliette não fugiu, mas assim que terminou pediu para a levar de volta.
- Desculpa. Estraguei tudo.
- Rodolffo, conhecemo-nos há dois dias.
- E depois? O que isso impede alguma coisa? Basta os dois quererem.
- Quero voltar por favor.
Rodolffo inverteu o sentido da marcha e carregou no acelerador.
Em silêncio naquela tarde de sol com o vento sobre as cabeças a viagem parecia não ter fim.
Juliette pegou num lenço descartável, limpou as lágrimas e pediu para ele parar o carro.
- O que foi? Estás a passar mal?
- Não. Vou onde quiseres.
- Como assim? Onde quiser.
- Leva-me para onde quiseres.
- Quero fazer amor contigo.
- Vamos. A Juliette trouxa morre hoje. Se amanhã fores embora que se f&da. Hoje eu quero ser amada.
Rodolffo puxou-a para si e beijou-a. Desta vez ela correspondeu e precisaram terminar o beijo para respirar.
Rodolffo pisou o acelerador e o Mercedes voou naquela estrada.