Recebi o telefonema de Teresa e saí correndo com os gémeos. Eles protestavam porque queriam brincar mais.
- Temos que ir crianças. Os manos vão nascer agora.
- Eu posso ver eles a nascer? - perguntou Leonor.
- Eles vão nascer no hospital. Depois o papai leva vocês para verem. Agora vão prometer portar-se bem com a Teresa.
Teresa já havia chamado a ambulância para Juliette. Rodolffo chegou a tempo de a acompanhar.
- Mamãe volta depressa. - diz Alex.
- Não esqueças de trazer os manos. - disse Nônô.
Juliette deu entrada na clínica. A sua médica já a esperava e foi logo encaminhada para a cirurgia.
Rodolffo vestiu o equipamento e entrou também.Não tardou muito e logo Lucas e Ariel chegaram, lindos e saudáveis.
Como se da primeira vez se tratasse, Juliette e Rodolffo choraram ao primeiro contacto com os dois.
Já no quarto, Juliette reclamava a presença dos dois, mas por terem nascido antes de completarem o tempo precisariam ficar na incubadora até liberação do pediatra.
- Descansa, amor. Logo vamos poder ir vê-los.
A enfermeira veio para estimular o peito de Juliette e recolher algum leite para os gémeos. Tal como nos primeiros, ela queria que fosse suficiente.
- É normal agora ainda não ter muito, por isso vamos insistindo.
- Eles vão tomar só isso?
- Temos leite no banco de dadores. Só que é necessário estimular os seus peitos para que produzam, senão logo seca.
Vá massageando de vez em quando. O pai pode ajudar.- Deixe estar, senhora enfermeira. Eu faço sózinha.
A enfermeira sorriu para ela e saiu.
- Ué! Porque eu não posso?
- Massajar-me os peitos, tu? Na seca que estás, vai ficar como?
- Eita, Juliette. Que visão tens de mim. Eu sei-me comportar.
- Estou a brincar. O que achaste dos bébés?
- São a cópia dos outros dois. A Ariel é a cópia do Alex e o Lucas da Leonor.
- É. Os dois pares foram de bolsas diferentes, mas são iguais dois a dois. São gémeos trocados.
Juliette saiu da clínica uma semana depois e os gémeos só ficaram mais uns dias.
Leonor estava eufórica com os manos. Alex um pouco mais retraído, mas ao colo do pai lá se foi aproximando.
- Olha Alex. A Ariel é tão parecida contigo.
- Já posso brincar com ela?
- Ainda não. Não vês que são tão pequeninos. Por agora só podes brincar com a Nônô.
- Mamãe, já podes brincar comigo?
- Posso quando os manos dormirem. Vem cá que a mamãe dá colinho.
Alex correu para o colo de Juliette e Nônô sentou-se no de Rodolffo.
Os bébés dormiam ali ao lado e os quatro tentavam sussurrar para não os acordar.
Juliette olhou para Rodolffo e viu duas lágrimas caírem sobre as faces.
- O papai também precisa de colinho. Calma, a gente dá conta. - disse Juliette.
- Eu sei que sim. Só estou muito feliz.
- O que é feliz, papai? - perguntou Alex.
- É quando a felicidade vai daqui até à lua. A felicidade está aqui no nosso coração.
Juliette olhou para Rodolffo e num sussurro disse-lhe para se preparar para a fase do quê e porquê.
- Estou preparado. Voltava a viver tudo de novo, disse envolvendo os três nos seus braços.
FIM