Sonho adiado

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Rodolffo e Pedro até esqueceram o motivo da reunião.   Agora o tema principal era Juliette.

Ao ver Pedro tecer-lhe tantos elogios, Rodolffo sentiu uma pontada de ciumes.

Já eram cerca das 15 horas.  Rodolffo saiu da sala e veio ver o movimento que àquela hora já tinha diminuído bastante.

- Luis, quando puder liberar a Juliette, nós queremos conversar com ela.  O Paulo dá conta do movimento agora.

- Pois não,  Dr. Lafonte.   Vou liberá-la imediatamente.

Juliette entrou na sala bastante nervosa.

- Senta-te aí connosco.   Vamos conversar.  Onde estás  a morar?

- Na casa da dona Catarina, uma senhora cliente aqui do restaurante.   É viúva, vive sózinha e cedeu-me um quarto.

- Porque não voltaste ao escritório? Lá tinhas o nosso apoio.

- Eu sei.  Não quis, não estava bem e tive vergonha.

- De quê, Juliette?  A tua vida poderia ser tão diferente.

- Eu sei, mas já passou.  Sou feliz agora com o que tenho.

- E o sonho de seres advogada?

- Só está adiado.  Não desisti.

Rodolffo escutava o diálogo deles e observava o quão linda ela era.  Em momento algum interferiu na conversa.  De vez em quando os olhares deles cruzavam-se e ela optava por olhar para baixo.

- Deixas-me espiolhar o assunto da tua casa? Sabes que uma simples assinatura não era suficiente para transferir a propriedade.

- Eu já tive tempo de ter essa consciência mas de momento não tenho posses económicas para intentar uma acção contra ele.

- Precisas de ter consciência de que tens amigos que te ajudam.  É só pedires. - disse Rodolffo.

- Eu já tive muita ajuda tua, Rodolffo.   Nunca vou poder agradecer o suficiente.   Os meus problemas agora eu vou resolver quando puder.

- Mas deixas-me averiguar?

- Sim, Dr. Pedro,  mas não gaste o seu tempo comigo.

- Eu faço questão.   Sabes que o salafrário disse à Lisa que tinhas viajado com outro para o estrangeiro?

- Bem o tipo dele.

- Eu vou ver o que posso fazer.  Rodolffo,  eu preciso ir.  Tenho outra reunião daqui a 20 minutos.

- Vai.  Conversamos outro dia Pedro.

- Adeus Juliette.   Grava aí o teu número. - disse entregando-lhe o telemóvel.

Adeus, Dr. Pedro.

Pedro saiu, mas Juliette manteve-se na sala a pedido de Rodolffo.

- Vai buscar duas bebidas para nós.

- Queres o quê?

- Whisky com gelo.

Juliette regressou com uma garrafa de Whisky e um balde de gelo e uma àgua com gás para ela.

- Conta-me como foram estes 3 meses.

- Muito bons.  Trabalhar aqui fez-me muito bem e conheci pessoas maravilhosas.

- Não me ligaste um dia sequer.

- Tive vergonha.  Já tinha abusado demais da tua bondade.

- Eu teria gostado de falar contigo.

- Porque não ligaste, tu?

- Rsrsrs, pois é.  Porquê?  Nem eu sei.
Janta comigo hoje.

- Hoje trabalho.

- Eu sou o patrão, posso dispensar-te.

- Não quero deixar os meus colegas na mão.  Amanhã é a minha folga, podemos almoçar ou jantar.

- Está bem.  Eu ligo-te.  Gostaste de ver o Pedro?

- Sim.  Sempre foi muito simpático comigo.  Ele e todos do escritório.

- Havia mais solteiros?  No escritório?

- Sim. O Pedro, o Saul e o Jean.

- Eita!  Tanto macho.

- Isso é o quê?  Ciúmes de um passado que eu quero esquecer?

- Desculpa.  Fui mal.

Rodolffo colocou a mão sobre a dela ao que ela respondeu retirando a sua imediatamente.

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