Estive uns dias sem conversar com Rodolffo. Aquela conversa havia-me deixado chateada e não atendi as chamadas e as mensagens dele.
Hoje era o dia marcado para o despejo. Produzi-me linda e maravilhosa para enfrentar o animal.
Estava no meu quarto a terminar de me arranjar quando dona Catarina veio avisar-me da chegada de Rodolffo.
- Diga-lhe para vir aqui, por favor.
Estava sentada na penteadeira. Rodolffo entrou e abraçou-me por trás dando beijos no meu pescoço.
- Desculpa, desculpa, desculpa.
Juliette levantou-se e deu-lhe um beijo. - desta vez passa. Faz mais que logo vês.
- Também! Olha para ti. É difícil não sentir ciúmes. Estás uma gata.
- Podes sentir, o que não podes é ofender.
- Está bom. Falei sem pensar. Não faço mais.
- E tem mais. Se eu quisesse o Pedro tinha querido lá atrás.
- Pronto. Terminou o assunto. Estás preparada para rever o teu ex?
- Preparadíssima. Ainda mais contigo aqui.
Quando chegaram, Pedro e o oficial de justiça já se encontravam no local. Foi necessária a presença de alguns agentes.
Hélio ao ver chegar Juliette gritou de longe pois os polícias não permitiram que se aproximasse.
- Juliette, diz-lhes que me vendeste a casa. Eu e a minha família não temos onde morar.
Juliette assistia sem responder.
Hélio ia trazendo alguns sacos de roupa e alguns objectos de decoração.
- Só a roupa pessoal. Toda o recheio da casa deve permanecer dentro dela.
- Não vou poder levar nada? Nem móveis? Desgraçada, filha da p#ta. Tem muita coisa comprada por mim e pela minha mulher.
- Atente-se nas palavras ou vai daqui para os calabouços. Retire apenas a sua roupa pessoal.
Hélio retirou três sacos de roupa que colocou no carro dele e Juliette entrou em casa para dar uma vista de olhos. Tudo estava diferente do que ela deixou, mas praticamente todos os móveis eram os seus. Apenas um quarto de menina estava a mais.
- Podem trocar as fechaduras. Pedro, contacte a Rosa. Se ela quiser pode mandar buscar as coisas da menina. Tudo o resto vai ser doado para a caridade e a casa posta à venda.
Hélio assistia dentro do carro. Juliette abraçada a Rodolffo passou na frente do mesmo, virou-se e disparou um daqueles foguetes que soltam fitas e papelinhos brilhantes. Fogos de Carnaval.
Sorriu com deboche e seguiu para o carro de Rodolffo.Mais um assunto resolvido na sua vida. Após a venda da casa ela teria razões para não mais lembrar do passado.