Um Poeta Sem Poesia

Em um mundo de versos, um silêncio se destaca,
Um poeta sem poesia, na multidão, desencaixa.
É o mar sem onda, é a noite sem lua,
É o céu sem estrela, é a rua sem rua.

Sua mente, um universo de ideias mudas,
Palavras que flutuam, mas na garganta, seguras.
É o pintor sem cor, é o jardim sem flor,
É o dançarino sem ritmo, é o inverno sem calor.

Nas páginas em branco, o eco de sua voz,
Um grito que se perde, na ausência de todos nós.
É o riso sem alegria, é o olhar sem brilho,
É o abraço sem calor, é o ninho sem passarinho.

Mas na contradição, uma centelha se acende,
No poeta sem poesia, uma esperança se estende.
É a semente no asfalto, é a raiz no cimento,
É a fé no descrente, é o amor no lamento.

Porque até no vazio, a arte pode brotar,
E nas rimas esquecidas, a beleza se encontrar.
É o silêncio que fala, é a pausa que canta,
É o nada que é tudo, é a calma que encanta.

Então, poeta sem versos, não se veja tão só,
Cada suspiro seu é um verso sem dó.
É a vida sem roteiro, é a história sem fim,
É você, é o mundo, é o tudo em mim.