JUNGKOOK
Chegou a hora.
Preciso contar para minha mãe sobre Jimin.
Já estou com tudo pronto para nossa chamada de vídeo agendada.
Arrumei o cabelo para baixo em vez de para trás, e estou com uma camisa de manga comprida da Falling for Alice que recentemente só tenho usado como pijama.
Acho que só fiz isso tudo para mostrar à minha mãe que, embora ela esteja prestes a descobrir algo superpessoal a meu respeito, continuo sendo o mesmo de sempre.
Ainda sou o filho esquisito que ama bandas de pop punk do fundo do coração.
Nada em mim mudou, e é isso que quero deixar claro.
Olho para o bordado que ganhei daquela fã, com a letra de “Fight Back”, a única coisa que guardei de tantos meet & greets.
Meu celular toca.
Merda.
Puta merda.
Estou paralisado.
Assim que atender a ligação, vou ter a conversa.
E, agora, meu estômago parece estar virado ao avesso.
Mas, para ser sincero, sei que é exagero.
Contar que sou bi para minha mãe vai ser tranquilo; ela é extremamente, tipo, extremamente liberal.
E depois de ter me assumido algumas vezes, aprendi que pode ser bom.
O problema é que a parte boa, em geral, só chega toda de uma vez quando a conversa termina.
No momento, a sensação é a de que vai dar tudo errado.
A banda está fora de controle e não há nada que eu possa fazer.
Ter minha mãe ao meu lado sempre foi uma constante, e essa conversa pode mudar isso.
Não deveria, mas as pessoas são assim – às vezes fazem coisas inesperadas.
Além do mais, é possível que ela aceite numa boa pessoas queer, contanto que não seja eu.
Mas, com tudo que está rolando, quero que ela ouça de mim, mesmo sem ter ideia de como ela vai reagir.
Sou bi e tenho um namorado.
Ela precisa saber.
E não é como se eu tivesse vergonha de gostar de garotos ou de estar namorando Jimin.
Só não quero decepcioná-la.
O telefone para de tocar.
Perdi a ligação.
Solto o ar e balanço os ombros.
Já me apresentei na frente de milhares de pessoas e nunca fiquei tão nervoso assim.
Trocaria essa conversa por outro show tranquilamente.
Mesmo se tivesse que me apresentar só de cueca e sem saber nenhuma letra.
Ergo as mãos trêmulas e retorno a chamada de vídeo.
Nunca nos falávamos por vídeo antes da turnê, mas conversar cara a cara é melhor agora que estamos tão distantes.
No primeiro toque ela atende.
Ainda está com o uniforme do trabalho, mas de cabelo solto, cobrindo os ombros com ondas bagunçadas castanho-claras.
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Secrets Among Us - Jikook
FanfictionO problema de realizar sonhos é que, por um breve momento, temos um vislumbre de como a vida poderia ser.