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JUNGKOOK 

Nunca estive tão encrencado com a Chorus antes.

Ou com qualquer pessoa, na verdade.

Dá para ver que a coisa é séria pelo jeito frio e distante com que todo mundo tem tratado nós dois.

Como se também fossem arrumar problemas só de ficar perto da gente.

Começou assim que entramos no ônibus de volta para o hotel, e o climão durou a viagem inteira.

Erin está sendo extremamente cuidadosa com as palavras, enquanto Jin e V não falam nada.

Mas o pior é Jimin, que voltou a me ignorar.

Nem sei direito o que odeio mais: como ele falou comigo no ônibus hoje de manhã, num tom ácido disfarçado de amigável, ou isso.

O silêncio infinito e gelado.

No passado, talvez, arrumar encrenca juntos teria nos aproximado, mas agora ele voltou a fingir que sou invisível.

Estou no banheiro lavando o rosto.

A reunião começa em um minuto.

Ele me chamou de criança.

E tudo o que fez foi confirmar para as entrevistadoras que a tensão entre nós é real.

Se estou com problemas agora, é tudo culpa dele.

Jogo água no rosto.

Ficar chateado não vai ajudar em nada, e não posso mandar mal na reunião.

Jimin está esperando por mim no fim do corredor quando saio do quarto.

Adiantado, é claro.

Porém, o que sinto não é raiva, é uma dor entorpecente.

Como se algo estivesse faltando.

Como se tudo pudesse ser melhor se estivéssemos enfrentando essa situação como amigos.

Quando voltamos para o hotel, Erin deu meia hora para nos arrumarmos para a ligação, e seu tom deixou bem claro que deveríamos parecer no mínimo inocentes.

Então, agora estamos mais com cara de jovens empresários do que de estrelas pop, mas até que combina, já que vamos conversar com o Joo-hun.

Para ele, o pop é apenas um negócio.

E, na verdade, é isso mesmo.

Não acho que ele entenda o que a música é para mim.

A importância na minha vida.

Como é o recurso mais rápido que tenho para sentir qualquer emoção possível, e como é poderosa e necessária.

É muito mais do que uma fonte de dinheiro.

Alcanço Jimin e ele me cumprimenta balançando a cabeça.

Beleza.

O voto de silêncio ainda está valendo.

Bom saber, e a parte boa é que dá para fazer esse joguinho a dois.

Entramos no elevador e subimos os andares em silêncio.

Cruzo os braços e recosto na parede.

Só que o ar está crepitando.

Ele olha para a frente com o maxilar rígido e a expressão vazia.

O garoto perfeito.

Se está nervoso, ou qualquer coisa assim, não demonstra.

Será que ele não se importa com o que pode acontecer?

Secrets Among Us - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora