Secrets Among Us - Jikook

Vinte e Seis

JUNGKOOK 

A ligação termina e não consigo me mexer.

As palavras dele me partem ao meio.

Acabam comigo.

“Eu não consigo mais… continuar desse jeito.”

Sei que ele disse outras coisas, mas essa foi a que ressoou mais alto.

Está praticamente gritando dentro da minha cabeça, sem parar.

Pelo seu tom, parece que já desistiu do nosso relacionamento, chegou à conclusão de que não consigo oferecer isso a ele; o que significa que, daqui para a frente, é ladeira abaixo.

Em breve, ele vai terminar comigo, tudo porque não sei o que quero.

Fico parado, encarando a tela vazia do computador com os olhos cheios de lágrimas.

Não acredito no que acabou de acontecer.

Depois de tudo que rolou com meu pai, eu deveria saber que, se alguém abre a porta para sair, é só uma questão de tempo até ir embora mesmo.

Então, talvez Jimin não tenha dito que vai terminar comigo, pelo menos não agora, mas a porta já está aberta.

Me tranco no banheiro e tiro a camisa.

Cada movimento parece lento e trabalhoso, como se exigisse toda a minha energia.

Preciso de um banho.

Para pensar um pouco, deixar a água limpar tudo e recomeçar do zero.

Abro a torneira e entro. Abaixo a cabeça e deixo a água escorrer pelo meu rosto, desfazendo o penteado perfeito de Jeon JungKook.

Já vai tarde.

Eu nem queria meu cabelo grande desse jeito.

Nunca quis.

Caramba, Jimin tem razão mesmo.

Pensei que estava fazendo a coisa certa, dando meu melhor, vestindo a camisa, mas talvez eu tenha passado dos limites.

Talvez tenha me perdido, e agora tenho que pagar o preço.

As coisas com Jimin estavam maravilhosas, muito maravilhosas.

Sem dúvidas o sonho mais perfeito que jamais ousei sonhar, principalmente depois de tudo que aconteceu entre meus pais.

Ele é destemido e traz à tona o melhor de mim, mas também tem um lado supercarinhoso e é mais determinado do que qualquer pessoa que já conheci.

Ele me inspirou tanto, e eu nunca disse isso a ele.

Também nunca falei que me sinto o cara mais sortudo do mundo por ser seu namorado.

Pelo contrário, eu o decepcionei.

Jogo a cabeça para trás, deixando a água cair no meu rosto.

É uma situação familiar demais.

Min-ji sugeriu que a gente terminasse porque faltava “conexão” e me encorajou a tentar conhecer a mim mesmo.

Pensei que eu já tivesse feito isso, mas pelo visto não, porque olha eu aqui de novo.

As emoções afloram e, de repente, estou chorando.

É um choro feio e intenso; tento ser silencioso, mas não consigo.

Afundo o rosto nas mãos, tentando me controlar, ou ao menos abafar o som para que minha mãe não escute.

A última coisa que quero agora é ter que explicar o que aconteceu, seja para ela ou para qualquer pessoa.