Treze

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JIMIN 

Nossa, que coisa maravilhosa!

Dentre todas as coisas que eu esperava ouvir de Joo-hun nesta ligação, essa estava bem no fim da lista, espremida entre “estamos passando todo o controle criativo da banda para vocês, rapazes” e “decidi me tornar o quinto integrante da Saturday”.

Na cadeira ao meu lado, o rosto de JungKook se ilumina.

Suspeito que ele não tenha uma gota de desconfiança no corpo inteiro.

— Sério? — pergunta ele.

É claro!

Na tela, Joo-hun se recosta na cadeira, e seu rosto largo se expande ainda mais em um sorriso.

Um sorriso perigoso.

O sorriso de quem está vendo o oponente fazer uma jogada fatal no xadrez.

De alguém observando o inimigo assinar o próprio atestado de óbito.

Ou – ou – só estou sendo paranoico por ter crescido numa casa cheia de sorrisos perigosos, e agora é impossível confiar que uma figura de autoridade esteja genuinamente feliz por mim quando, pessoalmente, sinto que estou fazendo algo contra a vontade dela.

Ou uma, ou outra.

Erin está empoleirada na beirada da cama, deixando os dois assentos da mesa pra gente.

Ela levanta os polegares, e o sorriso dela com certeza não parece perigoso.

Talvez eu deva relaxar.

O amor jovial é uma coisa linda, rapazes — continua Joo-hun, dando uma de poeta romântico agora. — Entretanto, sei que não preciso lembrar da importância de vocês manterem uma relação de trabalho profissional, haja o que houver.

Queria que a gente não tivesse usado a palavra “apaixonados”.

A situação toda está intensa demais.

Mas assinto com firmeza, jogando a vergonha para lá.

— Com certeza. A banda vem em primeiro lugar, para nós dois.

Fico muito feliz de ouvir isso. — Lá está o sorriso de novo.

Cruzo os braços sem nem me dar conta, como uma autodefesa do meu corpo.

JungKook ajusta a postura e coloca as mãos nos joelhos.

— Hum, só gostaria de dizer que ainda não estou pronto para… tem muita gente que não sabe. Tipo, meus pais. Podemos contar só pra quem precisa saber por enquanto?

Pela primeira vez, Joo-hun parece sincero.

JungKook, mas é claro. Eu jamais cruzaria um limite desses. Sua vida pessoal pertence só a você.

JungKook parece derreter por dentro e me dá um sorriso aliviado.

Tento retribuir, mas meus lábios estão travados demais.

Então, Joo-hun continua:

Na verdade, acho que você deve respeitar seu tempo. Não é o tipo de coisa que gostaríamos de divulgar neste exato momento mesmo.

— Não? — pergunto, tentando manter a voz leve.

A questão é que tudo isso parece meio que um déjà-vu.

Desde os jornalistas que com certeza sabem que sou gay mas nunca perguntam porque foram instruídos a não perguntar, passando pelas “fontes internas” que estão sempre “vazando” histórias sobre as minhas últimas namoradas, até as dezenas de artigos caricatos que fazem com a gente, nos encorajando a falar sobre a mulher ideal para cada um de nós.

Secrets Among Us - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora