JIMIN
— O que é melhor? — pergunta JungKook, lendo o próprio caderno. — “Seu sorriso conta o segredo que não dá para esconder de mim” ou “seu sorriso me diz que o destino quis assim”?
Estamos deitados lado a lado na minha cama arrumada, apoiados numa montanha de travesseiros de pena de ganso do hotel.
Temos cerca de vinte minutos antes do ensaio de coreografia, mas por mais que a gente tenha implorado para Erin nos deixar explorar um pouquinho a cidade de Colônia, a resposta, como sempre, foi não.
Diz ela que é porque não dá para organizarmos a segurança necessária para um passeio público em tão pouco tempo.
(Quando saímos em público, a Chorus insiste em colocar pelo menos um segurança para cada um, enquanto em entrevistas e ensaios fotográficos em ambientes privados, permitem uma formação mais tranquila. Em parte, eu entendo; mas também me irrito por ser tratado como se eu fosse de porcelana. Na turnê nacional não nos controlavam tanto assim, e olha que V e JungKook ainda tinham dezessete anos durante a maior parte do tempo.)
Então, em vez disso, avisei aos outros que ia ajudar JungKook com suas composições no meu quarto, enquanto esperávamos.
No fundo, torci para que JungKook entendesse que a desculpa era um código pra gente “se pegar até ficar tonto”, mas no fim das contas ele realmente quis minha opinião sobre algumas das suas letras novas.
Por sorte, até ficar deitado ao lado dele na cama é melhor do que qualquer coisa que poderíamos fazer lá fora, então estou numa boa.
Mais que isso, na verdade.
Estou todo bobo de alegria por poder ficar tão perto e saber que ele quer ficar perto de mim também.
Que ele quer ficar sozinho comigo.
Leio as frases anotadas com a caligrafia pequena e limpa de JungKook.
Acima delas, vejo outras que parecem rascunhos descartados, já que quase todas foram rabiscadas.
Consigo enxergar as palavras explosão nuclear, cortina de fumaça e queijo puxadinho embaixo dos rabiscos de tinta.
— Essas me parecem uma boa dupla — digo, me inclinando e passando o dedo pela página para indicar as duas frases legíveis que restaram. — É só editar um pouco pra elas casarem. Além do mais, não sei por que você rabiscou aquela frase ali sobre queijo puxadinho, acho que pode render alguma coisa boa.
Ele dá um tapinha na minha mão e faz cara feia.
O contato mais simples possível, mas o tempo para por um segundo.
Como ele conseguiu o poder de me congelar por inteiro com apenas um toque?
Já me apaixonei antes.
Já namorei.
Mas sempre me senti no controle.
Completamente separado deles.
Eu, um indivíduo, feliz de estar com o cara, com outro indivíduo.
Contente, mas nunca entregue.
Quando JungKook me toca, no entanto, é como se minha pele parasse de ser a barreira que me separa do resto do mundo.
Parece um limite que ele consegue atravessar quando quer, se fundindo a mim e me enchendo com seu fogo, das profundezas do meu peito até a superfície da minha pele.
Como se eu, um indivíduo, ficasse maior, rompesse minhas amarras e transbordasse de algo que é, ao mesmo tempo, indefinido e indispensável.
Tudo isso para dizer que: acho que ele me transformou num romântico incorrigível da porra.
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Secrets Among Us - Jikook
FanfictionO problema de realizar sonhos é que, por um breve momento, temos um vislumbre de como a vida poderia ser.