Vinte e Dois

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JUNGKOOK 

Agora que estou em casa, encarando a porta da minha mãe, fica óbvio que não dá mais.

O climão com ela finalmente chegou a um ponto que não tem mais como ignorar.

A casa dela, que antes era um porto seguro, se tornou um lugar em que, para ser sincero, não quero mais estar.

Estou de saco cheio.

Tenho me esforçado ao máximo para não ficar chateado com a barreira que ela ergueu, porque pensei que só iria piorar as coisas.

Acreditei que seria uma boa dar um tempo para que ela compreendesse minha sexualidade.

Agora, porém, percebo que isso é papo furado.

Pela reação dela, parece até que eu contei que sou um assassino, e não bissexual, e estou morrendo de medo de vê-la.

Preciso dar um jeito nisso.

Destranco a porta e entro em casa.

— Oi — diz minha mãe, desligando a tv.

Ela está com uma camisa larga, calça de moletom e um rabo de cavalo bagunçado.

Nos abraçamos.

É um abraço frio, nós dois mantendo uma distância segura.

— Como foi o voo? — pergunta ela.

— Tranquilo.

— Mesmo? Você parece cansado.

Estremeço.

— Pois é. Vou dar uma dormida.

— Não repara a bagunça — diz minha mãe, pegando um cardigã do sofá para dobrar. Assim como eu, ela consegue deixar tudo uma zona em tempo recorde. — Hoje foi frenético no trabalho.

— Nem está tão bagunçado assim.

— Viu só? Agora sei que você está mentindo.

Acho que ela só está brincando, mas soou grosseiro.

Mordo os lábios.

Ela continua arrumando, como se eu nem estivesse aqui.

Eu até poderia ir para o meu quarto, mas não consigo deixar de lembrar da última vez que vim para casa depois da primeira parte da turnê.

Agora ela está agindo como se eu fosse um fardo.

Uma chateação.

Sei que a vida dela não gira em torno de mim, mas, tipo, é inevitável não pensar que isso tudo é porque saí do armário.

É a maior diferença em que consigo pensar entre o antes e o agora.

Não dá para continuar assim.

Preciso conversar direito com ela.

— Ei, quer um café?

— Ah, quero, por favor.

Ligo a cafeteira.

Comprei para ela no primeiro Natal depois que a Saturday começou a ganhar dinheiro para valer, e nós dois gastávamos muita grana um com o outro.

Naquela época, cada compra grande parecia escandalosa, e ainda é mais ou menos assim.

Ser pobre é o tipo de coisa que nunca sai da gente.

Ainda conto cada won, apesar de não precisar mais me preocupar com isso.

Meu primeiro impulso é sempre pegar a opção mais barata porque é tudo a mesma coisa.

Secrets Among Us - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora