Vinte e Nove

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JIMIN 

— O que passou pela sua cabeça?

Ergo os olhos cansados quando minha mãe me recebe na porta, com o rosto brilhando de tão vermelho.

— Sei lá — respondo honestamente.

A única resposta que tenho é inútil.

Não estava pensando nos termos do nosso contrato, nem em ser processado, ou no que lutar por quem eu sou poderia significar para a banda.

Caso contrário, teria me atido ao roteiro e apenas anunciado meu relacionamento com JungKook.

Mas estraguei tudo.

Destruí a todos.

— Sinto muito — digo.

— Sente muito? Você sente muito? Você subiu naquele palco, na maior inconsequência e…

As palavras dela somem até se tornarem um murmúrio abafado.

Meu olhar a atravessa e encaro a sala de estar enquanto ela grita.

Está vazia.

Meu pai não está aqui.

Mas não é como se ele fosse interferir se estivesse.

Mas, então, quem vai?

Quem vai me defender quando nem meus pais estão dispostos a isso?

Nem minha assessoria.

Ou meus amigos, que não estão aqui.

Arrasto o olhar de volta para minha mãe.

Ela está zombando de mim, jogando os braços para cima enquanto berra tão alto que os vizinhos devem estar escutando.

As palavras começam a ferver.

Então, a represa estoura.

— Chega! — eu urro, saindo do meu torpor. — Já sei, tá? Já sei que fiz uma burrice, mas aconteceu, e aconteceu por um motivo.

— Você subiu no palco e teve a audácia de…

— Não é disso que preciso agora — interrompo. — Preciso de apoio. Não sou idiota, porra. Sei o que aconteceu! A última coisa que preciso agora é te ouvir narrando tudo de novo!

— Adivinha só, Jimin. Nem tudo gira em torno de você…

— Hoje gira — grito por cima dela. — Hoje me assumi para o mundo e estou sendo processado pela minha própria assessoria, então hoje o mundo inteiro gira em torno de mim.

— Assim como o resto da sua vida, né?

Me dou conta de três coisas ao mesmo tempo.

Um: é ótimo dizer o que realmente estou pensando pelo que me parece ser a primeira vez desde que vivo debaixo deste teto.

Dois: gritar com ela não piorou as coisas. Ela nem parece ter notado que revidei. A sala não entrou em chamas. Ela não vai me ferir fisicamente. Ela só continua gritando, como sempre faz. É terrível, mas não é pior do que todas as outras vezes em que não me defendi.

Três: não preciso ficar aqui a ouvindo gritar se eu não quiser.

Então, dou meia-volta em direção à porta.

— Vou dar uma caminhada.

Bato a porta antes que ela possa responder.

Fico sentado no parque por um tempo, observando o sol se pôr lentamente.

Secrets Among Us - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora