JIMIN
— O que passou pela sua cabeça?
Ergo os olhos cansados quando minha mãe me recebe na porta, com o rosto brilhando de tão vermelho.
— Sei lá — respondo honestamente.
A única resposta que tenho é inútil.
Não estava pensando nos termos do nosso contrato, nem em ser processado, ou no que lutar por quem eu sou poderia significar para a banda.
Caso contrário, teria me atido ao roteiro e apenas anunciado meu relacionamento com JungKook.
Mas estraguei tudo.
Destruí a todos.
— Sinto muito — digo.
— Sente muito? Você sente muito? Você subiu naquele palco, na maior inconsequência e…
As palavras dela somem até se tornarem um murmúrio abafado.
Meu olhar a atravessa e encaro a sala de estar enquanto ela grita.
Está vazia.
Meu pai não está aqui.
Mas não é como se ele fosse interferir se estivesse.
Mas, então, quem vai?
Quem vai me defender quando nem meus pais estão dispostos a isso?
Nem minha assessoria.
Ou meus amigos, que não estão aqui.
Arrasto o olhar de volta para minha mãe.
Ela está zombando de mim, jogando os braços para cima enquanto berra tão alto que os vizinhos devem estar escutando.
As palavras começam a ferver.
Então, a represa estoura.
— Chega! — eu urro, saindo do meu torpor. — Já sei, tá? Já sei que fiz uma burrice, mas aconteceu, e aconteceu por um motivo.
— Você subiu no palco e teve a audácia de…
— Não é disso que preciso agora — interrompo. — Preciso de apoio. Não sou idiota, porra. Sei o que aconteceu! A última coisa que preciso agora é te ouvir narrando tudo de novo!
— Adivinha só, Jimin. Nem tudo gira em torno de você…
— Hoje gira — grito por cima dela. — Hoje me assumi para o mundo e estou sendo processado pela minha própria assessoria, então hoje o mundo inteiro gira em torno de mim.
— Assim como o resto da sua vida, né?
Me dou conta de três coisas ao mesmo tempo.
Um: é ótimo dizer o que realmente estou pensando pelo que me parece ser a primeira vez desde que vivo debaixo deste teto.
Dois: gritar com ela não piorou as coisas. Ela nem parece ter notado que revidei. A sala não entrou em chamas. Ela não vai me ferir fisicamente. Ela só continua gritando, como sempre faz. É terrível, mas não é pior do que todas as outras vezes em que não me defendi.
Três: não preciso ficar aqui a ouvindo gritar se eu não quiser.
Então, dou meia-volta em direção à porta.
— Vou dar uma caminhada.
Bato a porta antes que ela possa responder.
Fico sentado no parque por um tempo, observando o sol se pôr lentamente.
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Secrets Among Us - Jikook
FanfictionO problema de realizar sonhos é que, por um breve momento, temos um vislumbre de como a vida poderia ser.