(Arthur)
A primeira coisa que sinto é uma dor no peito esmagadora, como se tivesse uns quinhentos quilos de peso em cima de mim. Tento abrir meus olhos, mas apenas esse pequeno esforço parece requerer uma energia que eu não tenho. Que merda aconteceu comigo?
Tento me lembrar de qualquer coisa que me dê uma dica de onde estou e como vim parar aqui, e a única coisa que me vem à cabeça é estar deitado na cama junto com a minha menina. Ela está aqui comigo? Ela está bem? O desespero me faz usar de mais força para tentar me acordar, mas ainda assim não consigo sair deste estado de sono. Preciso lembrar que merda aconteceu, preciso saber que a minha menina está bem e feliz na sua cama me esperando.
Ainda me forçando a pensar, lembro do meu primo me ligando quase ao amanhecer, eu deixando a Manoela sozinha na cama achando que voltaria rápido. E então... porra! O merda do Santiago armou para nós e quase me matou. Não acredito que fomos traídos por um dos nossos homens mais confiáveis. Não posso acreditar que esse tempo todo ele nos ajudou a caçar quem estava nos roubando só para ser o cabeça por trás de todo o esquema. Caralho, ele era um amigo e confiava nele inteiramente! Não consigo admitir que julguei tão mal o caráter desse fodido. Eu poderia não só ter matado meus primos por ter sido tão burro, como também ter morrido pelo meu erro.
Todo esse esforço para me lembrar e a minha raiva devem ser o bastante para me drenar, porque sinto o sono me carregando novamente. Por mais que eu tente me manter acordado, não consigo superar a força do meu cansaço. Me pego nessa área entre o sono e a realidade por mais algumas vezes, até que finalmente escuto a voz da minha linda menina falando comigo.
- Por favor, amor! Acorda, fala sem parar no meu ouvido e me conta alguma piada suja. Só diz qualquer coisa, não aguento mais o seu silêncio!
Minha Manoela, tão perfeita! Sinto meu rosto formar um sorriso e pela primeira vez consigo abrir meus olhos totalmente. Encaro um teto branco com uma luz fria e escuto o barulho agudo de um aparelho perto de mim. Agora entendo a dor que estou sentindo, devo ter sido operado depois do fodido do Santiago ter tentado me matar.
- Você ama mesmo minhas piadas sujas, amor. - minha voz sai rouca e sinto uma dor horrível na minha garganta, como se tivesse engolido areia.
- ARTHUR! - Manu entra no meu campo de visão quando se coloca em cima de mim para encarar meus olhos, e porra, como é bom rever a minha menina.
- Querida, sentiu a minha falta?
Tento rir, mas só sai um barulho esganiçado da minha boca e novamente a dor me faz encolher um pouco. Tudo dói, meu peito, minha garganta a porra dos meus dedos. Que merda!
- Não é engraçado! - vejo as lágrimas rolarem no rosto dela e isso quebra meu coração - Vou chamar uma enfermeira.
Ela faz menção de sair de perto de mim, mas utilizo da minha última fibra de força para pegar a sua mão e a apertar a fazendo parar. Seu lindo rosto aparece novamente na minha frente e eu sinto meu cenho franzir. Manoela está incrivelmente pálida, seus olhos vermelhos e seu rosto até mesmo mais magro, como se tivesse perdido peso. Quanto tempo eu estou nessa merda? Ninguém cuidou da minha menina para mim?
- O que aconteceu com você, Manu? Por que está desse jeito?
- Sério, Arthur? Não sabe por que estou assim, desesperada? - abro a boca para a interromper mas ela me cala com um beijo suave nos meus lábios antes de se afastar - Não fale tanto, você foi intubado e sua garganta deve estar doendo. Só um segundo, vou chamar a enfermeira.
Não quero que ela saia de perto de mim , nem que seja por um segundo que seja. Tenho essa necessidade em a ter colada em mim, mas engulo meu medo e a libero.
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Meu
RomanceDesde a primeira vez que a viu, Arthur soube que Manoela era a sua escolhida. Depois de anos sendo avisado por seu pai que isso um dia aconteceria, Arthur finalmente conheceu a mulher da vida dele. Só tem um problema, ela é a irmã mais nova de um gr...