Capítulo 22

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(Manoela)

Fecho meu notebook e me levanto da mesa de jantar com um longo suspiro. Desde a nossa volta de São Paulo, como combinado, tenho feito minhas aulas online e mal saído de casa. Arthur tem tentado ficar a maior parte do tempo comigo, mas claro que ele tem a delegacia e os negócios da família dele para cuidar. Quando ele precisa sair, um dos gêmeos me faz companhia, e apesar de adorar os dois, estou começando a ficar louca em ser uma prisioneira dentro da minha própria casa.

Tento não reclamar de estar presa em casa, ou dos inúmeros seguranças tirando nossa liberdade, porque sei que é necessário por enquanto. Quero provar ao Arthur que além de ser sua esposa, sou sua companheira, que posso dividir as coisas boas e ruins do nosso casamento. Conversamos sobre isso diversas vezes, e ainda assim ele tem dificuldade em me tratar como a adulta capaz que eu sou. Então, decidi que atitudes falam muito mais alto do que palavras. Vou tentar mostrar para ele que posso segurar a barra quando for preciso, mesmo tudo isso me afetando mais do que deixo transparecer.

- Quer lanchar? Posso fazer café. - digo entrando na cozinha quando vejo Thomás sentado na ilha, trabalhando no seu notebook.

Ele para o que está fazendo, fecha o notebook e me dá um sorriso amistoso.

- Seu café é horrível, deixa que eu faço. - dou uma risada enquanto ele já levanta e vai em direção a cafeteira - O que está pegando, Manu? Hoje você está especialmente entediada.

- Quando vocês vão pegar esse cara? Não aguento mais ficar em casa! Estou me sentindo claustrofóbica.

- Entendo sua frustração, mas achei que minha companhia seria mais apreciada. Se hoje fosse o dia do meu irmão, ainda entenderia...

- Não seja bobo. - o interrompo sorrindo - Só estou sentindo falta de poder fazer o que quiser, da minha rotina.

Nessa última semana, fiquei realmente próxima dos primos do Arthur. Eles são divertidos e conseguem me deixar mais tranquila. Arthur não deixa de comentar em como somos "amiguinhos" agora, mas isso é só para continuar com o ato de homem possessivo louco dele. Sei que meu marido fica mais calmo sabendo que estou segura e feliz com a presença dos gêmeos aqui em casa, a família dele é tão unida e acho que ele tem gostado de me ver entrosando com todos.

Depois do que aconteceu naquele jantar em São Paulo, minha sogra me liga todos os dias para saber como estou. Júlia tem falado comigo diariamente também, e acho que todos estão envergonhados pela presença daquela mulher. Sinto que especialmente com o Arthur eles estão tentando se redimir de alguma forma. No entanto, meu marido parece não querer segurar isso contra eles. A família dele pode até o deixar louco às vezes, mas sei bem da importância deles em sua vida.

- Suas amigas vão vir hoje? - Thomás tenta perguntar fingindo desinteresse - Elas te animam.

Como não estou podendo sair de casa, as meninas têm vindo com frequência para conversarmos. Até meu irmão tem passado para me checar. Porém, sei muito bem que a curiosidade sobre as minhas amigas não é por estar preocupado com o meu mau humor.

- Saudades da Sara? - tento não rir quando ele olha sério para mim - Engraçado que todos os dias escuto a mesma pergunta, se não é você é o Thiago.

- Deve ser porque você fica um pé no saco quando está chateada, já pensou nisso? - ele serve o café para nós dois e nos sentamos na ilha - Elas vão vir?

Seu olhar está cheio de expectativa, e pelo jeito que a Sara fica ao redor dos dois, alguma coisa está acontecendo ali. Alguma coisa sensual com gêmeos idênticos e lindos. É a cara da Sara não conseguir escolher apenas um.

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