Prólogo

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(Arthur)

A vejo de longe e por alguns segundos acho que estou tendo uma alucinação. Ela tem longos cabelos castanhos que se balanção nas suas costas conforme ela dança, seu vestido azul é justo nos seios e cintura, mas vai se soltando até chegar no meio das cochas. Ela continua dançando com uma outra menina, rodando e rindo tão feliz que eu não consigo deixar de sorrir. É uma cena tão etérea, parece algo saído de um livro de romance e me sinto idiota por pensar nisso, quando foi que eu li um livro de romance?

Quando a música para, ela abraça a menina com quem estava dançando e eu sinto um gosto amargo na boca. Não quero que ninguém a toque, homem ou mulher. O que é loucura porque eu nem mesmo consegui ver essa menina por inteiro ainda, só seu perfil e suas costas. Quem poderia ser ela? Nunca a vi por aqui, poderia tirar um foto quando ela estiver mais visível e buscar no banco de dados da polícia.

Começo a divagar pensando em formas de como descobrir a identidade dessa menina que roubou totalmente minha atenção. E é nesse momento que ela se vira para mim, e tudo para. Eu sinto uma falta de ar e uma sensação de esmagamento no meu peito, parece que tem uma tonelada em cima de mim impedindo que eu respire. Ela continua caminhando para a varanda e por um momento fecha os olhos sentindo a brisa do mar no seu rosto, eu fico ainda mais angustiado, preciso dos seu olhos abertos, preciso que ela me note e sinta pelo menos um por cento do que estou sentindo agora.

Parecendo me escutar, ela abre os olhos e me vê a encarando e para de andar parecendo assustada, eu dou um sorriso porque eu consigo ver que ela também está reagindo a mim como eu reagi a ela. Vejo seu peito subir e descer rapidamente, ela não move um músculo enquanto me encara, e apesar de ainda estarmos longe, consigo quase sentir o cheiro do seu desejo por mim. Como eu sei que ela é minha, ela também já sabe que eu sou dela.

- Nem pense nisso, Arthur.

Me viro para encarar meu amigo Heitor Trentini que me olha com seriedade. Ele se aproxima e segue meu olhar até a menina na varanda, que agora está conversando com uma mulher mais velha mas ainda lança olhares de lado para mim.

- O que você quer dizer?

- O que eu disse. Nem. Pense. Nisso! Ela é minha irmã, tem dezesseis anos e é pura demais para alguém como você.

Isso faz com que passe uma corrente de adrenalina pelo meu corpo, como se tivesse levado um choque. Dezesseis anos? Porra, essa é a irmãzinha que o Heitor sempre fala? Pelo o que ele me falava, eu achava que era uma menininha de maria chiquinha, uma criança. Não essa visão de beleza que me encara agora.

Heitor é um grande amigo, inclusive minha família faz alguns dos nossos negócios lícitos com ele, eu não gostaria de me indispor com ele. A verdade é que a irmãzinha dele é minha, não importa o que ele ache, ela é minha. Mas pelo bem da nossa amizade, e por saber ter paciência para conseguir o que eu quero, eu vou esperar. Ele não precisa saber que ela é minha agora, podemos esperar.

- Você sabe muito bem que eu não sou um mulherengo, Heitor. Só estava olhado para ela, parecia familiar, e agora eu sei que é porque é sua irmã. Pode guardar as armas! - eu digo forçando uma risada leve levantando minhas mãos para o alto em sinal de rendição.

Meu amigo respira profundamente e se senta ao meu lado me entregando uma cerveja.

- Desculpa, cara. Eu sei que você é um celibatário, só sou muito protetor com a minha irmã.

- Está certo, família é importante.

Ele parece satisfeito com minhas respostas e me deixa em paz. Eu volto a encarar a minha menina, ela olha ao mesmo tempo para mim e me dá um meio sorriso. Ela é tão jovem! Porra, eu sou quinze anos mais velho que ela, não é possível que o destino está fazendo isso comigo.

Mas eu vou esperar.
Não importa quanto tempo, Manoela é minha.

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