Epílogo

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(Arthur)

dez anos depois...

- Papai, papai, papai! 

Escuto passinhos correndo pelo corredor e sorrio saindo do meu escritório para ver qual é a comoção da vez. Como pequenos furacões, meus três meninos correm na minha direção, e como sempre, tentam me derrubar. Só para entreter a brincadeira deles, finjo que conseguem e eles amam subir em cima de mim.

- Vocês são muito fortes! O que estão comendo? - meu mais velho se levanta primeiro, puxando seus irmãos com ele - Aposto que começaram a malhar!

Meus monstrinhos começam a gargalhar e eu me levanto do chão rindo. Ainda bem que nunca parei com os meus treinos, porque os moleques estão mesmo ficando cada dia mais fortes. 

Meu mais velho Dom de nove anos, o do meio Liam de sete e o mais novo Gael de quatro me olham com expectativa, e sei que querem alguma coisa. Olho suas carinhas sorridente, e sinto meu coração inchar dentro do meu peito, de tanto amor e orgulho. No fim, eu sempre estive certo. Em todas as vezes que minha menina engravidou, eu acertei que seriam meninos. Manu disse que eu incitava o gênero por sempre acertar, mas não tenho culpa de saber do que estou falando. Amamos nossos meninos mais do que somos capazes de descrever, e eles amam que a mamãe deles é a única menina da casa.

- O que vocês estão armando? - aperto o nariz de cada um deles, rindo das suas caretas e reclamações.

- Mamãe disse que estamos de castigo, mas acho que foi injusto, então queremos que você nos defenda. - Dom fala com toda a convicção, e tenho que segurar meu riso com sua formalidade.

- Entendo. - abro a porta do meu escritório e faço menção para eles entrarem - Por que os senhores não me acompanham e podemos falar de negócios.

Sento na minha cadeira e os três sentam nas cadeiras de frente para a minha mesa, Dom e Liam mais sérios, mas Gael achando tudo incrivelmente engraçado.

- Vocês querem que eu vá contra a minha mulher, então devem ter uma defesa impecável. Já que sabem...

- Que o papai está sempre no time da mamãe! - os três gritam em uníssono me fazendo rir.

- Isso mesmo. O que vocês fizeram?

Eles trocam olhares e parecem indecisos, tenho certeza que estão pensando se contam a versão estendida ou mentem um pouquinho. Como sempre, Dom é o chefe dos três e fala do jeito bonitinho que costuma tirá-lo de qualquer problema. Todos os meus meninos são inteligentes e capazes, mas Dom consegue ser o mais persuasivo. 

- Nós empurramos o amigo do tio Heitor na piscina, - franzo meu cenho, porque não é do feitio dos meus meninos fazerem brincadeiras maldosas - mas só fizemos isso porque ele estava olhando para mamãe de um jeito estranho.

Agora tudo faz mais sentido. Continuo o mesmo filho da puta ciumento que era há dez anos atrás, mas agora tenho três comparsas para me apoiarem. Meus filhos são meus olhos quando estão sozinhos coma mãe, e minha menina nunca esteve mais protegida.

- De que jeito ele estava olhando? - pergunto já sentindo meu temperamento nublar minhas decisões.

Gael se levanta e vem para perto de mim, fazendo a carinha mais engraçada que eu já vi. Ele faz um biquinho e fica levantando as sobrancelhas, como se estivesse imitando a cara que o fodido estava fazendo.

- Assim, papai. - tenho que colocar a mão na frente a minha boca para esconder meu riso.

- E perguntou se ela era separada. - Liam completa de braços cruzados.

Meu humor cessa imediatamente. Já começo a pensar em como vou caçar e enterrar esse cara, quando minha linda esposa entra no meu escritório. Ela sorri quando nos vê em reunião, e apesar de tentar dar um olhar sério para os meninos, apenas ri os dando beijinhos quando chega mais perto. 

Manu passa por eles e se senta no meu colo, me abraçando e beijando meus lábios. Nos afastamos quando os meninos começam a gritar dizendo que somos nojentos, e sinto minha menina rir no meu pescoço.

- Já fui delatada? - ela se vira para dar um olhar cerrado para nossos filhos - Vocês sabem que o que fizeram foi muito feio, ele poderia ter se machucado ou coisa pior!

Rosno no seu pescoço, escutando Dom começar a tentar responder sua mãe. Mudo minha atenção para ele, e com um só olhar meu, ele fecha a boca.

- Posso saber porque a preocupação com esse safado? - mais baixinho, para só ela ouvir, falo na sua orelha - Pelo o que meus filhos falaram, ele bem mereceu!

- Arthur, - ela se afasta rindo e balança a cabeça chocada - nossos filhos jogaram um velhinho de oitenta anos na piscina!

- Oitenta? - olho para meus meninos que dão de ombro.

- Ele ainda perguntou se ela era divorciada. - Liam rebate com um biquinho.

- Meninos, ele só estava brincando não era a sério. - os três continuam querendo discutir, até que minha esposa usa sua voz de comando - Agora vão os três para o quarto escrever uma cartinha pedindo desculpas para o senhor Carlos. O que vocês fizeram foi perigoso e poderia ter machucado alguém.

Eles abaixam a cabeça e concordam saindo do escritório. Não posso deixar de sorrir, meus filhos são como cães de guarda da mãe.

- Mesmo com oitenta, ainda teria dado uma surra nele se tivesse lá com vocês. - cheiro seu cabelo sentindo meu corpo estremecer de desejo - Estou no seu time, mas meus filhos estavam certos.

Sua risada me faz sorrir e me ajeito melhor na cadeira quando ela se vira para mim, se sentando com as pernas em cada lado do meu corpo.

- Nem mesmo pense em falar isso para eles! O coitado do senhor Carlos podia ter se afogado, e o pior é que o Heitor que teve que tirar ele da água. - ele revira os olhos e bufa - Claro que o meu irmão também disse que os meninos estão certos. Vai ser um milagre se eles não virarem uma alcateia de lobos selvagens.

Dou uma gargalhada a apertando mais no meu abraço e encaro seus lindos olhos.

- Senti sua falta, menina linda. - beijo sua boca mordendo seus lábios - Como foi o dia com as meninas?

- Um caos, acho que não podemos mais sair todas juntas. São muitas crianças! - ela dá uma risada e deita sua cabeça no meu ombro - Na próxima vamos só nós três, fazer alguma coisa que fazíamos na nossa adolescência.

- Hum, - beijo seu pescoço até chegar a sua orelha e morder o lóbulo - posso permitir isso, se você me permitir fazer algo que eu fazia na sua adolescência também.

- E o que seria isso? - ela geme com meus beijos.

- Te stalkear. 

Ela dá uma gargalhada me fazendo rir também.

- Claro, meu amor. - ela sobe os olhos nos meus e me dá um sorriso brilhante - Pode me perseguir para sempre.

Sorrindo eu respondo a única palavra que nos define.

- Sempre.

MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora