(Arthur)
Nosso carro é atingido pela direita em cheio por outro veículo, e depois de rodarmos algumas vezes na pista, finalmente paramos quando batemos em uma árvore. Desesperado, olho para Manoela e vejo que o lado dela pegou todo o impacto da batida, sua cabeça pende para o meu lado mostrando seu estado adormecido. Tiro o cinto dela e toco seu rosto, tentando ter alguma reação da minha menina, mas para o meu pavor, ela não os abre.
- Manoela, meu amor, vamos sair daqui. - ainda sem nenhuma reação dela, sinto meu coração pulando no meu peito.
Vendo como sua porta está toda contorcida abro a minha, e pegando minha esposa no colo, a puxo para sairmos pelo meu lado. Estou completamente em modo pânico. Apesar de saber que o certo seria deixá-la no carro até o socorro chegar, meu medo de quem quer que tenha causado esse acidente volte, me faz querer apenas fugir o mais rápido possível dessa situação. Só consigo pensar em tirar a Manoela do perigo, de levá-la para um lugar seguro.
Paro com minha mulher nos meus braços e olho ao redor da estrada, vendo que alguns carros pararam para ver o que aconteceu, e no entanto não há sinal do veículo que nos atingiu. Com tantas testemunhas, ninguém voltaria para acabar o que começou, seria muito arriscado. Um dos motoristas sai do seu carro e grita que já chamou ajuda, e eu nem mesmo respondo, apenas abaixo minha esposa desacordada na grama do acostamento e começo a verificar seus sinais vitais.
Minhas mãos tremem enquanto toco seu pescoço e peito, sentindo seus batimentos e sua respiração. Minha linda menina foi duramente atingida na batida e vê-la assim, tão machucada, tão frágil, está me corroendo por dentro. Passo meus olhos aflitos pelo seu corpo, vendo como seu lado direito foi machucado. Pelo estado do seu braço, tenho certeza que fraturou algum osso e seu rosto tem uma grande quantidade de sangue descendo pelo topo de sua cabeça.
- Não, não, não, não, não. - repito a palavra sem parar sob minha respiração pesada.
Levanto suas pálpebras superiores e, com dificuldade, retiro meu celular do bolso da calça para ligar a lanterna. Minhas mãos tremem tanto, que é difícil direcionar o aparelho, mas quando a luz forte bate em suas pupilas, as duas se contraem rapidamente. Sem dano neurológico, ela está com os batimentos fortes, sua respiração está estável. Começo a pontuar tudo como se fizesse uma lista mental para confirmar que ela vai ficar bem. Minha doce esposa vai ficar bem. Ela tem que ficar.
- Cadê a merda dessa ambulância? - grito para ninguém em particular enquanto continuo encarando intensamente o rosto desacordado da minha mulher - Pelo amor de Deus, minha esposa precisa de ajuda!
- Eles já estão vindo, filho. - um homem mais velho chega perto de mim e fala com uma voz tranquila - Calma, provavelmente ela só cortou a cabeça e por isso tem tanto sangue. Vi a reação da pupila dela por cima do seu ombro, ela está responsiva então provavelmente o sangue só está jorrando assim porque a cabeça é uma região muito vascularizada.
- Você é médico? Ela vai ficar bem? - minha voz sai esganiçada e posso sentir lágrimas descerem pelo meu rosto.
- Sou psiquiatra, mas ainda me lembro bem das aulas de anatomia. - ele coloca uma mão no meu ombro e aperta - A ambulância chegou, se afaste um pouco para os socorristas fazerem o trabalho deles.
Pela primeira vez tiro meus olhos da Manu e, voltando minha atenção para a estrada, vejo que sirenes se aproximam. Olho para o homem ao meu lado e ele me dá um sorriso gentil, mas eu nem mesmo consigo reconhecer sua presença. Apenas me movo para o lado da minha esposa e espero os socorristas se aproximarem.
Tudo é um borrão do momento que começam a checá-la até colocarem seu corpo desacordado na ambulância. Vou sentado ao lado dela, segurando sua mão delicada na minha e nunca tirando meus olhos do seu rosto. Tento até mesmo evitar piscar, porque acho que posso perder o momento que ela desperte. Repito um único mantra na minha cabeça, acorda, acorda, acorda. Não consigo respirar sem ela aqui comigo.
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Meu
RomanceDesde a primeira vez que a viu, Arthur soube que Manoela era a sua escolhida. Depois de anos sendo avisado por seu pai que isso um dia aconteceria, Arthur finalmente conheceu a mulher da vida dele. Só tem um problema, ela é a irmã mais nova de um gr...