CAPÍTULO 11

7.9K 1K 137
                                    

ISABELLA MILLER

Já percorri todos os corredores do pet shop, olhando cada item. Acabei pegando um pouco de tudo, pois não sabia exatamente o que um filhote de gato precisa. Mesmo com um dos funcionários nos acompanhando e explicando o que era necessário, quis garantir que não faltasse nada.

Estava empolgada demais para prestar atenção. Peguei uma coleira verde, potinhos para ração e água na mesma cor, e uma cama para ele dormir. Isaac sugeriu que fosse preto para disfarçar os pelos pretos do gatinho. Concordei, pois fazia sentido, embora eu quisesse muito pegar o verde néon.

— Essa ração é a melhor para os filhotes... — O funcionário estava conversando com Isaac sobre as opções de ração enquanto eu olhava as pelúcias e brinquedos.

Escolhi uma pelúcia de sapinho e outra de pato, e voltei ao carrinho, que já estava cheio de coisas.

— Você acha que sachê pode ajudar na alimentação? — Perguntei, olhando para o lado, observando Isaac.

— Claro, ajuda sim. — Respondeu o funcionário.

— Então pode colocar na compra também. — Isaac estava bem focado no que o bichano iria comer.

— Pronto? — Perguntei, olhando para o funcionário que colocava alguns sachês de sabores diferentes no carrinho.

— Acho que é só isso. — Aceno e o funcionário faz o mesmo, levando o carrinho até o caixa.

— Me espera lá fora, vai ser rápido aqui. — Balanço a cabeça confirmando e caminho para a porta do pet shop.

Alguns minutos se passaram e vejo Isaac sair pela porta com duas sacolas cheias.

— Vamos?

— Sim. — Respondo, seguindo os passos de Isaac.

— Depois me fala quanto ficou a conta para eu te passar o valor.

— Isabella, pensa em cuidar só do gato.

— Mas tenho que ajudar nas despesas, afinal, fui eu que inventei de trazê-lo com a gente.

— Mas eu aceitei também. Só esquece dessa parte. — Ele suspira alto. — Você acha que a Darcy vai aceitar o gato numa boa? — Diz, olhando para o gato que ainda não tinha nome.

— Eu não sei, mas acredito que ela não vá achar ruim. Nunca falamos em ter um animal de estimação. — Ele acena e ajeita as sacolas nas mãos.

— Não estão pesadas? Quer que eu ajude? — Pergunto, passando o gatinho para o outro braço, deixando o braço direito livre. O pequeno felino continua aconchegado, sem se incomodar com o movimento.

— Não, está tranquilo. Só segure o gato direito e já está ótimo. — Responde, enquanto meus lábios formam um bico.

— Precisamos dar um nome para ele. Não podemos chamá-lo de gato para o resto da vida.

— Concordo. Tem alguma sugestão?

— Que tal, Floco? — Isaac faz uma careta.

— Não, que horrível. Prefiro Tom! — Ergo uma sobrancelha.

— Muito comum, e horrível!

— Não é horrível, é um nome bonito.

Estamos quase chegando ao nosso prédio, mais alguns minutos de caminhada e já estaremos lá.

— Mas é comum. Vamos, temos que dar um nome para ele antes de chegarmos em casa. — Isaac suspira do meu lado e parece pensar em outra possibilidade de nome.

— Simba?

— Não.

— Chico?

— Não.

— Banguela? — Paro por um instante e olho para o gato já vislumbrando a minha frente.

— Você está brincando? Gostou mesmo do nome Banguela? — Ele balança as sacolas em frustração.

— Eu gostei. Ele tem o pelo preto e os olhos grandes, parece muito com o Banguela do filme. — Volto a caminhar com um sorriso no rosto.

Temos um nome para o novo morador da casa.

— Ele não parece o Banguela do filme.

— Parece sim. O nome dele vai ser esse e ponto final.

— Se você diz. — Nem percebi que já estamos na frente do prédio. Abro a porta da portaria para Isaac, já que ele não conseguia mexer com as mãos ocupadas.

Assim que ele entra, faço o mesmo. Subimos a escadinha da portaria e pegamos o elevador. Aperto o botão de número quatro e as portas do elevador se fecham.

Quando as portas se abrem novamente, Isaac já está seguindo em frente enquanto eu vasculho minha bolsa procurando as chaves.

— Te achei! — Caminho em direção à nossa porta e a abro.

— Finalmente em casa. — Isaac coloca as sacolas no chão perto do sofá e se encaminha para a cozinha.

— Prontinho, coisinha fofa. — Coloco o gato no chão e fecho a porta. — Me ajuda a colocar as coisinhas dele no lugar?

— Ajudo, só vou tomar um banho antes.

— Certo, te espero aqui na sala.

*

Acordei sobressaltada ao ouvir um grito vindo da sala.

Meu Deus, Banguela!

Ontem à noite, eu e Isaac organizamos as coisas do Banguela, colocando os potinhos de ração e água perto da cozinha e a cama próxima ao corredor. O gatinho não pareceu se incomodar nem um pouco com o novo ambiente.

Isaac achou melhor que ele se acostumasse primeiro com a sala e a cozinha antes de explorar os outros cômodos.

Abro a porta rapidamente e me encaminho com certa velocidade para a sala, onde encontro Darcy com a bolinha de pelos no colo.

Isaac parecia ter sido surpreendido também, já que estava ofegante, com as mãos na cintura, e sua expressão sonolenta entregava que ele tinha levantado abruptamente.

— De quem é?

— Nosso. — Aponto para Isaac e depois para mim.

— Onde encontraram?

— Em um beco, perto do restaurante. — Isaac responde, ainda tentando recuperar o fôlego após o susto.

Darcy acaricia o pequeno gato, examinando-o atentamente.

— Gostou? Porque ele vai morar com a gente! — Anuncio com entusiasmo.

•••

Olhares Amargos Onde histórias criam vida. Descubra agora