Olhares Amargos

CAPÍTULO 31

ISABELLA MILLER

— Isabella, pelo amor de Deus, respira. — Ele aperta minha mão com mais força. — Você vai morrer se não começar a respirar agora.

Nossos olhares se encontram, e vejo a angústia estampada no rosto dele.

— Não acho essa ideia tão ruim. — Tento aliviar a tensão com uma risada abafada. — Seu pai vai me odiar.

Com esforço, começo a respirar fundo, sentindo o ar finalmente encher meus pulmões.

Estávamos em frente à casa do pai de Isaac, e minhas pernas pareciam fraquejar enquanto minha respiração se tornava irregular. No carro, eu estava tranquila, quase calma, mas assim que coloquei os pés diante da casa, senti minhas forças se esvaindo.

Quando Isaac me disse que seu pai queria me conhecer, quase tive um surto. Para ser sincera, eu estava nervosa, apavorada, e sentindo todas as emoções possíveis.

Eu não sei, estava me sentindo esquisita. Não queria ser odiada pelo pai de Isaac.

A única coisa que me deixou mais tranquila foi saber que os gêmeos e a Lily estariam na casa também, para passarmos o final de semana todos juntos.

Bom, se o pai de Isaac não gostasse de mim, pelo menos eu teria três pessoas que gostam de mim.

— Para de falar bobagem, meu pai não tem motivo para odiar você. — Tiro o foco do chão e olho para Isaac, que balança a cabeça, tentando me tranquilizar.

— Tenho vários defeitos. — Ele revira os olhos.

— E são esses defeitos que te fazem única. — Gosto quando ele tenta me tranquilizar de todas as formas, porque eu realmente precisava ser tranquilizada naquele momento.

Ele olha para a campainha e depois para mim, aguardando minha aprovação. Balanço a cabeça confirmando, e ele leva a mão à campainha.

Ouço o som ecoar dentro da casa e logo depois vários passos apressados se aproximam da porta.

A porta se abre, revelando a imagem da Lily e dos gêmeos, que logo aparecem no nosso campo de visão.

— Tia Isabella! — Liz e Noah passam pela mãe e se agarram à minha cintura.

— Nossa, fui trocado muito facilmente. — Isaac resmunga, e Lily solta uma risada alta.

— Não esquecemos de você, tio Isaac. — Os dois se soltam de mim para pular nos braços do tio.

Me viro para olhar para Lily, que sorri e abre os braços. Caminho para abraçá-la.

— Fico feliz que você tenha vindo. Pensei que iria desistir. — Eu ia responder, mas Isaac, com sua ótima audição, se adianta.

— Ela quase desistiu. — Ele aparece do meu lado com os gêmeos, e eu me solto de Lily para dar um leve peteleco em seu braço.

— Que mentira. — Reviro os olhos, e ele solta uma risadinha.

— Mentira, né? — Balanço a cabeça, confirmando.

— Vamos entrar, meu pai está na sala esperando vocês. — Lily diz, e, por esse breve momento na porta, eu quase tinha esquecido do senhor James.

Os gêmeos entram primeiro, e Isaac entrelaça nossas mãos. Caminhamos para dentro, e só então posso perceber como a casa é bonita, não apenas por fora, mas por dentro também.

A casa é grande, com um enorme jardim na frente. Por fora, já é linda, mas por dentro, é perfeita, com móveis impecavelmente cuidados e flores espalhadas por toda parte.