ISABELLA MILLER
Poderia dizer que a noite foi péssima e que não consegui pregar o olho, mas o que aconteceu foi totalmente o contrário.
Não me senti desconfortável dividindo a cama com Isaac; pelo contrário, parecia algo natural para nós. E pelo jeito como ele estava tranquilo, parecia que ele também não se sentia desconfortável.
Bom, nesse exato momento, estou acordada há uns bons dez minutos, sem saber exatamente o que fazer. As mãos de Isaac estavam na minha cintura, e meu corpo estava colado ao dele.
Sua respiração era calma, e, por mais estranho que pareça, com nossos corpos tão próximos, eu conseguia até sentir seus batimentos cardíacos.
Acordei com o sol invadindo o quarto através da enorme janela de vidro. Quando percebi que as mãos de Isaac estavam na minha cintura e que estávamos próximos demais, meu primeiro impulso foi querer fingir que estava morta. Não faço ideia de quando isso aconteceu, até porque não me lembro de nada parecido durante a noite. Estava exausta, afinal, brinquei com os gêmeos como se fosse uma criança cheia de energia.
Às vezes, gostar de dormir pode ser um problema, porque qualquer lugar minimamente confortável se transforma em um convite para um sono profundo.
Isaac se remexe um pouco na cama, e instintivamente, seguro a respiração por alguns segundos.
— Você vai ficar fingindo que está dormindo até quando? — Ele sussurra no meu ouvido, e naquele exato momento, meu corpo congela.
Como ele sabia que eu já estava acordada? Não fiz barulho nem me mexi.
Respiro fundo e me viro para ficar cara a cara com ele. Suas mãos permanecem firmes na minha cintura, como se pertencessem ali.
— Como sabia que eu estava acordada? — Pergunto, enquanto ele sorri, tirando sua mão esquerda da minha cintura e acariciando meu rosto.
— Sua respiração fica mais agitada quando está acordada.
— Você ficou me observando dormir? — Estreito os olhos, desconfiada.
— Talvez... — Ele ri ao ver a expressão no meu rosto. — Você se mexe bastante. Uma hora está virada para um lado, e depois de alguns minutos, já mudou de posição.
Eu queria dizer que era mentira, mas tinha certeza de que realmente fazia isso.
— Que maravilha, agora vai ficar julgando meu sono? — Brinco, enquanto ele se aproxima ainda mais.
Ele estava muito perto! Perto demais! Eu conseguia sentir sua respiração quente batendo no meu rosto.
— Óbvio que não, mas foi um fato curioso que descobri. — Ele ri, acariciando meu rosto mais uma vez, o toque suave e aconchegante.
Eu estava prestes a responder à sua ousadia, mas, de repente, ouvi passos no corredor e o som da maçaneta girando. O pânico tomou conta de mim, e, sem pensar duas vezes, empurrei Isaac com os pés.
Isaac solta um gemido de dor ao cair no chão, mas antes que eu possa me desculpar, Liz e Noah entram correndo no quarto, pulando na cama com a maior animação.
— Bom dia, tia Isabella! Bom dia, tio Isaac! — Eles gritam, sem perceber o que acabou de acontecer.
— Bom dia... — Isaac responde com a voz um pouco abafada, tentando se levantar sem sucesso. Eu me esforço para não rir, mas é impossível.
— Bom dia. — Digo, me arrastando para a ponta da cama e olhando para Isaac no chão.
— Por que o tio Isaac está no chão? — pergunta um dos gêmeos.
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Olhares Amargos
RomanceA vida de Isabella Miller é um autêntico turbilhão: cursa direito por influência dos pais e divide o apartamento com uma amiga. No entanto, sua rotina se torna ainda mais agitada quando se depara com um desconhecido no sofá de casa. Isaac Williams...