CAPÍTULO 29

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ISAAC WILLIAMS

Passaram-se apenas dois dias desde o que aconteceu no parque, e durante todo esse tempo, não consegui tirar os acontecimentos da cabeça. Cada momento, cada palavra trocada, voltava à minha mente com uma clareza impressionante, como se estivesse revivendo tudo repetidamente.

Era evidente que algo havia mudado entre Isabella e eu. A maneira como nos olhávamos, como nossas conversas fluíam, tudo parecia diferente, mais profundo. Não precisava refletir muito para perceber que nossa relação havia se transformado de uma forma que eu ainda estava tentando compreender completamente.

Nesses dois dias, parecia que tudo estava fora de controle — ou talvez não, eu realmente não sabia. Minhas emoções estavam à flor da pele. Antes do beijo, já sentia que Isabella mexia comigo de uma forma diferente, algo que nunca havia experimentado antes. Meu subconsciente estava enviando sinais claros de que o que eu sentia por ela era muito mais do que o simples fingimento de um namoro falso.

Depois do beijo que trocamos no parque, durante aquele passeio com os gêmeos, tudo mudou completamente. Ficar um minuto sequer sem pensar na Isabella tornou-se uma tarefa impossível. Eu não conseguia tirar da cabeça o beijo, o sorriso dela, suas risadas contagiantes. E o jeito que ela olha para a arte, como se fosse o próprio mundo dela — e, de fato, é. Essas lembranças e sentimentos tomavam conta de mim, e nada parecia ser mais importante.

Não é difícil se encantar com a Isabella. Ela é verdadeiramente única, com uma combinação rara de perfeição, beleza, talento e um brilho que a torna deslumbrante em todos os aspectos. Cada vez que olho para ela, fico impressionado com a forma como ela ilumina o ambiente com sua presença. Seu sorriso, sua maneira de se expressar, e até mesmo a forma como se dedica às suas paixões fazem dela alguém extraordinário. Ela não é apenas especial para mim; ela é incomparável, e eu gostaria de tê-la só para mim.

Eu sentia ciúmes da Isabella, e isso era óbvio para todos ao meu redor. Não havia mais como esconder esse sentimento de ninguém. As pessoas ao meu redor percebiam claramente, e eu mesmo já reconhecia isso. Eu não tentava disfarçar, na verdade, não conseguia. O ciúmes estava estampado no meu rosto e em minhas ações, e não havia como negar que a presença de Isabella despertava esse sentimento em mim.

No começo do nosso acordo, eu realmente enxergava apenas as vantagens. A ideia de um namoro falso parecia a solução perfeita para lidar com a situação com meu pai; ele eventualmente veria que estava tomando minhas próprias decisões e acabaria devolvendo meu dinheiro. Mas, para ser honesto, quem eu estava tentando enganar? Nas primeiras semanas desse namoro falso, meu foco mudou completamente. O dinheiro deixou de ser uma preocupação. O que eu realmente queria era passar mais tempo com a Isabella. Eu ansiava por momentos a sós com ela, queria conhecer mais sobre sua vida, suas preferências, seus medos e seus sonhos além da arte. Eu desejava descobrir cada pequeno detalhe que a tornava única. Isabella era fascinante, e quanto mais eu a conhecia, mais eu me via encantado por ela. O namoro falso rapidamente se transformou em algo muito mais significativo e verdadeiro para mim.

Isabella significava muito para mim, e eu nem havia percebido isso até o dia em que o desespero tomou conta de mim ao vê-la triste e cabisbaixa. Foi então que percebi o quanto ela era importante para mim.

Volto à realidade quando ouço passos vindo do corredor e logo imagino que é ela se aproximando para tomar café da manhã.

Ela passa pelo batente do corredor aparecendo na cozinha tropeçando nos próprios pés.

— Bom dia. — Digo ao vê-la ainda com os olhos meio fechados. Ela ri, sem muito ânimo.

— Bom dia para quem? Não consegui dormir nada, e a culpa é sua. — Ela se senta no banquinho e olha para a comida que está sobre o balcão.

Olhares AmargosOnde histórias criam vida. Descubra agora