Prólogo

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Havia uma mulher que andava pelo parque à tarde acompanhada por mariposas pretas, não eram cinco, eram dezenas. Dezenas de mariposas sombrias a seguiam por onde quer que ela fosse, diziam que a mulher era o anjo da morte. Ela tinha olhos que pareciam enxergar a alma, eram tão claros e cinzentos que davam medo olhá-la; muitos diziam que seu olhar cinza transmitia a morte. Todas as crianças do parque, quando sentiam sua presença, saíam correndo; até mesmo eu tinha medo dela. Um dia, não tive a sorte de conseguir correr do parque, acabei tropeçando na areia, arranhei o joelho, tentei me levantar e novamente caí. Então, senti uma mão no meu ombro e, quando ergui o queixo para ver quem era, vi o anjo da morte ao meu lado. Suas mãos enrugadas se estenderam para mim, meu coração palpitava com sua presença, meus olhos focaram no seu rosto cheio de expressões da dureza da velhice, os cabelos brancos logo escorregaram pelo ombro, um vestido preto se apoderava do seu corpo.

Ela realmente poderia ser mesmo o anjo da morte. Meus olhos se arregalaram e eu me esquivei para trás, mas o anjo da morte segurou o meu ombro, me fazendo parar. Ela ia colocar suas mariposas e levar a minha alma. Fechei os olhos com força, com medo. Sua mão tocou a minha bochecha, o que fez com que eu a olhasse. O calor da sua mão não parecia nada com a mão da morte, não era fria nem gélida. Um sorriso se acendeu em seu rosto enrugado. Sua outra mão limpou a sujeira de terra do meu joelho.

- Não precisa ter medo - disse. A voz era rouca e velha, e me causava arrepios. As mariposas ao seu redor vieram até mim, mas não me encolhi quando uma mariposa preta parou no meu ombro. Ela era linda, enquanto as outras ficavam voando em uma dança incerta. Um pequeno sorriso acendeu em meu rosto. Eu não estava com medo, eu estava encantada, como se aquela mulher tivesse me enfeitiçado.

- Os anjos da morte - sussurrei. Escutei ela rir.

- Quer saber de uma coisa sobre as mariposas pretas, garotinha? - perguntou ela.

Desviei o olhar das mariposas dançantes e encontrei o seu, assentindo.

- Onde as mariposas pousam, significa a morte - a última palavra ela deu um sorrisinho, eu estremeci. Descobriria que talvez, esse tempo todo, as mariposas que estavam em meu braço só queriam me dar um aviso do que estava por vir, de que a morte logo chegaria para minha vida.

Nota da autora:

Essa obra pode apresentar assuntos sensíveis como:
— drogas lícitas e ilícitas;
— conteúdo sexual;
— morte, etc...
Faixa etária acima de + 18 anos.
Caso se sinta desconfortável com os temas abordados, recomendo que pare a leitura e priorize sua saúde mental.


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