Capítulo 27

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"Exponha sua alma para mim
Aqui estou eu para você."
In Silence - Janet Suhh

Levei Emma até o meu quarto e a deitei na cama. Queria tanto saber o que tinha acontecido, porque estava evidente para mim que ela tinha levado uma surra. Assim que a coloquei na cama, notei manchas roxas na sua barriga quando a blusa subiu e o jeito que ela se agarrava ao corpo. 

Quem seria capaz de fazer mal a Emma?

Percebi que estava mais distante da sua vida naquele momento. Eu não sabia muitas coisas sobre ela desde que mudei para essa casa e mal nos víamos. 

— Quem fez isso com você? — eu queria saber, enquanto meus dedos afastavam a franja da sua testa, que estava suada. 

Ela ergueu o olhar para mim, tão cheio de sentimentos que me senti afligido. 

— Não pergunte, tá? Eu não quero falar sobre isso agora. 

Minhas sobrancelhas se uniram em descrença. 

Como não perguntaria? Eu estava preocupada, caramba! 

— Emma, eu preciso saber o que aconteceu — insisti. 

Soltou um suspiro exagerado. 

— Eu não sei por onde começaria. 

A olhei seriamente.

— Pelo o começo. 

— Não hoje. 

Ela estava resignada; mesmo se a pressionasse, sabia que não me responderia. 

— Tudo bem, eu vou esperar. É melhor te levar para o hospital, você está ardendo em febre. 

— Não, eu vi ficar bem — murmurou, durona como sempre. 

Respirei fundo.

— Eu vou trazer alguma coisa para a dor — falei.

Ela acenou levemente e eu saí do quarto. Precisava falar com Nicolau; não podia abrigar uma pessoa na casa dele sem a autorização do mesmo. O encontrei na sala, sozinho. 

— Eu preciso conversar com o senhor — Toda vez que o chamava assim, ele me corrigia, dizendo que eu devia chamá-lo de vô, mas era difícil usar essa palavra com ele. Não conseguia vê-lo como o meu avô. 

— Sim? Algum problema? — indagou, os olhos ávidos em mim.

— E que a minha amiga me ligou e eu a encontrei muito mal. Ela não pôde ir para casa, então eu a trouxe. Eu sei que eu deveria ter falado antes, mas será que ela poderia passar alguns dias até poder voltar para casa? Eu juro que ela não vai dar trabalho nenhum e que será só por pouco tempo. 

Nicole alisou a barba branca, pensativo, e então disse: 

— Tudo bem, se é sua amiga, deixarei ficar por alguns dias. 

Não consegui conter um sorriso que saiu dos meus lábios. 

— Obrigada — agradeci. 

Ele assentiu. 

— E a garota está bem? 

Não sabia se eu devia dizer o que aconteceu, mas fiz que sim. Depois de pegar um comprimido para dor e água, voltei para o quarto. 

Uma mensagem chegou no meu celular: 

Aaron: Desculpa por ter sido um babaca hoje. 

Ignorei, guardando o celular no bolso. A única pessoa com quem eu tinha que me preocupar no momento era Emma.

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