Capítulo 25

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"Você escolheu dançar com o diabo e teve sorte
A água está ficando mais fria, me deixe entrar no seu oceano e nadar."

Swim - Chase Atlantic

Não sabia como fui capaz de adormecer na cama de Aaron no quarto dele. Já era bem tarde da noite quando acordei involuntariamente. Aaron estava deitado de barriga para cima, inquieto na cama, embora seus olhos estivessem fechados. A respiração estava irregular e ele dizia coisas sem sentido, percebendo que estava se esforçando para puxar o ar.

Ele estava tendo um pesadelo, e o terror invadiu-me ao ver o quanto ele estava se contorcendo na cama.

Minhas mãos, quase como se tivessem vida própria, pousaram em seu rosto enquanto tentei chamar o seu nome para que acordasse.

- Aaron? - sussurrei.

Ele não acordou; ao invés disso, continuou com sua inquietação, enquanto seu corpo se debatia.
Já estava aflita.

- Acorda - falei mais firme, então balancei seu ombro de leve.

De repente, aqueles pares de olhos safiras se abriram assustados e ele parou de se movimentar. Sua respiração estava audível, e senti meu coração se apertar ao vê-lo assim tão vulnerável.

- Ei, só foi um pesadelo - disse, gentilmente tocando seu rosto com suavidade.

Pouco a pouco, ele pareceu voltar a si; seus olhos se fixaram nos meus. Ainda assim, não podia esconder o medo evidente ali.

- Maddy, você ainda está aqui? - Sua voz saiu um pouco rouca, e a mão se pousou contra a minha, como se quisesse ter certeza de que sou real.

- Sim, você estava tendo um pesadelo - ele assentiu.

A sua respiração estava voltando ao normal; mesmo assim, procurei no cômodo sua bombinha de ar, encontrei-a em uma gaveta e entreguei a ele, que fez que não, como um teimoso que era.

- Eu não preciso.

- Tem certeza? - Deu para sentir o desespero em minha voz.

- Me conte qualquer coisa, só pra eu não lembrar do pesadelo - havia um tom de súplica em sua voz.

Seja lá o que sonhou, o atormentou. Notei que já estava sóbrio, não mais bêbado. Acenei com a cabeça e cheguei mais perto dele, levantei sua cabeça delicadamente e a deixei repousar em meu colo. Passei os dedos sobre os fios pretos. Aaron fechou os olhos por um instante, soltando um suspiro cansado.

- O que você quer conversar?

- Me fale sobre o que você queria ser quando criança, qualquer coisa sobre você eu quero saber.

Sobre mim? Não tinha coisas interessantes, não disse pra ele, no entanto.

- Acho que não era lá muito inovadora quando criança. Eu sempre quis ser bailarina - seus olhos se abriram, direcionados diretamente para mim, e um canto da sua boca se esticou em um meio sorriso.

- Nem outro desejo de criança?

Pensei por um momento, enquanto continuava a brincar com os fios de seu cabelo.

- Ah, sim, tive a minha fase de rebeldia com três anos, quando queria ser uma princesa, mas no fim sempre quis ser bailarina.

Soltou uma risada baixa.

- Parece bem você mesmo.

Talvez eu fosse muito previsível.

- Mas e você? O que queria ser quando criança? - devolvo a pergunta.

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