“Assim como uma mariposa é atraída pela chama
Oh, você me seduziu, eu não conseguia sentir a dor
Seu coração amargo e frio ao toque.”Shawn Mendes - Stitches
O ballet era lindo, mas o que as pessoas não sabiam é o quanto isso sugava de nós, o preço para alcançar a mais magnífica perfeição. Você tinha que forçar seu corpo até o limite para ter um bom resultado, todo o seu trabalho nele, no corpo, no seu peso, na forma como se movimenta. Um passo errado e isso pode ser o fim da sua carreira. Desde pequena, eu sempre soube o que queria ser e sabia o quanto de mim eu teria que dar para ter oportunidades que pessoas que não eram da elite inglesa conseguiam ter com menos esforço. Meus pés doíam de tanto praticar depois que cheguei da academia e fui direto para o Studio da minha mãe, parei somente para jantar e depois voltei. Esse era o grande preço da perfeição: quebre os seus ossos e restaure-os de novo, faça isso quantas vezes for necessário, mas chegue à perfeição. As palavras da professora Lisette de hoje permaneceram na minha cabeça como uma mosca irritante. No entanto, ela estava certa, o preço era alto a se pagar e ninguém está disposto a falhar.
Alonguei as pernas mais uma vez, soltando um suspiro de cansaço. Um besouro voou no meu braço, minhas mãos estavam prontas para tirar, percebi que não era um besouro e sim uma mariposa preta. Ela saiu do meu braço e pousou na parede, então saiu pela porta. Senti uma grande necessidade de segui-la.
Passei pela porta e andei pelo jardim do fundo, passando pela piscina. A mariposa estava me levando mais para o fundo, um quarto enorme no fundo da casa ao redor de árvores estava acesa, o que era estranho, já que todos deviam estar dormindo àquela hora. Meu lado curioso foi mais forte, segui a mariposa que parou no alto da parede. A porta do quarto era de vidro e estava entreaberta, iluminada por luzes. Pela pequena abertura, consegui ver quem estava lá dentro. Aaron estava somente com uma calça moletom, sem camisa, atrás de uma mesa esculpindo uma escultura, tão concentrado que não percebeu minha presença.
Como ele podia ficar sem camisa no frio daquele? Talvez sua pele fosse igual a de um urso, seria uma explicação mais lógica. Isso não o impediu de encarar o seu corpo e a tatuagem que abrigava abaixo do seu peito esquerdo, parecia uma mariposa negra pintada em sua pele. Eu tinha que sair dali antes que me notasse, mas quando me virei para ir, pisei em um galho e seu rosto se ergueu me pegando em flagrante, surpresa estampada nele e depois confusão.
— Maddy? — indagou.
— Oi? — falei nervosa.
Ele deu a volta na mesa, deixando as coisas na mesa, e caminhou na minha direção, eu endireitei o meu corpo.
— Olha, eu não estava te espiando, só que eu estava andando no jardim e vi essa luz acesa, achei estranho — expliquei.
Não queria mais um irmão falando comigo da mesma forma que Apollo, o jeito que ele me expulsou do quarto dele me deixou envergonhada e humilhada, ele nem me deu a chance de explicar, foi um verdadeiro idiota. Estar nessa casa era como pisar em ovos.
— Tem certeza de que não estava? — ironizou com um sorriso estampado no rosto.
— Eu não me importaria, na verdade, mas não precisa espiar, pode simplesmente bater na porta.
— Eu não estava te espiando — quase alterei a voz, uma risada escapou de seus lábios.
— Só estou brincando, relaxa. Você fica uma graça quando está nervosa — meu rosto corou, desviei o olhar.
— Entra — chamou.
Ergui a cabeça surpresa, ele fez um gesto com a mão impaciente. Abri a porta um pouco mais e então entrei, fechando a porta atrás de mim.
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Onde Pousam As Mariposas
RomanceQuando o mundo de Madison vira do avesso com a morte de seus pais, ela faz todo o possível para cuidar de seu irmão, o único que lhe resta. Mesmo sendo difícil, pois tem apenas dezenove anos, ela enfrenta as dificuldades da vida adulta e a responsab...