Capítulo 22

236 19 2
                                    

Aaron Russel

"Prometo manter meu oxigênio agora
Este mundo é grande, vai me matar se eu não der um jeito
Acho que estou perdido novamente."

chase atlantic - i think i'm lost again

A minha cabeça estava doendo de tanto pó que cheirei ontem. Luto para me manter atento enquanto a professora Katrina andava pela sala em círculo ao redor dos alunos, com um caderno na mão, parecendo mais uma terapeuta do que, de fato, uma professora de artes. Todo mundo estava focado no trabalho de fim de semestre, do qual ainda faltava muito tempo. Porém, precisamos nos empenhar para terminá-los e que fossem aceitos por um museu, um tipo de apresentação artística. Só que tinha um problema: a professora tinha que aprovar nossos trabalhos antes do fim do semestre para que isso acontecesse. E digamos que eu não estava lá muito motivado a fazer nada. Ultimamente, a única coisa que ela fazia era reclamar que as minhas esculturas faltavam isso, faltavam aquilo, que eu tinha no início, quando comecei, seja lá o que isso significava. Só sabia que ela pegava muito no meu pé mais do que os outros.
Ainda faltava muito para o meu fica ficar pronto, assim como o de todo mundo. Apesar de termos tempo, isso não era um trabalho fácil e, com argila, o processo era lento e muito perfeccionista. E, bom, eu era perfeccionista até demais quando se tratava de escultura.

Eu me encontrava modelando a argila, ao redor dos olhos da escultura que iria para o museu, precisava de mais detalhes (claro, se a professora aprovasse).

- Todos dispensados, trabalharemos mais amanhã - ela disse assim que a aula acabou.

Os alunos saíram, mas Katrina mandou eu esperar.

- Tô achando você muito desligado, eu não gostei de como está a sua escultura.

E aí estava.

- Por que? Eu fiz do jeito que mandou, ainda estou fazendo o possível para ela ficar perfeita.

Ela balançou a cabeça.

- Arte não se trata de perfeição, e sim de sentimento. É a nossa forma de expressar, e você tem que procurar algo que faça isso se infiltrar em você.

Franzi as sobrancelhas em confusão. Sim, eu sabia que não tinha aquela coisa de antes, mas e isso?

- Como assim?

- Procure algo que te deixe apaixonado, que faça isso se expressar nas suas artes e não apenas perfeição, sem sentimento algum.

Fiz uma pequena carranca.

- Você está dizendo que não vai aceitar a escultura em que estou trabalhando há meses pra ser apresentada no museu?

Ela me deu um meio sorriso reconfortante, mas não me senti nada reconfortado.

- Essa aí não vai; você terá que fazer outra, e dessa vez faça do jeito certo.

- Eu coloquei toda a minha inspiração naquela porra de escultura e agora você quer que eu faça outra? Isso é impossível, Katrina.

Totalmente, todo o trabalho que eu teria de novo só me daria mais dor de cabeça.

- Bom, Aaron, é o melhor que posso fazer. Se quiser ter nota para passar no semestre, você sabe que esse trabalho é muito importante; se não, corre o risco de reprovar.

Eu saí da sala um tanto irritado. Que porra de sentimentos eu tenho que colocar nessas esculturas? Me fez perder meu tempo pra no fim não servir pra nada.

Caminho para fora da academia, indo para o campo encontrar Hunter e os outros.

- O que ela queria conversar com você? - Hunter pergunta.

Onde Pousam As Mariposas Onde histórias criam vida. Descubra agora