Capítulo 18

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                          Aaron Russel

"Eu amo ver ela dançar
Quando as luzes se se vão, sua emoção aparece."
Dancer in the dark — chase atlantic

Eu não entendia o porquê de não conseguir deixar Maddy em paz, e não entendi menos ainda quando os seus pés o levaram até ela de novo em um ciclo vicioso. Aquele era o estúdio onde a mãe de Maddy praticava balé. Já ouvi inúmeras vezes como aquele lugar na casa era especial, mas para o avô mais do que para qualquer um. Vovô tinha cuidado para que tudo não desmoronasse, nem mesmo quando nossa avó queria fazer daqui um lugar de yoga. O grande senhor Nicolau parecia realmente se importar com alguém, como se sentisse culpado por não conseguir salvar a filha adotiva do acidente que tiveram. Quando ele trouxe Maddy e Matheo para morar aqui, não pensei que as coisas mudariam tanto. Estava falando mais de mim, que não conseguia não olhar para ela como se ela fosse um sol, um anjo enviado para essa casa para redimir os nossos pecados. E por isso a chamo assim, porque se parecia tanto com um. Tudo no estúdio estava intacto, igual anos atrás, exceto por Maddy estar lá dançando como uma pena se movimentando, girando.

Eu nunca me interessei por dança como naquele momento; nunca ninguém chamou minha atenção como ela, com sua graciosidade. Maddy era como uma estátua de cristal: você tem medo de tocar e acaba deixando cair e quebrar. Você não pode quebrar alguém como ela, tão pura

Fiquei ali perto da porta, como um espião, depois que Maddy se afastou de mim. Depois do que disse na piscina sobre não me consertar, uma parte de mim sentiu-se culpada por ter sido grosseiro com ela em minhas palavras. Normalmente, não ligo de mandar todo mundo se foder quando algo não me agrada, mas com ela é diferente; ela é como um cristal. Mesmo assim, tenho que mantê-la afastada de mim. Não sou algo que vale a pena; só não consegui lutar contra os meus desejos de querer tê-la perto e depois afastá-la, uma luta interna dentro de mim, corroendo os meus ossos. Realmente, não sabia o que fazer.

Observei o majestoso jeito que ela se movia, fazendo com que o pijama, um short e uma camiseta que ia até as coxas grudassem sobre seu corpo de um jeito sensual. De repente, não me importei se ela me veria ali; na verdade, torcia que sim. Sem conseguir me conter, aproximei-me, entrei e, em um movimento, segurei seus dedos delicados no ar e a fiz girar, pegando-a de surpresa, que quase caiu. Mas eu a equilibrei, segurando sua cintura. Seu corpo estava literalmente jogado contra o meu, trazendo uma sensação que eu conhecia muito bem. Os olhos de Maddy estavam arregalados e sua respiração, entrecortada. 

— Mas que diabos… — resmungou e se afastou rapidamente de mim, tentando esconder o rubor no rosto. 
Colocando uma mecha do cabelo cacheado para trás, perguntou de um jeito um tanto rude: — O que faz aqui?

Eu mordi os lábios e, sorrindo, comecei a andar pelo estúdio despreocupadamente, passando a mão sobre alguns livros em uma mesa, como se estivesse tirando poeira. Então, um deles chamou a minha atenção e puxou-me para dar uma olhada. 

— Nossa, isso é jeito de tratar um admirador? Eu só estava olhando; você não apareceu no meu estúdio — dei de ombros, respondendo à sua pergunta. O que era verdade, já tinha me acostumado com a garota lá; era divertido fazer escultura com ela, e Maddy é dedicada. Em parte, não sabia se a falta dela era porque Maddy era difícil de conquistar, embora, para mim, parecesse além disso. Gostava mesmo de estar perto dela, e ela não me fazia sentir entediado. Não era igual às outras garotas, com quem tinha que me esforçar tanto para ter um pouco delas. Maddy era transparente demais, ingênua, e carregava algo dentro de si que me fazia sentir vulnerável em sua presença. 

— Você é bipolar ou o quê? Uma hora você me afasta de você e, na outra, age como se nada tivesse acontecido.

Olhei para ela, captando aqueles olhos inocentes e magoados, e a vi cruzar os braços como se quisesse se proteger de mim. 

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